Não, Lygia, a chuva não é triste.
Se tanto agrada a vista avulsa,
nunca pense ser, Lygia, a chuva
um filme mudo em que se assiste
à demora do que persiste,
nem metáfora mais difusa
do que a própria chuva, profusa,
cabendo-se no que consiste.
Não são tristes, não são aflitas,
nem mais nem menos que você,
Lygia, as gotas que você fita
esgotam-se no que se vê:
sem lágrimas por ser finita,
Lygia, a chuva não se entrelê.
(De: Trecho, Marcelo Diniz, ed. Aeroplano
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