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Mostrando postagens de maio, 2012

Valter Hugo Mãe, indicado ao Prêmio Portugal Telecom

O Excelente livro do angolano Valter hugo Mãe, é um dos classificados para a edição 2012 do Prêmio Portugal Telecom.  Leia sobre o livro clicando aqui A Máquina de Fazer Espanhóis Valter Hugo Mãe Ed. Casac Naify Ano:2010 R$ 39,90

A fábula do Homem e Seu Garrafão Rachel de Queiroz

     Pelo interior do Brasil é comum a presença de um cara que é chamado de "propagandista". Aqui pelo estado do Rio, antes da camelotagem desenfreada, ele era chamado também de "camelô".      Usava roupa vistosa, por exemplo: paletó xadrez vermelho e verde, calças bois de rose, gravata azul-bebê. Em geral fazia propaganda de remédios que curam tudo, todos os males do mundo e até maus pensamentos. Ouvi que vendia xarope contra sífilis e, referindo-se às doenças "sexualmente transmissíveis", falava poeticamente em "mal de amores".      E foi a propósito de propagandistas que recordávamos ontem, minha irmã e eu, um caso que nosso pai nos contava garantindo que era verdadeiro.      Sucedeu numa cidade cujo nome ele não dava, para "evitar constrangimentos". O sujeito já desceu do trem vestido a caráter: terno de listras colorido, sapato pampa, camisa roxo-batata, gravata amarela.      Na pensão registrou-se, levou a mala à

Canção da Candeia, Eugênio de Castro

- Feita de lata mesquinha, Tendo irmãs de bronze e cobre, Neste covil de miséria. Fui a candeia de um pobre Nascida para alumiar, Como as estrelas do céu, Vivi em trevas: meu dono Poucas vezes me acendeu. Como havia de acender-me? Ao peso da sua cruz, Onde tinha azeite o pobre P'ra me ver florir em luz? Passamos noites bem negras, Órfãos de todo o deleite, Ele, com fome e sem sono, Eu, ceguinha e sem azeite! Ontem, estando o triste a ponto De partir p'ra Eternidade, Doce mão bateu à porta: Era a mão da Caridade... Um pão lhe estendeu piedosa Com um gesto de enternecer: Mas era tarde! O faminto Debalde o tentou comer! No entanto,a mão generosa A doce mão de marfim, D'azeite fino e doirado À farta me enchera a mim. Com tal sangue brilhei tanto, Que a estrela d'alva par'cia; Mas, par'cendo luz de boda Alumiei uma agonia. Tardaste bem, Caridade, Ao pobre de negra sorte, Negando-l

Crônica cantada :Nana Caymmi - Resposta ao tempo (1998)

Batidas na porta da frente É o tempo Eu bebo um pouquinho Prá ter argumento Mas fico sem jeito Calado, ele ri Ele zomba Do quanto eu chorei Porque sabe passar E eu não sei Num dia azul de verão Sinto o vento Há fôlhas no meu coração É o tempo Recordo um amor que perdi Ele ri Diz que somos iguais Se eu notei Pois não sabe ficar E eu também não sei E gira em volta de mim Sussurra que apaga os caminhos Que amores terminam no escuro Sozinhos Respondo que ele aprisiona Eu liberto Que ele adormece as paixões Eu desperto E o tempo se rói Com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor Prá tentar reviver No fundo é uma eterna criança Que não soube amadurecer Eu posso, ele não vai poder Me esquecer Respondo que ele aprisiona Eu liberto Que ele adormece as paixões Eu desperto E o tempo se rói Com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor Prá tentar reviver No fundo é uma eterna criança Que não soube amadurecer E

Ivan, o Sapo... filho de Henfil

      A maioria de nós conhece Henfil dos Frandins, da Grauna, do Bode Orelana que gritavam por liberdade, que criticavam a ditadura da época. Nós que compramos os Pasquins e posteriormente as revistinhas Fradim, nunca imaginávamos ver Henfil em livro pra criança.      A Editora Nova Fronteira lançou no ano passado os primeiros de uma série de 12 livros do sapo Ivan que são desenhos e histórias que Henfil escreveu para seu único filho, que empresta o nome ao sapo, ao longo de oito anos. Sapo Ivan e Ananias,   O Sapo que Queria Beber Leite   Sapo Ivan e o Sol Sapo Ivan e a Piscina Nova Sapo Ivan e o Bolo Sapo Ivan e Olavo O Sapo e o Coração. Ivan Cosenza de Souza , o gato que deu nome ao sapo

O Doido, Artur Azevedo

Não havia dúvida: o pobre Canuto estava completamente doido. A princípio, foram uns acessos profundos de melancolia, um desejo de andar metido pelos cantos, com a cara para o lado da parede. Como se o mundo não lhe importasse para mais nada, contemplando as unhas, sorrindo. Vieram depois o monólogos, os longos monólogos incoerentes, em que ele não dizia coisa com coisa, até que um dia ficou furioso, quebrou pratos e garrafas, escangalhou um velho relógio d          e armário e, descendo ao terreiro da fazenda, espancou um moleque, matou algumas galinhas, e espojou-se no chão, às gargalhadas! A família fechou-se toda num quarto, aos gritos. Foram os pretos que subjugaram o doido e conseguiram metê-lo num pardieiro arruinado, que havia sido senzala noutro tempo, e amarrá-lo solidamente a uma viga. Imagine-se a aflição do obre Miranda, o velho fazendeiro, com o filho doido – um filho querido, rapaz inteligentíssimo, que concluíra o terceiro ano de Direito em São Paulo e es

Antropo[morfossintaxe] , Carla Guedes

Na análise desta vida [semântica] No profundo encontro [Vocálico] Neste período [Compopsto] Complexo, Fundo. Ser humano,ser [Hiato] Ao renunciar-se  [Adjunto] Ao desfazer-se [Predicado] Ao descobrir-se [Sujeito] Tece a [Oração] Cada dia [Substantivos] Rogos [Verbos] E continua Sua vida [Primitiva, Comum, Concreta]

Crônica cantada:Você Passa, Eu Acho Graça - Cássia Eller e Noite Ilustrada

Arrasando na terceira idade: Capitães de Areia, 75 anos

    Sem Pernas, Pedro Bala,Caboclo Raimundo,Don’Naninha, João de Adão, Volta Seca, Gato, Boa Vida, Padre José Pedro, Barandão, Loiro, Pirulito, Almiro,  Zé Fuinha, Ezequiel, Alberto, Caboclo Raimundo, Dora, Querido de Deus são os personagens que contam as ruas de Salvador assolada por epidemia de bexiga. Menores infratores que vivem nas ruas num misto de liberdade de regras e escravidão da perseguição policial, pobreza e abandono. Jorge Amado situou a história em Salvador, seu quase único mundo nos livros, uma história presente em todo o país e ainda  na atualidade.    O autor conseguiu juntar, injustiça, lirismo, romance, agressão numa história cativante que prende o leitor até a última página.  Clique acima para trailer do filme

Ponto de Crochê, Dalton Trevisan

     Ponto de uma laçada, meio ponto, sob o vidrilho azul do abajur, pontas de agulha que revolem a memória, menina de tranças no espelho dourado da sala. oh! banguela, Oh cirandinha, meu anel era de vidro, você é mulher imprestável; por favor, mãe. O grande leão do circo. De quem o retrato, Gabriel? Essa fulana quem é?      Três trancinhas, meio ponto, ponto de duas laçadas, boca do filho mordendo-lhe o seio. Perdão, mãe, não faço mais, o leão de boca escancarada no picadeiro; ervilhas para o almoço, quanto é a dúzia de ovos? vinte anos de casados, vamos celebrar, Gabriel? Que a Anita brigou com o noivo, não? pois brigou. Meu filho, respeite seu pai, disse Jesus, ponto meio ponto. Meu pai é um cretino. Ora, um dia igual aos outros... Bigode de homem na água trêmula e, Jesus Maria José, se tivesse fugido como a Alzira?      Desmanchar o ponto, errou.      Falarei com o filho, véu preto no rosto, anéis no dedo. Arroz, feijão, carne assada, a ervilha quanto é? Mano Ismael, desq

70.000 !!!!!!

Este blog acaba de bater a marca de 70.000 acessos individuais.  Agradeço a todos vocês seguidores ou não, que fuzeram parte desta estatística. Fico feliz e espero estar contribuindo com quem procura conteudo diferenciado. Vamos em frente chegar aos 80.000

Minha Mãe, Padre Daniel Lima

Poemas Minha mãe era feita de incertezas. tecida de solidão de infindas luas. Nunca assentou seu coração viajeiro de medo de esquecer o fim da viagem. Não dormia, sonhava, Vivia os sonhos acordada e louca e amava a vida com tal ódio e paixão, que até se percebia nos seus olhos, nas mãos, nos gestos na vontade de ser e o desespero de não ser nunca e ainda. E eu perguntava coisas E ela não respondia, apenas navegava incertos mares, guiada por estrelas que eu não via. Minha mãe era feita de incertezas mas, por certo, sabia o que queria. (Pe.Daniel Lima, prof. de Filosofia da UFPE, faleceu em abril de 2012 aos 95 anos) ________________________________________________________________________________________

Crônica cantada:Belchior, Galos, noites e quintais

Quando eu não tinha o olhar lacrimoso, que hoje eu trago e tenho; Quando adoçava meu pranto e meu sono, no bagaço de cana do engenho; Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus, fazendo eu mesmo o meu caminho, por entre as fileiras do milho verde que ondeia, com saudade do verde marinho: Eu era alegre como um rio, um bicho, um bando de pardais; Como um galo, quando havia... quando havia galos, noites e quintais. Mas veio o tempo negro e, à força, fez comigo o mal que a força sempre faz. Não sou feliz, mas não sou mudo: hoje eu canto muito mais

Stela Me Abriu a Porta, Marques Rebelo

    Havia alguns meses que nós nos conhecíamos e jamais o tempo passou rápido para mim.ela era ajudante de costureira no ateliê modestíssimo de Madame Graça, velha amiga de minha mãe. Meu irmão Alfredo, que morreu aos vinte anos, estupidamente, duma pneumonia dupla, era um rapazinho importante: não gostava de fazer  recados, de carregar embrulhos, de comprar coisas para casa na cidade.     Mamãe respeitava-lhe a  vaidade. E eu fui buscar um vestido que ela mandara reformar – a seda estava perfeita, valia a pena. Quem me atendeu foi  Stela. Madame Graça havia saído e ela não sabia do vestido. Madame Graça não lhe prevenira nada. Mas não poderia esperar?- perguntou. Madame fora ali pertinho, não demoraria. Eu disse que esperaria. Ela me ofereceu uma cadeira, voltou para o seu trabalho e pusemo-nos a conversar.     Stela era espigada, dum moreno fechado, muito fina de corpo. Tinha as pernas e os braços muito longos e uma voz ligeiramente rouca. Falava com desembaraço, mas escol

Monólogo da Chuva, Aldemar Paiva

Está chovendo aí ? E na sua vida ? E na sua alma ? Se chovia na noite em que nos vimos e conversamos pela vez primeira ? Chovia sim, e a cidade inteira brilhava sob a chuva que caía... A chuva, o frio, as luzes e o reflexo daquela gente tonta no passeio, tudo aumentava aquele meu receio na onda de amor que me envolvia ! Se eu tremia na hora em que nos vimos, num nervosismo incompreensível ? Tremia sim, mas era irresistível a força que de ti me aproximava... E quando caprichosa pelo asfalto a chuva fez espelhos coloridos eu disse com ternura aos teus ouvidos que o teu encanto me enfeitiçava ! Se era verdade o que eu te confessava de chofre como um grito inesperado ? Verdade sim, eu nunca tinha amado e disse o que pensava e o que sentia... Sorriste e em teus olhos de repente As meninas felizes me acenaram refletindo meus olhos que brilharam numa ventura que eu desconhecia ! Se juntos nós andamos pela noite quando a chuva passou, sem ter destino ? A

Crônica cantada: Rosa, Jackson do Pandeiro

Rosa, Rosa, vem ô Rosa Estou chamando por você Eu vivo lhe procurando Você faz que não me vê Eu vivo lhe procurando E nem sinal de você. (coro repete) Rosa danada Minha morena faceira Minha flor de quixabeira Não posso mais esperar. Fique sabendo Se casar com outro homem O tinhoso me consome Mas eu lhe meto o punhá. (coro repete tudo) Comprei um papel florado um envelope pra mandar dizer numa carta bem escrita o que sinto por você a carta está esperando porque não sei escrever. A coisa pior da vida É querer bem a mulher A gente deita na rede Maginando por que é Com tantas no mei do mundo Só uma é que a gente quer. Coro: “Rosa, Rosa, vem ô Rosa...” (Clique aqui para ouvir)

O Menino, Chico Anysio

      Vou fazer um apelo. É o caso de um menino desaparecido.       Ele tem 11 anos, mas parece menos; pesa 30 quilos, mas parece menos; é brasileiro, mas parece menos.       É  um menino normal, ou seja: subnutrido, desses milhares de meninos que não pediram para nascer; ao contrário, nasceram pra pedir.       Calado demais pra sua  idade, com idade demais pra sua idade. É, como a maioria, um desses meninos de 11 anos que ainda não tiveram infância. Parece ser menor carente, mas se é, não sabe disso. Nunca esteve na Febem, portanto, não teve tempo de aprender a ser criança-problema. Anda descalço por amor à bola.       Suas roupas são de segunda mão, seus livros são de segunda mão e tem a desconfiança de que a sua própria história alguém já viveu antes.

Lançamento: Retratos Antigos, Elisa Lispector

Retratos antigos (esboços a serem ampliados) Elisa Lispector Nádia Battella Gotlib (org.) Área: Autobiografia 2012. 143 p. ISBN: 978-85-7041-938-5 Obra Avulsa Dimensão: 24,50 x 17,40 Peso: 450 gramas Em Retratos Antigos , Elisa Lispector revisita o passado e refaz o percurso dos seus ancestrais através de fotos de família. A autora, então no momento de plena maturidade, escreve a história da família Lispector, evocando valores e costumes desse grupo de trabalhadores rurais e de comerciantes. O texto possui 28 laudas datilografadas e revistas e demonstra intenção da autora de dar prosseguimento aos relatos. Por isso o subtítulo Esboços a serem ampliados. Elisa faleceu em 1989 e o livro, que agora se publica, aguardou 22 anos para vir a público. R$ 85,00 (www.editoraufmg.com.br)