A frescura do céu baixou com a tarde calma,
Penetrou pouco a pouco os meus sentidos ... Vejo
Em cada boca estuar a volúpia de um beijo,
Arder em cada corpo a chama do desejo
E um frêmito passar vibrando de alma em alma...
Voa, chilreando, louca, uma inquieta andorinha.
Cruza o céu, desce à tona azul da água apressada,
Pousa num fio telegráfico da rua
- Dá-me um pouco de sol! eu que não tenho nada,
Preciso de aquecer a minh'alma na tua.
Andorinha! Andorinha!
Tens em meu coração tua melhor morada...
Mas és outro e afinal bem podias ser minha!
(Do livro: O Enamorado da vida -1937)
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