Na impossibilidade de encher a paciência das pessoas ao vivo, lotei minhas redes sociais de posts sobre o livro Comunicação Não-Violenta. Fiquei até surpresa com as reações de interesse pela ideia. Em geral, sempre que eu falo sobre conversar com calma, sou ignorada. Acho que estamos viciados em ódio e se eu venho com um papinho de empatia, as pessoas se seguram para não jogarem pedra em mim (virtualmente). Eu acho o ódio do brasileiro plenamente justificado. Se você não está com raiva, você não está bem do juízo. O que eu repito, entretanto, é que estamos brigando errado. E o jeito certo parece estar no livro que eu não consigo parar de citar. Aliás, se teve uma pessoa que eu aluguei muito com essa conversinha foi minha amiga Ju Holanda. Ela está fazendo doutorado na Inglaterra (chique demais) e me ouviu por horas e horas, me ajudando a direcionar minhas elucubrações. Quando eu era pequena e brigava com o meu irmão, nossa avó tinha o hábito extremamente irritante de simplesmente apartar o combate. Ela não me dava razão nunca (nem ao meu irmão), nem deixava a gente continuar brigando. Pode isso? Quando eu era criança, eu queria ganhar a briga. Hoje eu vejo que algumas brigas devem ser vencidas, mas outras devem ser extintas. (Voinha tava certa) @suzanavalenca |
A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di
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