Como veio para a Comunidade Livroerrante?
Em 2007 conheci através do Orkut a comunidade, porque já estava envolvida num outro grupo de pessoas que gostam de ler. Sem cerimônia, fui pedindo para entrar, porque gostei bastante da idéia de se ter uma “biblioteca flutuante”. Graças a essa troca entre leitores por todo o Brasil, fiquei conhecendo autores que jamais teria conhecido, livros que me enriqueceram consideravelmente. A pluralidade dos gostos e as recomendações dos leitores me dão um impulso para que eu venha a me “arriscar” a ler alguma coisa diferente. E me surpreendo por acabar gostando do que a princípio não me atrairia.
Quando começou a gostar de ler?
Não me lembro de uma época em que eu não lesse. Acho que sempre gostei de ler. Mas me lembro de uma cena, que provavelmente me marcou porque passou a ser parte das “histórias da família”. Eu tinha entre sete a oito anos e estava lendo “Ali Babá e os Quarenta ladrões” numa edição pequenina, sem ilustrações a cores. Quando, de repente, saí do meu quarto à procura de minha mãe que estava em frente à máquina de costura e disse: “Mamãe, estou lendo e as figuras aparecem na minha cabeça, fazendo o que estou lendo”!
Outra coisa que me ajudou muito: havia uma biblioteca municipal a dois quarteirões da minha casa, da qual nós todos éramos membros. E eu tinha o meu cartão e total permissão de ir lá sozinha, sem acompanhantes e retirar qualquer livro de que gostasse. Freqüentei essa biblioteca dos 8 aos 15 anos, mais ou menos.
Tive alguns momentos marcantes nessas viagens pela literatura. O primeiro foi quando aos 11 anos, chateada, já com aquele aborrecimento adolescente, reclamei que não tinha nada para fazer. Minha mãe veio então com o livro “ bem água com açúcar” , O tronco do ipê, de José de Alencar e me disse: “Acho que você já está na idade de ler alguns livros de ‘gente grande’, tente ler este aqui. Se gostar, há mais livros parecidos com esse. “ Aquilo foi um presente dos céus: ler livro de ‘gente grande’! Ele ficou como um talismã para mim já perdi a conta de quantas vezes reli O tronco do ipê. Assim, li não só José de Alencar, mas quase dúzias de livros da Biblioteca das Moças. Deles passei para os livros de mistério, que por alguma razão eram sempre lidos durante as férias. Esses, cheguei a trocar com meus primos, às dezenas: Charlie Chan, Arsène Lupin, Poirot, foram todos personagens que habitaram a minha imaginação nesse período entre a infância e a adolescência. Havia também as revistas com contos de amor e contos de suspense, que se comprava no jornaleiro. Muito trocado da minha mesada foi gasto com essas publicações.
Já aos quinze anos com liberdade de ler o que quisesse, cheguei em casa uma vez com um livro que acabara de comprar, Trópico de Câncer. Deixei o livro sobre o sofá, enquanto ia lavar as mãos, colocar uma roupa caseira. Quando voltei para apanhar o livro encontrei minha mãe lívida e com o livro nas mãos. E me questionou: “Onde comprou esse livro? Quem vendeu para você? Esse livro não é para menores é um livro indecente”. E na sua fúria, rasgou o livro ali, bem na minha frente. Eu fiquei apavorada, nunca tinha tido qualquer restrição à leitura. Nunca poderia imaginar que alguém lá em casa iria rasgar um livro... Chorei, chorei muito pelo susto, pela humilhação, por ser adolescente, com as emoções em altos e baixos. Pensei que quando meu pai chagasse do trabalho eu pudesse ter um aliado nele. Qual não foi a minha surpresa: ele concordou com mamãe. Levei anos para ler Henry Miller. Quando o fiz, achei-o sem graça.
Em 2007 conheci através do Orkut a comunidade, porque já estava envolvida num outro grupo de pessoas que gostam de ler. Sem cerimônia, fui pedindo para entrar, porque gostei bastante da idéia de se ter uma “biblioteca flutuante”. Graças a essa troca entre leitores por todo o Brasil, fiquei conhecendo autores que jamais teria conhecido, livros que me enriqueceram consideravelmente. A pluralidade dos gostos e as recomendações dos leitores me dão um impulso para que eu venha a me “arriscar” a ler alguma coisa diferente. E me surpreendo por acabar gostando do que a princípio não me atrairia.
Quando começou a gostar de ler?
Não me lembro de uma época em que eu não lesse. Acho que sempre gostei de ler. Mas me lembro de uma cena, que provavelmente me marcou porque passou a ser parte das “histórias da família”. Eu tinha entre sete a oito anos e estava lendo “Ali Babá e os Quarenta ladrões” numa edição pequenina, sem ilustrações a cores. Quando, de repente, saí do meu quarto à procura de minha mãe que estava em frente à máquina de costura e disse: “Mamãe, estou lendo e as figuras aparecem na minha cabeça, fazendo o que estou lendo”!
Sempre tive muito acesso aos livros. Sou filha, sobrinha e neta de professores. Todos lá em casa sempre deram o exemplo. Meu pai que era um cientista, um professor de física, e raramente estava sem um livro em suas mãos. E ele lia não só textos científicos, mas era apaixonado por história geral e lia de vez em quando um bom romance “da moda”. Minha mãe também lia muito. Mamãe era professora de português. Formou-se na época em que na faculdade fazia-se neo-latinas. E lia sistematicamente “para não perder a língua” em espanhol e em francês. Ler era simplesmente parte do nosso dia a dia, era o “se fazia”, mesmo com outras distrações dentro de casa: rádio, televisão, amigos – que antigamente se visitavam com mais freqüência do que as pessoas fazem hoje. E nessas conversas entre amigos, na minha casa, sempre se falava sobre o que estávamos lendo. Recomendava-se um ou outro livro. E os adultos às vezes falavam com “palavras veladas” sobre algum livro que fosse mais atrevido, que as crianças ou os adolescentes não devessem ainda ler.
Outra coisa que me ajudou muito: havia uma biblioteca municipal a dois quarteirões da minha casa, da qual nós todos éramos membros. E eu tinha o meu cartão e total permissão de ir lá sozinha, sem acompanhantes e retirar qualquer livro de que gostasse. Freqüentei essa biblioteca dos 8 aos 15 anos, mais ou menos.
Tive alguns momentos marcantes nessas viagens pela literatura. O primeiro foi quando aos 11 anos, chateada, já com aquele aborrecimento adolescente, reclamei que não tinha nada para fazer. Minha mãe veio então com o livro “ bem água com açúcar” , O tronco do ipê, de José de Alencar e me disse: “Acho que você já está na idade de ler alguns livros de ‘gente grande’, tente ler este aqui. Se gostar, há mais livros parecidos com esse. “ Aquilo foi um presente dos céus: ler livro de ‘gente grande’! Ele ficou como um talismã para mim já perdi a conta de quantas vezes reli O tronco do ipê. Assim, li não só José de Alencar, mas quase dúzias de livros da Biblioteca das Moças. Deles passei para os livros de mistério, que por alguma razão eram sempre lidos durante as férias. Esses, cheguei a trocar com meus primos, às dezenas: Charlie Chan, Arsène Lupin, Poirot, foram todos personagens que habitaram a minha imaginação nesse período entre a infância e a adolescência. Havia também as revistas com contos de amor e contos de suspense, que se comprava no jornaleiro. Muito trocado da minha mesada foi gasto com essas publicações.
Já aos quinze anos com liberdade de ler o que quisesse, cheguei em casa uma vez com um livro que acabara de comprar, Trópico de Câncer. Deixei o livro sobre o sofá, enquanto ia lavar as mãos, colocar uma roupa caseira. Quando voltei para apanhar o livro encontrei minha mãe lívida e com o livro nas mãos. E me questionou: “Onde comprou esse livro? Quem vendeu para você? Esse livro não é para menores é um livro indecente”. E na sua fúria, rasgou o livro ali, bem na minha frente. Eu fiquei apavorada, nunca tinha tido qualquer restrição à leitura. Nunca poderia imaginar que alguém lá em casa iria rasgar um livro... Chorei, chorei muito pelo susto, pela humilhação, por ser adolescente, com as emoções em altos e baixos. Pensei que quando meu pai chagasse do trabalho eu pudesse ter um aliado nele. Qual não foi a minha surpresa: ele concordou com mamãe. Levei anos para ler Henry Miller. Quando o fiz, achei-o sem graça.
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