Tudo aconteceu por aqui. Naquela noite o jovem imperador brasileiro recebeu a visita do seu almirante escocês. Lorde Cochrane chegou enfurecido pois soube que uma inspeção seria realizada no dia seguinte no navio capitânia, em busca de dinheiro que ele supostamente havia escondido de D. Pedro 1º.
O imperador, que estava de cama, deixou
seus aposentos e veio para a sala de recepção do Palácio de São
Cristóvão, este que estamos visitando hoje, quase dois séculos depois.
Conversou com o almirante e o tranquilizou. Disse que tinha confiança em
seus serviços. Além disso, acrescentou D. Pedro, nada poderia ser feito
no dia seguinte, pois ele, o imperador, estaria doente.
Diante do bom humor e da disposição física de D. Pedro, o almirante pensou que a alegada doença era apenas mais um ardil no jogo político que ainda tornava instável a recente independência brasileira.
No dia seguinte, naquele junho de 1824, o povo ficou sabendo que D. Pedro estava se recuperando de um ataque epiléptico. Lorde Cochrane achou graça, pois acreditou que o imperador havia pregado uma mentira pública, para justificar o fato de que não haveria mais nenhuma inspeção no navio capitânia. Nem passou pela sua cabeça que de fato D. Pedro estava doente e que o enganado era ele, o militar matreiro.
O almirante ficou satisfeito com esse desfecho e com as novas ordens do imperador. Caberia a lorde Cochrane combater os movimentos revoltosos que tentavam separar o Nordeste do Brasil, criando a Confederação do Equador.
Eis aí um fragmento de história que tem como cenário esse palácio, lugar fantástico incrustado entre o morro da Mangueira e o bairro de São Cristóvão. Tema para uma crônica, em um domingo de sol. Mas a vocação da crônica não é apropriada a resgatar grandes temas históricos. É da sua natureza ser um instrumento para realçar o episódico, os fatos triviais, mostrar a vida ao rés-do-chão, como definiu Antonio Cândido.
Então, estamos no Palácio de São Cristóvão e não temos mais assunto para continuar a crônica da semana da Independência. É assim que vamos terminar essa visita? Claro que não. Talvez seja a atmosfera do palácio, talvez sejam os espíritos que rondam seus corredores, mas algo estimula uma continuação imprudente no assunto.
Quem contou a lorde Cochrane sobre a inspeção em seu navio foi uma jovem francesa com quem o D. Pedro vinha flertando, numa tentativa de adicioná-la ao seu rol de casos extraconjugais. Não ficou muito claro se o imperador obteve êxito no assédio, mas é fato que ele teve intimidade suficiente com a moça a ponto de lhe revelar segredos de Estado.
Eis aí algo corriqueiro, bem ao gosto da crônica. Um caso amoroso em que se traem segredos. Algo que, em sua simplicidade trágica ou até cômica, humaniza os relatos de vida, mesmo dos grandes homens.
Diante do bom humor e da disposição física de D. Pedro, o almirante pensou que a alegada doença era apenas mais um ardil no jogo político que ainda tornava instável a recente independência brasileira.
No dia seguinte, naquele junho de 1824, o povo ficou sabendo que D. Pedro estava se recuperando de um ataque epiléptico. Lorde Cochrane achou graça, pois acreditou que o imperador havia pregado uma mentira pública, para justificar o fato de que não haveria mais nenhuma inspeção no navio capitânia. Nem passou pela sua cabeça que de fato D. Pedro estava doente e que o enganado era ele, o militar matreiro.
O almirante ficou satisfeito com esse desfecho e com as novas ordens do imperador. Caberia a lorde Cochrane combater os movimentos revoltosos que tentavam separar o Nordeste do Brasil, criando a Confederação do Equador.
Eis aí um fragmento de história que tem como cenário esse palácio, lugar fantástico incrustado entre o morro da Mangueira e o bairro de São Cristóvão. Tema para uma crônica, em um domingo de sol. Mas a vocação da crônica não é apropriada a resgatar grandes temas históricos. É da sua natureza ser um instrumento para realçar o episódico, os fatos triviais, mostrar a vida ao rés-do-chão, como definiu Antonio Cândido.
Então, estamos no Palácio de São Cristóvão e não temos mais assunto para continuar a crônica da semana da Independência. É assim que vamos terminar essa visita? Claro que não. Talvez seja a atmosfera do palácio, talvez sejam os espíritos que rondam seus corredores, mas algo estimula uma continuação imprudente no assunto.
Quem contou a lorde Cochrane sobre a inspeção em seu navio foi uma jovem francesa com quem o D. Pedro vinha flertando, numa tentativa de adicioná-la ao seu rol de casos extraconjugais. Não ficou muito claro se o imperador obteve êxito no assédio, mas é fato que ele teve intimidade suficiente com a moça a ponto de lhe revelar segredos de Estado.
Eis aí algo corriqueiro, bem ao gosto da crônica. Um caso amoroso em que se traem segredos. Algo que, em sua simplicidade trágica ou até cômica, humaniza os relatos de vida, mesmo dos grandes homens.
Fonte:FSP | Imagem:Rio de Janeiro Aqui |
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