acende uma ideia dentro,
como se o pensamento
sentisse primeiro
e só depois o corpo
concordasse.
O mar segura a luz
na linha do horizonte,
como quem demora
num segredo.
E ele surge,
solto do abraço das águas,
e tudo muda de tom
sem fazer alarde.
A luz não manda,
não empurra,
não disputa.
Ela vem baixa,
molhada,
misturada de sal e ouro,
e o mundo vai ficando
possível.
O azul não some:
amacia.
O vento não corta:
afaga.
O calor não queima:
aquece.
E o peito,
que às vezes pesa,
ganha espaço,
como quem abre
uma janela
por dentro.
Não se pede prova.
Não se tem pressa.
Numa alquimia quieta:
pensamento vira calma,
calma vira gesto,
gesto vira presença.
O brilho muda de formato.
Uma nova hora.
Um novo tempo.
O seu momento.
Nasce do mar
e, por alguns minutos,
é como se a vida dissesse,
sem falar:
aqui.
agora.
de novo.
Não grita,
não disputa,
não performa.
Apenas revela
o que sempre esteve ali.

Comentários
Postar um comentário
comentários ofensivos/ vocabulário de baixo calão/ propagandas não são aprovados.