De vez em quando sou convidada a participar de algum desafio lá no
Facebook, sempre aceito e posto o que for pedido.
Desta
vez, achei por bem trazer para o blog o desafio que recebi da Marilda: 4
textos, de qualquer gênero, estilo, autor. Um por dia durante quatro
dias.
3º dia:
Num poema
leio:
“conversar é
divino.“
Porém, os
deuses não falam:
Fazem e
desfazem mundos
enquanto os
homens falam.
Os deuses, sem
palavras,
jogam jogos
terríveis.
O espírito
desce
e desata as
línguas,
porém não fala
palavras:
fala lume. A
linguagem,
pelos deuses
acesa,
é uma profecia
de chamas e
uma torre
de fumo e um
colapso
de sílabas
queimadas:
cinza sem
sentido.
A palavra do
homem
é filha da
morte.
Falamos porque
somos
mortais: as
palavras
não são
signos, são anos.
Ao dizer o que
dizem,
os nomes que
dizemos,
dizem tempo:
dizem-nos.
Somos nomes do
tempo.
Mudos também
os mortos
pronunciam as
palavras
que nós, os
vivos, dizemos.
A linguagem é
a casa
de todos, a
casa suspensa
no flanco do
abismo.
Conversar é
humano.
Sobre o autor:
OCTAVIO PAZ (1914-1998) — Mexicano. Prêmio Nobel de Literatura em 1991. Importante ensaísta e conferencista (El Laberinto de la Soledad, El Arco y la Lira, El Mono Gramático, Los Hijos del Limo, Sor Juana Inés de la Cruz o las Trampas de la Fe). Alguns livros de poesia: Piedra de Sol, Salamandra, Blanco, Vuelta, Árbol Adentro.
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