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Soneto, Florbela Espanca

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Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem julguei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar ...

Se as minhas mãos as garras se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar...
- Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar!

Minha alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!

O amor dum homem? - Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? - quando eu sonho o amor dum Deus! ...

Comentários

  1. Postar Florbela é sempre acertar na mosca... não conheço nada dela de que não goste.. bjnhs, Ladyce

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