Eu adoro a expressão “quem é você na fila do pão?” porque acho que ela é incomum aqui onde eu moro. Sempre acho engraçado quando as meninas do podcast Mamilos falam essa frase para pedir que os convidados se apresentassem. Se um dia alguém me perguntar “quem é você na fila do pão” quero muito responder “ninguém”. Por quê? E porque diabos eu estou falando sobre isso? Porque eu quero conversar sobre como nosso senso de identidade é confuso. E sobre como, talvez, estejamos montando esse senso com base nas ideias erradas.
Tudo tem a ver com a quarentena. Estou fazendo uma mini série de posts chamada “como conversar com você mesmo”. São ideias sobre como podemos ficar mais em paz durante o isolamento. No primeiro texto, falamos sobre nossa dificuldade de olhar para dentro. Agora, quero bater um papo sobre porque achamos que nós estamos lá fora.
Opa! “Estamos lá fora” metaforicamente, não é? Todo mundo já pra dentro!
O que eu quis dizer é que a vida externa nos dá rótulos e parece que construímos nossa ideia de “eu” em cima deles. Somos “diretora da empresa tal e tal”, “ganhadora do prêmio seiquelá”, “finalista da competição de nãoseioque”. Tudo isso é muito maravilhoso (quer dizer, deve ser, você fodões aí que me digam) mas não podemos nos apegar demais porque, como acabamos de perceber, tudo isso é efêmero. Com a quarentena, tudo isso sumiu de uma hora para a outra. Estamos todos trancados em casa. Temos todos os mesmos receios, não queremos ficar doentes, não queremos que ninguém que a gente ama fique doente. Não somos mais diretoras, vencedoras, e etcs. Somos só nós mesmas, com pensamentos infinitos nas nossas cabeças.
Leia mais em Como Conversar Com Seres Humanos
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