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Postagens

M.P.B Poesia, Alceu Valença

P da Paixão (LP Leque Moleque - 1987) O P da paixão Provoca o poema E o P do poema É um parto, é um parto São poucas pegadas Nas pedras do porto E um poema torto Persegue teus passos O P do passado Provoca o presente É o P do presente Que importa, que importa São poucas palavras Que batem no peito No fundo da alma Na porta da porta

Nascida em 3 de maio: Nélida Piñon

Nélida Piñon termina novo livro, protesta contra a censura e diz que o espírito e a unidade do país podem se perder A escritora Nélida Piñon teme que o Brasil perca a sua essência nos conflitos que vive atualmente e manda um recado ao poder: “É preciso que Brasília entenda, o Estado brasileiro, a Presidência entendam que o Brasil já avançou muito na sua história para retroceder.” A reação vem contra o ambiente de censura que reaparece e que ela conhece bem. Diz que é uma “audácia” censurar Machado de Assis. “É tentar arrancar o Brasil do seu próprio mapa.” Certa vez, Nélida foi a Brasília levar pessoalmente o recado contra a censura. Foi em 25 de janeiro de 1977 e o destinatário era o então ministro da Justiça Armando Falcão. Foi o “manifesto dos mil”, com 1.047 assinaturas, escrito por várias mãos, inclusive as dela, depois de um encontro de escritores no ano anterior. O movimento foi articulado para ser um ato forte contra o que estava impedindo a publicação de inúmeros livros....

Conversas de Táxi,Boris Fausto

Rio de Janeiro. Estou num táxi rumo ao Santos Dumont.      - Oito, três, meia.      - Oito, três, meia?      É, olha a placa do ônibus.      Olhei, era o final da placa. Diante da minha incompreensão, o taxista explica:      - Jogo faz dez anos no 836, e nada. O Anísio é que fica cada vez mais rico.      Pontuo com uma obviedade:      - O bicho é bom para o bicheiro, não é bom para quem joga. A mega-sena é quase a mesma coisa, só que quem ganha é o Governo.      A observação incômoda passa em branco.      Ainda por cima, o Anísio tem um triplex de cobertura aqui na avenida Atlântica, de frente para o mar. Eu ajudei a comprar. Já, já eu lhe mostro.      - Bom, você deve ter ajudado com meio tijolo, quando muito.      - Pode ser, mas ajudei.      Eu, moralizando:     ...

Soneto de Maio, Vinicius de Moraes

Suavemente Maio se insinua Por entre os véus de Abril, o mês cruel E lava o ar de anil, alegra a rua Alumbra os astros e aproxima o céu. Até a lua, a casta e branca lua Esquecido o pudor, baixa o dossel E em seu leito de plumas fica nua A destilar seu luminoso mel. Raia a aurora tão tímida e tão frágil Que através do seu corpo transparente Dir-se-ia poder-se ver o rosto Carregado de inveja e de presságio Dos irmãos Junho e Julho, friamente Preparando as catástrofes de Agosto... Fonte: site Vinicius de Moraes Imagem: doodle do Google para o centenário de V.M em 2013

Para Fechar o Mês de Abril, Regina Porto

     Encerrando o mês de abril, deixo aqui minhas descobertas, sugestões e recomendações, vamos lá?          Por Que É Tão Dificil Ficar Com Você Mesmo , da jornalista Suzana Valença foi a postagem que mais gostei de fazer. Agora recolhidos em casa vamos ter de olhar melhor e mais seriamente pra nós mesmos. Isso pode ser rico ou assustador.  Pense a respeito ...      Recomendo a leitura   e sugiro o blog Como Conversar Com Seres Humanos , que eu achei bem interessante.         Também adorei conhecer uma autora nova indicada por uma amiga de grupo de leitura.  Está la na postagem do dia 3: Um Pedaço de Nós , de Natascha Duarte, vale conferir.      Assisti a 2 séries completamente diferentes que me agradaram muito: A Vida E A História de Madam.C.J. Walker com a brilhante atriz Octavia Spencer   e  Anne with E com Amybeth McNulty, ambas na Netf...

Nascido em 17 de abril: Carlos Pena Filho.

A Palavra Navegador de bruma e de incerteza, Humilde me convoco e visto audácia E te procuro em mares de silêncio Onde, precisa e límpida, resides. Frágil, sempre me perco, pois retenho Em minhas mãos desconcertados rumos E vagos instrumentos de procura Que, de longínquos, pouco me auxiliam. Por ver que és claridade e superfície, Desprendo-me do ouro do meu sangue E da ferrugem simples dos meus ossos, E te aguardo com loucos estandartes Coloridos por festas e batalhas. Aí, reúno a argúcia dos meus dedos E a precisão astuta dos meus olhos E fabrico estas rosas de alumínio Que, por serem metal, negam-se flores Mas, por não serem rosas, são mais belas Por conta do artifício que as inventa. Às vezes permaneces insolúvel Além da chuva que reveste o tempo E que alimenta o musgo das paredes Onde, serena e lúcida, te inscreves. Inútil procurar-te neste instante, Pois muito mais que um peixe és arredia Em cardumes escapas pelos dedos Deixando apenas uma promessa leve De que a ...

Por Que É Tão Difícil Ficar Com Você Mesmo? , Suzana Valença

Um dia eu estava tão chateada que não queria nem levantar. Acordei e, da cama mesmo, comecei a trocar mensagens com a minha amiga Bruna Cruz sobre a situação que estava me deixando estressada. Comentando sobre as pessoas ao meu redor naquela ocasião, Bruna me disse algo que voltou a fazer muito sentido agora que estamos todos em isolamento. Ela falou, “amiga, algumas pessoas não conseguem ficar consigo mesmas”. Não é verdade? Naquele dia, eu estava triste sobre algumas pessoas, aparentemente, não terem interesse em passar tempo comigo. O que minha amiga lembrou é que, muitas vezes, as dificuldades são internas, não externas. Nós não sabemos ficar com nós mesmos. Não temos paciência. Não conseguimos nos ouvir, nos entender, nos tolerar. Antes da minha amiga, outra pessoa muito inteligente transmitiu  a mesma ideia com outras palavras .  “A infelicidade de um homem começa com a incapacidade de estar a sós, consigo mesmo, num quarto” , cravou o matemático e filósofo fra...