Pular para o conteúdo principal

Comentário de setembro: Educação de faz-de-conta























     Em Abril, neste blog, com o título: "O que podemos fazer?" comentei sobre o baixo índice de leitura do brasileiro. 
     Na ocasião falei que o preço do livro não era o responsável, pelo menos não o principal. Creditei à baixissima qualidade da alfabetização.
     De lá para cá, só tenho defendido a minha tese. Para tal até me dou como exemplo: se alguém me der um livro em inglês. Pode ser fininho e de vocabulário simples, o que vai acontecer? Por curiosidade vou tentar ler. Depois de ultrapassar 30 palavras e ou expressões vou parar, sem nunca mais retomar a leitura. Por que? Resposta fácil: não sei falar inglês. Simples assim.
     É o que ocorre com número exorbitante de crianças e jovens: não sabem ler   nada ou leem tão mal que não conseguem compreender e aí, lá se vai o interesse pela leitura.  Campanhas, governamentais ou não, de doação de livros são unicamente dinheiro jogados no lixo. O que é necessário e, mais que isso, urgentíssimo, é alfabetizar.
     E nesse quesito alfabetizar, entra outra questão: fazer isso com seriedade.      Independente do método usado, que seja seriamente, que as crianças consigam de verdade juntar as letras, os sons com exatidão, daí o passo seguinte, o outro e o outro... Mais objetivamente: cuidar do basicão. Para que num futuro, não muito distante, ninguém mais encontre professores escrevendo a palavra "beleza" com o "Z" invertido (espelhado) ou falando, "enterter" no lugar de entreter-se.
     Acabo de ver, em matéria especial do Jornal do Commércio (Recife) edição de 14/09/08 - aberta a não assinantes, números e mapas vergonhosos e inquietadores a esse respeito. 
     Paulo Freire e Cristovan Buarque cada um a seu tempo demonstraram preocupação. Mas, quem vai, agora, fazer disso uma bandeira? Quem? Carece seriedade e determinação. E é para ontem.
Regina

Comentários

  1. Regina, muito bem colocada essa falta de alfabetização maçiça que está acabando com nosso País. Infelizmente, é a mais pura realidade. Aliás, estamos amargando há anos os últimos lugares nos rankings mundiais de aferição de conhecimento, do ciclo básico ao universitário.
    N este Páis se desperdiça tudo, inclusive o potencial humano.

    ResponderExcluir
  2. Principalmente, o potencial o humano.
    Obrigada por sua participação, Aguardamos suas próximas intervenções.
    Regina

    ResponderExcluir

Postar um comentário

comentários ofensivos/ vocabulário de baixo calão/ propagandas não são aprovados.

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Aprenda a Chamar a Polícia, Luis Fernando Veríssimo

          Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.                   Como minha casa era muito segura, com  grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente. Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.            Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: - Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guard