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Inverno de Uma Semana, Porã.

     Sou daqueles que têm as piores impressões do inverno. Não me venha com esse papo de “inverno inesquecível”, porque pra mim não cola. Todos os invernos são “esquecíveis”. É muito frio. Não dá. Poderia ser uma semana só, que já tava bom.

     A estação gelada altera o humor das pessoas, e pra pior, é claro! São ondas intensas de mau humor em meio as massas polares. O bom dia, o sorriso, a gentileza ficam cada vez mais raros. Estamos todos carrancudos, contrariados, encarangados e retraídos por causa do frio. Não é uma estação simpática. Há quem goste e curta os prazeres do inverno.

     Vinho, chocolate quente, lareiras em chamas, fondues e viagens à Serra... Isso é muito pouco perto do desconforto que nos traz o frio. Até pra fazer amor fica mais complicado. Bom é ter dinheiro pra curtir o verão no Hemisfério Norte, mas infelizmente, ainda não o tenho.

     Acordar cedo é sacanagem. Faço isso de segunda à sexta, as 6h, por causa do Acorde com Porã na Atlântida, e não tem jeito de acostumar. Todo dia, nessa mesma hora, penso nas milhares de criancinhas que estão acordando pra ir ao colégio. É um absurdo! Quem foi o gênio que inventou uma coisa dessas, esse cara não tinha mãe, ou melhor, não haveria de ter filhos... Que maldade... A relação dos pequenos com a escola já começa problemática. As manhãs infantis deveriam ser reservadas para o sono, as brincadeiras e os desenhos animados.

     Caro leitor, se você não tem um chuveiro a gás com água quente e abundante, temos aí mais um pesadelo da estação. Os chuveiros elétricos de fabricação nacional não estão preparados para a geleira que se cria no sul do Brasil. Você pode comprar um que prometa água super quente, mas na prática terá um fio de água quente, com interrupções, pois eles, os desgraçados chuveiros elétricos, desligam quando esquentam.

     A verdade é que muito mais gente sofre, ao invés de aproveitar o frio. O inverno é implacável para os que não têm nada. É hora de solidariedade. De fazer aquela limpa no seu armário e resgatar aquelas roupas quentes e cobertores que podem ajudar muita gente. Debaixo de um cobertor tudo pode melhorar.

     Por isso é que prefiro o verão. Nada mais feliz do que um gordo de camiseta. O sol brilhando, pessoas dispostas, mulheres com pouca roupa, corpos bronzeados, chopes cremosos e gelados ao ar livre, praia e calor. Nasci no dia 21 de dezembro, marco oficial do início da estação mais quente e vibrante do ano. Talvez isso explique a minha aversão ao inverno. Sou quase um “Garoto Verão”. Meu sonho é o “endless summer”, o verão sem fim. Que venha o próximo, que talvez seja um dos últimos. Isso se o mundo for realmente acabar em 21 de dezembro de 2012, como dizem alguns por aí.

Porã - do grupo Pretinho Básico - Jornal Zero Hora - RS 
Imagem do site Sonora Agora

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