Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2010

Tudo Por Causa da Escrava Isaura!!

                                            Ex-catadora de papel mantém biblioteca com 22 mil livros Vanilda na biblioteca. Em 1998, a mineira Vanilda de Jesus Pereira sofreu um derrame cerebral. Impossibilitada de retomar o trabalho de babá, passou a recolher papéis nas ruas. Havia um tipo, porém, que não servia à reciclagem: os livros. Hoje seu acervo reúne cerca de 22 mil títulos, disponíveis na biblioteca Graça Rios , que fundou na favela de Paquetá, em Belo Horizonte. Desde muito cedo Vanilda manifestava interesse pela literatura, apesar de ter estudado apenas até a sexta série. O pai, analfabeto, achava leitura coisa à toa. Mulher tinha que aprender a cozinhar e a ser boa esposa. Em 1977, aos 14 anos, a menina foi trabalhar como babá. Certo dia, esqueceu de fazer uma tarefa. A patroa encontrou-a com um livro aberto: “Onde você quer chegar lendo?”, esbravejou. Foi demitida. Com o dinheiro que dispunha, tratou de comprar o livro da discórdia – Escrava Isaura. “Qu

Estou no Estante virtual

Preciso esvaziar minha estante, visite meu acervo...   http://www.estantevirtual.com.br/acervo/reggyna

A Sopa de Pedra, David Martins

      Descia o Sol no horizonte. Pela estrada, coberto de poeira, seguia Frei Bernardo, o rosário a tilintar, a barriga a dar horas. Longa tinha sido a caminhada, isto para não mencionar a lonjura que ainda tinha de palmilhar até chegar ao mosteiro.      Se era vivo de espírito, não era menos robusto de corpo, o nosso frade. Cem léguas caminharia, tivesse ele a barriga cheia... mas, não se via nem galinha transviada, nem macieira a convidá-lo sem o dono por perto. Nada, coisa alguma que se pudesse comer. Pouco faltava para ele maldizer a sua vida, quando avistou uma quinta no horizonte: o seu santo protector nunca se esquecia de velar por ele! Sorriu, satisfeito. Afinal, não há mal que sempre dure. Com um pouco de sorte, alguma coisa lhe dariam para comer. Mas os tempos não iam de feição para se fazer caridade. A vida estava muito difícil, os anos de seca não deixavam os cereais germinar, os legumes definhavam nas hortas, os animais morriam de fome e de sede. Acrescentem-se os i

Capa de livro: Liga , desliga - Collen McCulough

O livro : Liga, desliga Collen McCulough Bertran Brasil A capa: Raul Fernandes

Epigrama, Gregório de Mattos

Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia. Que falta nesta cidade?... Verdade. Que mais por sua desonra?... Honra. Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha. Quem a pôs neste socrócio?(1)... Negócio. Quem causa tal perdição?... Ambição. E no meio desta loucura?... Usura. Notável desaventura De um povo néscio e sandeu, Que não sabe que perdeu Negócio, ambição, usura. Quais são seus doces objetos?... Pretos. Tem outros bens mais maciços?... Mestiços. Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos. Dou ao Demo os insensatos, Dou ao Demo o povo asnal, Que estima por cabedal, Pretos, mestiços, mulatos. Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos. Quem faz as farinhas tardas?... Guardas. Quem as tem nos aposentos?... Sargentos. Os círios lá vem aos c

Oração Para Antônio Maria, Pecador e Mártir, Vinicius de Moraes

     Nos domingos anteriores, postei crônicas do jornalista, compositor e boêmio pernambucano nascido em 1921 no Recife e falecido no Rio  de Janeiro em  1964. Hoje, para encerrar, transcrevo:  " Oração para Antônio Maria , pecador e mártir", escrita por Vinícius de Moraes em julho de 1968: "Nós saíamos os dois do "Vogue", e depois de deixar Aracy no táxi que a levava ao seu subúrbio, seguíamos de carro até o Leblon, às vezes acompanhando a matilha madrugadora de vira-latas a transitar entre as calçadas do Jardim de Alá; havia sempre um que parava para fazer pipi, o que provocava o reflexo dos outros, e era aquela mijação feliz — que eu nunca vi raça de bicho mais contente da vida que vira-lata carioca ao nascer do Sol. Parecia, mal comparando, uma fileira de lingüiças semoventes, uma a cheirar o rabinho da outra. Você ria uma grande gargalhada, contente com o seu Cadillac velho, com a explosão da aurora no mar, com os vira-latas transeuntes e

Crônicas da M.P.B: Garçom

http://www.youtube.com/watch?v=kKBRegu5L14 Garçom Reginaldo Rossi Garçom! Aqui! Nessa mesa de bar Você já cansou de escutar Centenas de casos de amor... Garçom! No bar todo mundo é igual Meu caso é mais um, é banal Mas preste atenção por favor... Saiba que o meu grande amor Hoje vai se casar Mandou uma carta pra me avisar Deixou em pedaços meu coração... E pra matar a tristeza Só mesa de bar Quero tomar todas Vou me embriagar Se eu pegar no sono Me deite no chão!... Garçom! Eu sei! Eu estou enchendo o saco Mas todo bebum fica chato Valente, e tem toda a razão... Garçom! Mas eu! Eu só quero chorar Eu vou minha conta pagar Por isso eu lhe peço atenção... Saiba que o meu grande amor Hoje vai se casar Mandou uma carta pra me avisar Deixou em pedaços meu coração...

Tarde de Cordel no Recife

Tarde de Cordel Onde? Livraria da Jaqueira Endereço:Rua Antenor Navarro 138 - Jaqueira O que vai haver? Lançamento dos livro: “Mulheres: do Preconceito à Justiça”; “Patativa do Assaré - Um Poeta do Sertão”; e “Folclore Brasileiro”. Quem vai estar lá? Rivani Nasario, conhecida como a cangaceira do cordel,  e os cordelistas:Meca Moreno, Davi Teixeira e José Evangelista.

Contados, Astuciados,sSucedidos e Acontecidos do Povinho do Brasil (4) José Cândido de Carvalho

Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicom      Lulu Bergantim veio de longe, fez dois discursos, explicou por que não atravessou o Rubicon, coisa que ninguém entendeu, expediu dois sôcos na Tomada da Bastilha, o que também ninguém entendeu, entrou na política e foi eleito na ponta dos votos de Curralzinho Nôvo. No dia da posse, depois dos dobrados da Banda Carlos Gomes e dos versos atirados no rosto de Lulu Bergantim pela professora Andrelina Tupinambá, o novo prefeito de Curralzinho sacou do paletó na vista de todo o mundo, arregaçou as mangas e disse:      -Já falaram, já comeram biscoitinhos de araruta e licor de jenipapo. Agora é trabalhar!      E sem mais aquela, atravessou a sala da posse, ganhou a porta e caiu de enxada nos matos que infestavam a Rua do Cais. O povo, de boca aberta, não lembrava em cem anos de ter acontecido um prefeito desse porte. Cajuca Viana, presidente da Câmara de Vereadores, para não ficar por baixo, pegou também no instrumento e foi

The challenges of scientific an environmental journalism: the second-generation biofuels

In today's world, the development of alternative sources of energy is becoming more necessary in order to solve the global problems of energy supply, climate change and other environmental issues. However, as some of these processes are in their early stages, their feasibility and impacts are not possible to measure. In the case of biofuels, the new generations are being heavily criticised whilst they are being researched. This book brings a series of articles about the second-generation biofuels, analysing their repercussions in economic, technological and environmental fields. The book also presents an analysis on scientific and environmental journalism, discussing the role of the media in society; the role of science and environmental reporting; the problems journalists face; the challenges posed by the increasingly commercial media; and interviewing journalists to learn how they deal with their work environment challenges. This discussion is of public interest and could be us

Estadão: 419 dias sob censura

Frequentes vezes, informei aqui sobre a censura ao Estadão, e mais de uma vez perguntei a razão de nunca ter visto reação alguma de quem em outros tempos gritava a plenos pulmões contra a censura à imprensa. Volto então para dizer da minha imensa felicidade por ver no próprio Estadão que houve reação. Enfim, alguém  abriu a boca. Imagem Agência estado. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100923/not_imp613986,0.php

Ví, adorei e recomendo.

Estive recentemente em São Paulo e fui conhecer o Museu da Língua Portuguesa . Recomendo a todos. Vi a exposição atual que é de Fernando Pessoa, mas não é só por ela a minha recomendação. O museu é uma concepção inteligentíssima. Sem ver não dá para ter ideia de como é possível interagir, mas é possível sim e a gente faz instintivamente. É passeio válido  para crianças,  adultos, estudantes, professores, para todos na verdade. Voltando  a São Paulo vou lá novamente. Aliás desde agora recomendo  ao  turista, gastar o dia inteiro naquele triângulo: Museu e Estação da Luz, e do outro lado da rua a Pinacoteca. duvido que não goste. A seguir informações retiradas do site: O Museu da Língua Portuguesa está localizado no centenário prédio da Estação da Luz em São Paulo, cidade com o maior número de pessoas que falam português no mundo (aproximadamente 11.000.000 de habitantes). Marco histórico da Cidade de São Paulo, o prédio da Estação da Luz, com sua arquitetura inglesa do iníc

Horóscopo de Vinícius de Moraes- Libra

LIBRA Vinicius de Moraes A mulher de libra Não tem muita fibra Mas vibra. Quer ver uma libriana contente? Dê-lhe um presente. Quando o marido a trai A mulher de libra balanças mas não cai. Se você a paparica Ela fica. Com librium ou sem librium Salve, venusina Que guarda o equilíbrio Na corda mais fina.

Poema Para Um Mercado, João Levi Miguel

Sr. João Levi - Imagem Rev.Época on line  Construído por imigrante, este prédio tão gigante, em toda parte do mundo é falado. 25 de janeiro, dia do seu aniversário, receba esta homenagem de um dos seus permissionários. Nós todos vamos embora, mas vêm outros proprietários. Deus que conserve esta estrutura por muitos mais centenários. João Levi Miguel (dedicado ao Mercado Municipal de São Paulo)

Por Um Pé de Feijão, Antônio Torres

     Nunca mais haverá no mundo um ano tão bom. Pode até haver anos melhores, mas jamais será a mesma coisa. Parecia que a terra (á nossa terra, feinha, cheia de altos e baixos, esconsos, areia, pedregulho e massapê) estava explodindo em beleza. E nós todos acordávamos cantando, muito antes do sol raiar, passávamos o dia trabalhando e cantando e logo depois do pôr-do-sol desmaiávamos em qualquer canto e adormecíamos, contentes da vida.      Até me esqueci da escola, a coisa que mais gostava. Todos se esqueceram de tudo. Agora dava gosto trabalhar.      Os pés de milho cresciam desembestados, lançavam pendões e espigas imensas. Os pés de feijão explodiam as vagens do nosso sustento, num abrir e fechar de olhos. Toda a plantação parecia nos compreender, parecia compartilhar de um destino comum, uma festa comum, feito gente. O mundo era verde. Que mais podíamos desejar?      E assim foi até a hora de arrancar o feijão e empilhá-lo numa seva tão grande que nós, os meninos, pensáva

Capa de livro: Pronto Pra Guerra

O livro: Pronto Pra Guerra Autor: Leandro Paiva Ed. OMP - 2009 Assunto: Futebol Capa: Leonardo Castelo Branco Foto: Leandro Paiva Projeto gráfico: Heitor Costa.   Neste livro, o assunto central é o tema da inclusão. O assistente social e consultor de reabilitação Romeu Kazumi Sassaki discute os conceitos inclusivistas, aborda a inclusão na escola, na saúde, no mercado de trabalho, nos esportes, nas artes e no turismo. O autor analisa o desenho universal para ambientes físicos e também as leis e políticas integracionistas e inclusivas.(Site da Saraiva)

Melhores livros do primeiro semestre 2010

Brochura,280 pags. Ed.Record R$34,90 Americanas. Em votação mensal, os membros da comunidade livro errante escolheram os melhores livros do primeiro  semestre de 2010 Prata do Tempo - Letícia Wierzchwski Rio das Flores - Miguel de Souza Tavares Os Homens Que Não Amavam As Mulheres - Stieg Larsson O Que Cabe Em Duas Malas - Verônika Peters O Olho  da Rua - Eliane Brum O Castelo de Vidro - Jeanette Walls Infiel - Miriam Goldemberg Inês de Minha Alma - Isabel Allende Eu, Malika Oufkir, Prisioneira do Rei - Malika Oufkir e Michèle Filoussi Cris, A Fera - Davi Coimbra Cisnes Selvagens - Jung Chang Beleza e Tristeza - Yasunari Kwabata A Trégua - Mario Benedeti A Pérola - John Staimbeck A Costa do Mosquito - Paul Theroux

Gula, Richardson Nochelli

  Se soubesse o tamanho da minha fome não se arriscaria servir-se de bandeja ao meu desejo. Se entendesse o anseio ardente de ti que me corroe, não deixaria sequer um dedo a mostra em minha presença. Devoro-te! Alimento-me de teus desejos, incorporando-os aos meus e sou agora um amontoado de alucinações, vive em mim como uma praga desejada, como a peste convidada, como a morte bem vinda.

Guia Prático e Sentimental da Rio-São Paulo, Antônio Maria

    Ao completar 60 viagens da rodovia Presidente Dutra, gostaria de contar as belezas, os perigos e os mistérios dessa estrada comprida. Há quase dois anos, todas as vezes que são Paulo dá saudade e chama, venho  fazendo esse caminho e o  considero o maior prazer de um  viciado  em automóvel. Se a estrada ja matou gente, não  a evitem por isso. O homem, morredor por excelência, tem morrido, tragicamente, em  todos os caminhos do mar,do  céu e da terra. É necessário, porém, saber andar naquela pista estreita. Se a reta tem  quase cem  quilômetros, o pneu pode não ter mais nem um minuto  de vida. Se a curva surgiu  de repente, vamos desenhá-la a capricho, ocupando menos da metade do  asfalto. Se, depois, o  terreno é ondulado, na baixa pode haver um  buraco ou um carro enguiçado. Tomados esses cuidados, o motorista deve apegar-se a uma ideia - chegar. O  tempo normal de uma viagem tranqüila é de seis horas. Mas, a tendência de quem  dirige é encurtar esse tempo, depois da terceira

Crônicas da M.P.B:Sinal Fechado

Sinal Fechado Paulinho da Viola – Olá! Como vai? – Eu vou indo. E você, tudo bem? – Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você? – Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo... Quem sabe? – Quanto tempo! – Pois é, quanto tempo! – Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios! – Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem! – Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí! – Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe? – Quanto tempo! – Pois é...quanto tempo! – Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas... – Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança! – Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente... – Pra semana... – O sinal... – Eu procuro você – Vai abrir, vai abrir... – Eu prometo, não esqueço, não esqueço... – Por favor, não esqueça, não esqueça... – Adeus! – Adeus! – Adeus!

Prêmio Camões 2010

Imagem Agência Estado O poeta maranhense Ferreira Gullar recebeu hoje, dia 17, diploma do Prêmio Camões 2010 , a mais importante premiação entre os países de língua portuguesa.  Com 80 anos recém completados Ferreira Gullar foi aplaudido de pé e agradeceu: "O sentido da vida é o outro, é o outro que dá sentido ao que a gente faz. Quando o reconhecimento chega nesse nível, a gente vê que valeu a pena."

Contados, Astuciados,Sucedidos e Acontecidos do Brasil, José Cândido de Carvalho

Uma Questão de Vida ou de Gravata Borboleta De José Cândido  de Carvalho em Porque Lulu Bergantim não  atravessou o  Rubicon     O Môço Abreu Pestana montou, na Rua da Imperatyriz, banca de doutor em leis, chegado do Rio  e aparelhado para defender, no  civil e fora do  civil, qualquer causa por mais pau-de-formiga que fôsse. Era em São Félix, cidadezinha que vivia a bem  dizer das tetas de léguas em  derredor. Era branquinha de leite, com jardim de passear e igreja de rezar. O  dono de tôda essa ostentação morava no Beco do Cravo, em  casarão que vinha do mais recuado antigamente, o Major Leleu Calaça. Valia o major por um  saco de surucucus. O povo, contaminado de susto, passava diante de sua varanda em jeito  de vírgula, cabeça rebaixada,  quase na ponta do pé. Mas o môço abreu Pestana, doutor novinho em  fôlha, deixou de lado a fama do major e aceitou cobrar umas contas muito  dormidas dêle.Quando, no meio  da barba, no Salão Royal, Pestana assevereou que ia demandar contra