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Mostrando postagens de dezembro, 2019

Grupo LivroErrante Escolhe:Melhores Leituras de 2019

Blog encerra as atividades deste ano indicando as melhores leituras de 2019, pelo grupo de leitura  LivroErrante.  Admirável Mundo Novo , Aldous Huxley O Amante Japonê s , Isabel Allende Carne e Sangue , Mary Del Priore A Coragem de Ser Imperfeito , Brené Brown Hibisco Roxo , Chimamanda Ngozi Adichie Homens Imprudentemente Poéticos ,Valter Hugo Mãe Kafka à Beira Mar , Haruki Murakami O Miniaturista , Jessie Burton Passado Imperfeito , Jullian Fellowes Precisamos Falar Sobre Kevin , Lionel Shriver O Quarto Azul, Georges Simenon Ravensbruck , A história do campo de concentração nazista para mulheres, Sarah Helm Regras de Cortesia , Amor Towles Submissão , Michel Houellecq                         E você?            Qual sua melhor leitura em 2019?              Conta que eu coloco na lista.

Plantamos em 2019 para Colher em 2020

O grupo de leitura (Orkut 2008) LivroErrante  em parceria com Elenir, da Biblioteca Pública Municipal Wilson Marques,  vai começar a deixar livros em lugares públicos na simpática cidade de Tomé-açu no estado do Pará..   Começando do começo:  estamos enviando pelos correios, todos os livros que encerraram ciclo de leitura.  Ao contrário de devolvê-los ao dono, os exemplares seguem para Tomé-açu.   A Biblioteca Pública Municipal Wilson Marques abriu uma estante: Livro Errante.  Lá tem livros de autores, gêneros e  nacionalidades diversas.  Quem levar , não precisa devolver. Basta deixar em algum lugar público para que o livro seja lido novamente.    Por enquanto a estante LivroErrante está assim:  Biblioteca Pública Municipal Wilson Marques Vista aérea da cidade de Tomé Açu - PA

Postagens Mais Acessadas em 2019

           Gosto de fazer a retrospectiva, porque revejo postagens e comentários. Este ano, o texto de uma amiga está entre as cinco mais lidas. Fiquei feliz por ela.    Clique no título e releia.  Vale a pena. Um Cinturão , Graciliano Ramos.  7 de maio 8 Mulheres Que Brilharam e Não Podem Ser Esquecidas - 8 de março Os Tigres de Tozamurai-No-Ma , Manuel António Pina - 26 de abril Aprenda a Chamar a Polícia , Luis Fernando Veríssimo - 31 de maio Corporiedade Feminina , Janete Barros - 12 de março

Olá! Vamos Conversar Sobre 2020? Suzana Valença

            Eu separo um tempo entre natal e réveillon para descansar, pensar nas minhas metas e organizar minha agenda / caderno do ano seguinte.  Gosto de pensar nos objetivos, anotar tudo no papel e acompanhar o progresso das ideias ao longo dos meses.  Com o tempo, percebi que tenho conseguido cumprir 70% do que invento para mim, sempre fica algo ainda por fazer. Depois de alguns anos, fui aperfeiçoando (eu acho) o processo. Aprendi que as metas tinham que ser muito minhas. Muito mesmo. Elas tinham que brotar do meu coração e ter o mínimo de influência de fora possível. Já perceberam que, às vezes, achamos que queremos algo mas, na verdade, estamos apenas reagindo às pressões do mundo? Tenho que casar! Tenho que fazer mestrado! Tenho que ganhar mais dinheiro. Será que tem mesmo? Escrevi no Medium sobre  como não fazer essas metas equivocadas. Metas x hábitos Este ano, também li muito sobre como a vida não pode ser apenas uma lista de tarefas a cumprir. Se focar

Nascida em 24 de dezembro: Ruth Rocha

Mulheres de Coragem   Foi na Alemanha que esta história aconteceu.      Há muitos e muitos anos.      A guerra já durava havia muito tempo.   As tropas do imperador Conrado III cercavam o castelo do REi Welfo VI.   Antes que o cerco começasse, quando percevberam que as tropas inimigas se aproximavam, os habitantes do castelo já tinham fugido nas suas carroças, nos seus carros de boi ou mesmo a pé, carregando o que podiam.      As crianças tinham sido mandadas para longe, para a asa de parentes.      Ficaram apenas os soldados e os cavaleiros, para a defesa do caselo; e as suas mulheres, que não quiseram abandoná-los.      O cerco já durava dois longos anos.      Nos primeiros tempos, os defensores do castelo estavam otimistas, achavam que havia possibilidade de vencer o inimigo, pela luta ou pelo cansaço.      Mas com  passar do tempo a comida foi acabando, a água foi se tornando cada vez mais difícil, as doenças começavam a se espalhar.      Os feridos se arr

Felicidade, sim. Antonio Prata

           Vivi por trinta e quatro anos sob o jugo de chuveiro elétrico. Ah, lastimável invento! Já gastei mais de uma crônica amaldiçoando seus fabricantes; homens maus, que ganham a vida propagando a falácia de temperatura com pressão, quando bem sabemos que, na gelida realidade dos azulejos, ou a água sai abundante e fria ou é um fiozinho minguado e escaldante sob o qual nos envolhemos, o cucuruto  no Saara e os pés na Patagônia, sonhando com o dia em que, libertos das inúteis correntes ( de elétrons), alcançaremos a terra prometida do aquecimento central.      Reclamo de barriga cheia? Sem dúvida. Há problemas bem mais sérios neste mundo, mas sejamos honestos: a morte do vizinho não anula minha dor de dente - e um banho ruim é dez vezes mais triste que uma dor de dente.  Afinal, um molar, quando para de doer, não é capaz por si só de nos dar alegria. Já o banho, quando é bom... Que contentamento uterino é ter a pele envolvida por água abundante, sentir o jorro de 45 graus,

Festa, Graciliano Ramos

     A família foi à festa de Natal na cidade. Todos vestidos com suas melhores roupas, num traje pouco comum às suas figuras, o que lhes dava um ar ridículo. A caminhada longa tornava-se ainda mais cansativa por causa daquelas roupas e sapatos apertados. O mal-estar era geral, até que Fabiano cansou-se da situação e tirou os sapatos, metendo as meias no bolso, livrando-se ainda do paletó e da gravata que o sufocava. Os demais fizeram o mesmo. Voltaram ao seu natural. Baleia juntou-se ao grupo. Chegando à cidade, foram todos lavar-se à beira de um riacho antes de se integrarem à festa. Sinhá Vitória carregava um guarda-chuva. Fabiano marchava teso. Os meninos maravilham-se, assustados, com tantas luzes e gente. A igreja, com as imagens nos altares, encantou-os mais ainda. O pai espremia-se no meio da multidão, sentindo-se cercado de inimigos. Sentia-se mangado por aquelas pessoas que o viam em trajes estranhos à sua bruta feição. Ninguém na cidade era bom. Lembrou-se da humilha

Nascido em 19 de dezembro: Manoel de Barros

O Fazedor de Amanhecer Sou leso em tratagens com máquina. Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis. Em toda a minha vida só engenhei 3 máquinas Como sejam: Uma pequena manivela para pegar no sono. Um fazedor de amanhecer para usamentos de poetas E um platinado de mandioca para o fordeco de meu irmão. Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias automobilísticas pelo Platinado de Mandioca. Fui aclamado de idiota pela maioria das autoridades na entrega do prêmio. Pelo que fiquei um tanto soberbo. E a glória entronizou-se para sempre em minha existência. Aqui tem mais Manoel de Barros Fonte: Revista Bula O Fazedor de Amanhecer

Nascido em 17 de dezembro: Érico Veríssimo

      As Mãos de Meu Filho       Todos aqueles homens e mulheres ali na platéia sombria parecem apagados habitantes dum submundo, criaturas sem voz nem movimento, prisioneiros de algum perverso sortilégio. Centenas de olhos estão fitos na zona luminosa do palco. A luz circular do refletor envolve o pianista e o piano, que neste instante formam um só corpo, um monstro todo feito de nervos sonoros. Beethoven.      Há momentos em que o som do instrumento ganha uma qualidade profundamente humana. O artista está pálido à luz de cálcio. Parece um cadáver. Mas mesmo assim é uma fonte de vida, de melodias, de sugestões — a origem dum mundo misterioso e rico. Fora do círculo luminoso pesa um silêncio grave e parado.      Beethoven lamenta-se. É feio, surdo, e vive em conflito com os homens. A música parece escrever no ar estas palavras em doloroso desenho. Tua carta me lançou das mais altas regiões da felicidade ao mais profundo abismo da desolação e da dor. Não serei, pois, para

Nascido em 16 de dezembro: Olavo Bilac

Nel mezzo del camin… "Nel mezzo del camin… Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha. Tinhas a alma de sonhos povoada, E alma de sonhos povoada eu tinha… E paramos de súbito na estrada Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha. Hoje segues de novo… Na partida Nem o pranto os teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida. E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo. Fonte: Toda Matéria  Caricatura: Alian

Nascida em 13 de dezembro: Adélia Prado

      Sem Enfeite Nenhum          A mãe era desse jeito: só ia em missa das cinco, por causa de os gatos no escuro serem pardos. Cinema, só uma vez, quando passou os Milagres do padre Antônio em Urucânia. Desde aí, falava sempre, excitada nos olhos, apressada no cacoete dela de enrolar um cacho de cabelo: se eu fosse lá, quem sabe?      Sofria palpitação e tonteira, lembro dela caindo na beira do tanque, o vulto dobrado em arco, gente afobada em volta, cheiro de alcanfor.      Quando comecei a empinar as blusas com o estufadinho dos peitos, o pai chegou pra almoçar, estudando terreno, e anunciou com a voz que fazia nessas ocasiões, meio saliente: companheiro meu tá vendendo um relogim que é uma gracinha, pulseirinha de crom’, danado de bom pra do Carmo. Ela foi logo emendando: tristeza, relógio de pulso e vestido de bolér. Nem bolero ela falou direito de tanta antipatia. Foi água na fervura minha e do pai.      Vivia repetindo que era graça de Deus se a gente fosse tudo pra um c

Nascida em 10 de dezembro: Clarice Lispector.

    Feliz Aniversário        A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul-marinho, com enfeite de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços fossem cortados — e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino acovardado pelo terno novo e pela gravata.Tendo Zilda — a filha com quem a aniversariante morava — disposto cadeiras unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora de Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição de ultr

Nascido em 9 de dezembro: Aníbal Machado

          A Morte da Porta-Estandarte      Que adianta ao negro ficar olhando para as bandas do Mangue ou para os lados da Central?       Madureira é longe e a amada só pela madrugada entrará na praça, à frente do seu cordão .      Se o negro soubesse que luz sinistra estão destilando seus olhos e deixando escapar como as primeiras fumaças pelas frestas de uma casa onde o incêndio apenas começou!…      Todos percebem que ele está desassossegado, que uma paixão o está queimando por dentro. Mas só pelo olhar se pode ler na alma dele, porque, em tudo mais, o preto se conserva misterioso, fechado em sua própria pele, como uma caixa de ébano.      Por que não se incorporou ao seu bloco? E por que não está dançando? Há pouco não passou uma morena que o puxou pelo braço, convidando-o? Era a rapariga do momento, devia tê-la seguido… Ah, negro, não deixes a alegria morrer… É a imagem da outra que não tira do pensamento, que não lhe deixa ver mais nada. Afinal, a outra não lhe pert

A Nova Califórnia, Lima Barreto

     Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondência que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro lá ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes…      Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado.      – Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.      Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão extravagante construção um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de vidros, facas sem corte, copos como os da farmácia – um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utensílios de uma cozinha em que o próprio diab

Presépio, Carlos Drummond de Andrade

Dasdores (assim se chamavam as moças daquele tempo) sentia-se dividida entre a Missa do Galo e o presépio. Se fosse à igreja, o presépio não ficaria armado antes de meia-noite e, se se dedicasse ao segundo, não veria o namorado.       É difícil ver namorado na rua, pois moça não deve sair de casa, salvo para rezar ou visitar parentes. Festas são raras. O cinema ainda não foi inventado, ou, se o foi, não chegou a esta nossa cidade, que é antes uma fazenda crescida. Cabras passeiam nas ruas, um cincerro tilinta: é a tropa. E viúvas espiam de janelas, que se diriam jaulas.      Dasdores e suas numerosas obrigações: cuidar dos irmãos, velar pelos doces de calda, pelas conservas, manejar agulha e bilro, escrever as cartas de todos. Os pais exigem-lhe o máximo, não porque a casa seja pobre, mas porque o primeiro mandamento da educação feminina é: trabalharás dia e noite. Se não trabalhar sempre, se não ocupar todos os minutos, quem sabe de que será capaz a mulher? Quem pode vigiar