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Mostrando postagens de abril, 2023

Letra Para Um Hino, Manuel Alegre

É possível falar sem um nó na garganta É possível amar sem que venham proibir É possível correr sem que seja fugir. Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta. É possível andar sem olhar para o chão é possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros se te apetece dizer não grita comigo: não. É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor. É possível o pão. É possível viver de pé. Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre livre livre.

Cadeira 8 da ABL

 A  Academia Brasileira de Letras (ABL), com inspiração na correspondente francesa foi criada em 1901 e tem 40 membros, os imortais. Este blog tem algumas postagens referentes à instituição: Um Pouco da ABL , P rimeiro evento de 2011 na ABL,   ABL nos morros e quarteis,   Gilberto Gil e Fernanda Montenegro na Academia .   Por isso, hoje vou me referir apenas à cadeira número 8. Hoje houve a eleição para sua ocupação e o vencedor foi  Ricardo Cavaliere.   Torci por Maurício de Sousa, mas os acadêmicos por unanimidade (35 x 2) elegeram o filósofo e professor Ricardo Cavaliere.  Ele é autor  de:  Fonologia e Morfologia na Gramática Científica Brasileira  e  Pontos Essenciais em Fonética e Fonologia,  ele já havia concorrido a uma vaga na ABL em 2021, quando José Paulo Cavalcanti foi eleito. O novo acadêmico, cuja posse ainda está sem data, ocupará a cadeira 8, cuja história segue abaixo. Vamos a ela:  Patrono : Cláudio Manuel da Costa (Mariana 5/8/1729  -  Ouro Preto 4/7/1789) foi um dos

Ritmo, Mário Quintana ( poema infantil)

  Na porta a varredeira varre o ciscovarre o cisco varre o cisco Na pia a menininha escova os dentes escova os dentes escova os dentes No arroio a lavadeira bate roupa bate roupa bate roupa até que enfim se desenrola a corda toda e o mundo gira imóvel como um pião! Em: Pé de Poesia, Global Editora 2006, pág. 17 Imagens por mim fotografadas do livro são de: Orlando.

Consolo Na Praia, Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores. A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis carro, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te, de vez, nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho. Ouça aqui o poema com Maria Betânia

Recompensa, Sidónio Muralha

Voou por engano uma flor. Não sei se voou um ano, mas seja como for voou uma vez duas, três uma flor. Entrou na escola e descansou na sacola preta preta do menino branco que estava no banco e lhe chamou borboleta. E a borboleta para agradecer abriu a sacola e ajudou o menino a fazer os exercícios da escola. Em: Pé de Poesia, Global Editora, 2006, págs.58-59 Imagens: Cláudia Scatamacchia (com edição do blog)

Filho de Ouro, Inez Cabral

Dei sorte na vida. Apesar das dificuldades para sobreviver, da pobreza, do medo do tráfico, maus tratos das patroas, e outras mazelas, Deus me deu um filho de ouro. Ele fez muitas bobagens na vida, mas quando amadureceu, virou um homem de bem. Trabalhou na PM, chegou a sargento, acabou exonerado. Nunca entendi por quê, nem ele explicou. Arrumou logo outro serviço, virou segurança. Ganha mais. Agradeço todos os dias pela sorte que tenho. A única coisa de que não gosto, é que nesse emprego, ele tem que andar armado. Nunca vou entender por que homem gosta tanto de arma. Ele diz que é pra proteção. Já é homem adulto, sabe melhor do que eu o que é bom. Estou que não me aguento de felicidade. No meu aniversário, sem que eu esperasse, me deu uma chave de presente. ─Que é isso, meu filho? ─Um presente. Arrumei para a senhora. Se for esperar pela casa prometida pelo governo, vai morrer esperando. Essa é a chave de um apartamento. É da senhora. Não precisa levar nada, está mobiliada, tem

80 anos: O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry

  O Pequeno Príncipe   é uma obra literária do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, que conta a  história da amizade entre um homem frustrado por ninguém compreender os seus desenhos, com um principezinho que habita um asteroide no espaço. O título original é  Le Petit Prince , e o livro foi publicado pela primeira vez em 1943, nos Estados Unidos. Esta obra é marcada pelo seu alto teor filosófico e poético, mesmo sendo considerada a princípio uma literatura para crianças. O Pequeno Príncipe  é o terceiro livro mais traduzido do mundo, contabilizando aproximadamente mais de 160 idiomas, e um dos mais vendidos por todo o planeta. O clássico ganhou diversas adaptações, seja no cinema ou em espetáculos teatrais e musicais. Resumo do Livro  O Pequeno Príncipe O autor do livro é o personagem principal da história, que assume também o papel de narrador, contando sobre o fatídico dia em que o seu avião teria caído no meio do deserto do Saara. Lá, o personagem principal adormece e, ao aco

Perguntas Para Quem Gosta de Livros ( do Facebook)

Se você também é amante da literatura e quiser completar com suas próprias respostas. 1. LIVRO QUE NUNCA LI, MAS AINDA HEI DE: - Os Versos Satânicos, Salman Rushdie 2: LIVRO QUE NÃO SINTO VONTADE DE LER: - Ulisses, Joyce 3: LIVRO QUE LI VÁRIAS VEZES: - nenhum 4: ÚLTIMO LIVRO QUE LI: - Um Grão de Trigo, Ngugi Wa Thiongo 5: TODO MUNDO GOSTA DESSE LIVRO, MENOS EU: 6: UM CLÁSSICO QUE VOCÊ RECOMENDA: - qualquer livro de Érico Veríssimo 7: UMA BIOGRAFIA QUE VOCÊ RECOMENDA: - 8: UM BEST SELLER: - O Amor Nos Tempos do Cólera, García Marques 9: O LIVRO FAVORITO DA SUA INFÂNCIA: - Dom Quixote 10: O LIVRO FAVORITO DA SUA ADOLESCÊNCIA: - Capitães de Areia, Jorge Amado 11. O LIVRO QUE GANHOU UMA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA À ALTURA: - 12. O MELHOR LIVRO DE CONTOS: - contos de Kolimá, Varlam Chalámov 13. O MELHOR LIVRO DE CRÔNICAS: - qualquer um de Rubem Braga 14. UM LIVRO EMOCIONANTE: - O Olho da Rua, Eliane Brum 15. O MELHOR ROMANCE QUE JÁ LEU NA VIDA: - 16. UM LIVRO IMPRESCINDÍVEL: -

Comecei a Ler: O Povoado, William Faulkner

 Capítulo 1 -  Primeira página Frenchman's Bend era uma área de terra de rios de leito fértil entendendo-se a trinta quilômetros ao sudoeste de Jefferson. Montanhosa remota, definida mas ainda assim sem fronteiras, encravada entre dois condados, a nenhum deles pertencendo, fora  original e lugar de uma formidável plantação antes da Guerra Civil, cujas ruínas - a estrutura destroçada de uma imensa casa com seus estábulos e alojamentos de escravos tombados, jardins, terraços de tijolos e esplanadas cobertas de mato - ainda eram conhecidas como a casa de Velho Francês, embora os limites originais agora só existissem em velhos e amarelos registros no tribunal de condado de Jefferson, e até mesmo alguns dos antigos campos férteis há  muito tinham de novo se convertido na selva de cana e ciprestes da qual seu primeiro senhor os fizer surgir.      Ele possivelmente fora um estrangeiro, não necessariamente francês, pois para o povo que chegara depois dele e quase liquidara todos os sinais

Canção Para Van Gogh, Cecília Meireles

Os azuis estão cantando No coração das turquesas: Formam lagos delicados, Campo lírico, horizonte, Sonhando onde quer que estejas. E os amarelos estendem Frouxos tapetes de outono, Cortinados de ouro e enxofre, Luz de girassóis e dálias Para a curva do teu sono. Tudo está preso em suspiros, Protegendo o teu descanso. E os encarnados e os verdes E os pardacentos e os negros Desejam secar-te o pranto. Ó vastas flores torcidas, Revoltos clarões do vento, Voz do mundo em campos e águas, De tão longe cavalgando As perspectivas do tempo! No reino ardente das cores, Dormem tuas mãos caídas. Luz e sombra estão cantando Para os olhos que fechaste Sobre as horas agressivas. E é tão belo ser cantado, Muito acima deste mundo… E é tão doce estar dormindo! É preciso dormir tanto! (É preciso dormir muito…) ( Amsterdã, 5 de novembro de 1951) Fonte: Sonia Zagheto Imagem: 12 girassóis, Van Gogh