Pular para o conteúdo principal

Príncipes da Poesia - final - Paulo Bomfim

Este blog explicou a razão da denominação "príncipe dos poetas".  Copiei parte da primeira postagem explicativa e encerro a série com Paulo Bomfim o 6° e atual príncipe brasileiro.

  Famosa revista carioca do início do século passado, a Fon Fon, numa iniciativa inteligente, fez votação entre os intelectuais da época para escolher quem seria o príncipe da poesia brasileira.
Era o ano de 1907 e o eleito foi Olavo Bilac. Quase duas décadas depois, em 1924 a mesma FonFon, repete a eleição e o novo príncipe é o paulista Alberto de Oliveira em seguida a revista escolhe Olegário Mariano, em 1938. A revista FonFon saiu de circulação em 1958. Olegário Mariano teria sido o último príncipe dos poetas se, nesse mesmo ano, o jornal carioca Correio da Manhã, não tivesse dado continuação à iniciativa da revista.
Guilherme de Almeida, foi eleito pelo jornal o quarto príncipe dos poetas brasileiros. 24 anos depois, em 1982,ainda o Correio da Manhã, escolhe Menotti Del Picchia. Já sem o Correio da Manhã é a vez da Revista Brasília eleger o sexto poeta do principado e o título em 1991 é dado a Paulo Bonfim, com quem está até hoje. ( LivroErrante, 12.11.2012)



Se Me Perdi

Em vícios de encantação
As realidades virtuais
Despetalaram velames
Nas amuradas do cais.

Foram dias, foram noites
Onde de mim me perdi,
Houve luxúria de opalas
E cilícios de rubi. 

Fui caminhando esquecido
No bojo de meus enigmas,
E as ametistas floriram
Na ramagem dos estigmas. 

Se me perdi foi apenas
Motivo de me encontrar,
No vôo de tantas penas,
Meu silêncio e a voz do mar.

*
*
 
Algumas obras do autor:
 

(Fontes: Wikipedia, Google, Página do autor e Livraria Cultura)
 
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Aprenda a Chamar a Polícia, Luis Fernando Veríssimo

          Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.                   Como minha casa era muito segura, com  grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente. Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.            Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: - Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guard