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Mostrando postagens de novembro, 2019

Nascido em 26 de novembro: Mário Lago

Poesia da Vida em Marcha A poesia da vida em marcha tem ritmo diferente. Ritmo irregular e desigual de milhões de martelos batidos descompassadamente por milhões de mãos; de milhões de enxadas movidas desordenadamente por milhões de braços; de milhões de pés andando desesperadamente não se sabe para onde. A poesia da vida em marcha tem música diferente. Música sem som das sirenes das oficinas, dos apitos das locomotivas, dos roncos dos motores, dos gritos das revoltas interiores dos homem que sofrem nas oficinas, queimam os pulmões nas caldeiras das locomotivas e morrem de fome nas fábricas de motores. A poesia da vida em marcha tem rimas diferentes. Rimas sem música, sem versos que terminam em sílabas iguais. Rimas de palavras diferentes, com o mesmo sentido na boca dos que sofrem. Rimas de palavras que rimam apenas na idéia, no pensamento. Rimas estranhas de tirania com sofrimento, de sofrimento com união. De união com liberdade. A poesia da vida em marcha tem  cadência difere

Nascido em 24 de novembro: Cruz e Sousa

Mais claro e fino do que as finas pratas O som da tua voz deliciava... Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava.       Era um som feito luz, eram volatas Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades de cascatas... Tanta harmonia melancolizava.       Filtros sutis de melodias, de ondas De cantos volutuosos como rondas De silfos leves, sensuais, lascivos...        Como que anseios invisíveis, mudos, Da brancura das sedas e veludos, Das virgindades, dos pudores vivos .                                                Fonte: Releituras Leia sobre Cruz e Souza  

A Origem do Tambor - Conto popular da Guiné-Bissau

      Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco. Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra.           Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua.        Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir.        A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho.       O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar.       A lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio.         O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade

Onde Está A Liberdade? Dia da Consciência Negra

Hoje é o dia da consciência negra. Por que nesta data? Por que 20 de novembro foi o dia atribuido à morte de Zumbi dos Palmares em 1695. Trouxe essa música para que a gente reflita e responda honestamente o  que destaco deste samba enredo: " Livre do açoite da senzala/ preso na miséria da favela"      Se preso pela pobreza e pela discriminação como alguém pode ter liberdade? 100 Anos de Liberdade - Realidade ou Ilusão? Samba Enredo do G.R.E.S Mangueira 1988 Autores: Jurandir, Alvinho e Hélio Turco Será... Que já raiou a liberdade Ou se foi tudo ilusão Será... Que a Lei Áurea tão sonhada Há tanto tempo assinada Não foi o fim da escravidão Hoje dentro da realidade Onde está a liberdade Onde está que ninguém viu Moço... Não se esqueça que o negro também construiu As riquezas do nosso Brasil Pergunte ao criador Quem pintou esta aquarela Livre do açoite da senzala Preso na miséria da favela Sonhei.... Que Zumbi dos Palmares voltou A tristeza

Nascido em 19 de novembro: Álvaro Moreyra.

Pena Dona Domitila, marquesa de Santos, eu gosto muito da senhora. O seu vestido foi o vestido mais bonito da nossa terra. Dona Domitila, marquesa de Santos, a senhora se vestiu de amor... Que pena não ter morrido moça, de cachos pretos, de olhos alegres. Que pena ter teimado em ficar velha, de vista cansada, de cabelos brancos, dona Domitila, marquesa de Santos... In: MOREYRA , Álvaro. Circo. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, 1929 Fonte: Escrit as. Imagem: Dominio Público

Nascida em 17 de Novembro: Raquel de Queiroz

Caricatura de: Polo Telha de Vidro  Quando a moça da cidade chegou veio morar na fazenda, na casa velha... Tão velha! Quem fez aquela casa foi o bisavô... Deram-lhe para dormir a camarinha, uma alcova sem luzes, tão escura! mergulhada na tristura de sua treva e de sua única portinha... A moça não disse nada, mas mandou buscar na cidade uma telha de vidro... Queria que ficasse iluminada sua camarinha sem claridade... Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda, tão claro que, ao meio dia, aparece uma renda de arabesco de sol nos ladrilhos vermelhos, que - coitados - tão velhos só hoje é que conhecem a luz doa dia... A luz branca e fria também se mete às vezes pelo clarão da telha milagrosa... Ou alguma estrela audaciosa careteia no espelho onde a moça se penteia. Que linda camarinha! Era tão feia! - Você me disse um dia que sua vida era toda escuridão cinzenta, fria, sem um luar, sem um clarão... Por que você na experimenta? A moça foi tão vem sucedida... Ponha

Nascido em 15 de novembro: Bernardo Élis

Primeira Chuva Quentura de noite pejada de nuvens baixas e negras. Bambos bamboleios de trovão soturno batendo o tímpano bambo da zabumba do horizonte. Trovão apagado,                                saudoso,                                                distante. Depois a chuva em grossos pingos sobre os telhados, Na poeira ressequida das estradas, na terra requeimada das queimadas, desprendendo um cheiro forte de gestação. (Mamãe molhava algodão em cachaça canforada E nos dava para cheirar: cuidado com defluxo!) Amanhã tudo vai começar de novo: as folhas voltarão aos galhos secos, as águas resmungarão nas grotas mortas, os pássaros do céu hão de cantar no cio... (E aquela que partiu porque não volta?) Lá fora uma goteira numa lata pinga, pinga a pingo,                                pengue,                                                pengue, numa toada monótona de preta que ninasse. Pengue,                 pengue, pingo a p

Um Músico Extraordinário, Lima Barreto

 Quando andávamos juntos no colégio, Ezequiel era um franzino menino de quatorze ou quinze anos, triste, retraído, a quem os folguedos colegiais não atraíam. Não era visto nunca jogando “barra, carniça, quadrado, peteca”, ou qualquer outro jogo dentre aqueles velhos brinquedos de internato que hoje não se usam mais. O seu grande prazer era a leitura e, dos livros, os que mais gostava eram os de Jules Verne. Quando todos nós líamos José de Alencar, Macedo, Aluísio e, sobretudo, o infame Alfredo Gallis, ele lia a Ilha Misteriosa, o Heitor Servadac, as Cinco Semanas em um Balão e, com mais afinco, as Vinte Mil Léguas Submarinas.      Dir-se-ia que a sua alma ansiava por estar só com ela mesma, mergulhada, como o Capitão Nemo do romance vernesco, no seio do mais misterioso dos elementos da nossa misteriosa Terra.      Nenhum colega o entendia, mas todos o estimavam, porque era bom, tímido e generoso. E porque ninguém o entendesse nem as suas leituras, ele vivia consigo mesm

Pasquim 50 Anos

     Primeiro número de O Pasquim saiu em junho de 1969.       Ninguém tinha feito nada parecido até então, e uns intelectuais meio loucos fizeram um jornal que não perdoava, não aliviava nada de um governo ditatorial.    Tempos de censura, prisões, torturas, exílios... Tempos tão diferentes!!  Gentes tão diferentes...    Colecionei O Pasquim por alguns anos. Lá conheci Jaguar, Millor, Ziraldo e Hefil com seus Frandins.  Li entrevista cheia de palavrões com Leila Diniz,  Madame Satã, Ibraim Sued.      Era um jornal tão maluco que misturava sarcasmo de  Paulo Francis com poesia de Ferreira Gullar.       Penso que era o jornal mais bagunçado e querido daquela época.        Ficou no  coração e memória de quem esperava ansiosamente por ele nas bancas. Ansiedade feliz numa época tão triste. Um poema num jornal cheio de piadas? É como disse Paulo Mendes Campos: "Quem não tem senso de humor não pode ser um poeta; quem não tem sentido lírico não pode ser humorista.&quo

Nascida em 9 de novembro: Dinah Silveira de Queiroz

             Orgia      As filhas, já às oito ou nove horas, perguntavam, devagarinho, boiando num resto de sono, tomando o café com leite:       — "A senhora também hoje se levantou antes das quatro"?       — "De certo, meninas. Que é que se vai fazer? Antes das quatro a fila já estava um colosso! Ia até a esquina. Ah! Vocês são umas preguiçosas. Não sabem quanta gente se levanta cedo!".      As filhas e o marido se impressionavam com aquele estranho zelo da dona de casa. Por que não mandar a empregada?      — "Na leiteria já me conhecem. Se eu mandar a criada, vocês nem vêem a cor do leite. E para mim o leiteiro vende quantos litros eu queira”.      Começou a fazer uns vestidos, não tão leves, não tão leves, não... para a fila do leite. As quatro, sempre corria uma aragem friorenta, vinda das bandas da praia. Os vestidos eram folgados — "pra gente estar à vontade" — e também assim eram os sapatos de salto baixo:      — "Esses são mesmo p

Nascida em 7 de Novembro: Cecília Meireles.

Este blog já fez várias postagens sobre a aniversariante de hoje. A minha preferida é esta , que mostra Cecília Meireles como pintora. Uma faceta da artista que eu não conhecia.   Noutra postagem, o blog esclarece uma dúvida sobre um poema que às vezes consta como de Cecília e noutras como de Vinicius de Moraes.  Janelas de Hotéis    e Natal  são  oportunidades de ver a autora além dos poemas.  Que tal encontrar  talvez   aqui ,   um pouco mais de Cecília Meireles?

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Nascido em 5 de Novembro: Rui Barbosa.

…”depois de tanto ver triunfar as nulidades”, o grande  Águia de Haia iria se lamentar e pedir desculpas por tudo  o que havia feito para acabar com a monarquia no Brasil ! Esse espírito foi sintetizado por Rui Barbosa,  quando se penitenciava de seu erro histórico.  Sua sobriedade lhe permitiu avaliar a situação e dizer:      “Havia uma sentinela vigilante, cuja severidade todos temiam, e que, acesa no alto, guardava a redondeza,  como um farol que não se apaga, em proveito da honra,  da justiça e da moralidade. Era o Imperador Dom Pedro II. “ “De tanto ver triunfar as nulidades,  de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer  a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes  nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra,  a ter vergonha de ser honesto …  Essa foi a obra da República nos últimos anos.       No outro regime (monarquia) o homem que tinha  certa nódoa em sua vida era

Coitada da Norma, Tão Culta! Sérgio Rodrigues

- E a Norma, heim? - O que é que tem? - Você não soube? Anda mal falada. - A Norma? Depois de Velha? Mas ela é tão culta! - Pois é. E com aquela pose toda, a mania de ditar regrinhas de bom comportamento, de corrigir todo mundo... - Mas o que foi que aconteceu? - Ora, o que aconteceu é que caiu a máscara da madame, né? Descobriram finalmente como ela é autoritária, elitista e preconceituosa. E pior, abrbitrária, totalmente desconectada da realidade. - Puxa, eu sempre achei a Norma tão correta... - Correta demais aí é que está. Era para desconfiar, acho que demorou. Parece que até aqueles amigos que ela se orgulhava de ter no minostério andam virando a cara para ela. - Ah, coitada. Eu sinto pena. - Pois eu acho ótimo. Nunca fiquei à vontade na presença da dona, sabia? Muitas vezes aconteceu de eu ter alguma coisa importante para falar e ficar com medo. Preferia nem abrir a boca. - Isso é verdade, a Norma sempre foi difícil. - Tá vendo? Nem você, que é meio puxa-saco, está d