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Mostrando postagens de abril, 2008

Muito prazer,Graciliano

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer ." (Graciliano Ramos, em entrevista concedida em 1948) O Grupo Muito prazer, Graciliano está em andamento: Caetés - com Márcia Regina (RS) Próximos leitores:Ane(RS); Lucila(BA);Ninah(MG), Nana(RJ);Walquíria(RJ):Rosa(GO);Haydée(RS), Joelma(PB) São Bernardo com:

Gentilmente cedido pelo autor

Fábula urbana José Rezende Jr. * –Moço, me dá um livro? –Estou sem moeda. A resposta escapuliu num refluxo. Uma resposta-padrão, como se fosse aquele o pedido mais natural do mundo. “Livro????”, refletiu, um segundo depois, o homem de terno. Teria o menino pedido “livro”, em vez de “dinheiro”, “trocado”, “um real”??? Mesmo que houvesse o menino pronunciado um coerente “Moço, me dá um de-comer que eu tô com fome” ainda assim alguma coisa estaria fora de ordem e de lugar. A começar pelo diálogo em si. Como haveriam de contracenar neste mesmo cenário – um shopping center, perto das dez da noite – personagens tão opostos quanto este, o homem de terno, e aquele outro, o menino pobre que pedia livro, dinheiro, comida ou outra coisa qualquer? Era, pois, um diálogo inexistente, concluiu o homem de terno. –Pode ser qualquer livro, moço. A insistência do menino devolveu o homem à realidade absurda. O homem olhou em volta: nenhum segurança de paletó e gravata, nem o mais remoto zumbido de algum

18 de Abril - dia do livro infantil

Esta data foi escolhida como dia do livro infantil porque é o dia no nascimento de Monteiro Lobato , maior nome do gênero infantil do país. Mesmo quem jamais leu algum de seus livros, conhece de alguma forma suas criações ou,no mínimo, lembra da musica de todas as manhãs na voz de Gilberto Gil, pela TV Globo nos anos 80: Sítio do Pica-pau-amarelo Gilberto Gil Marmelada de banana Bananada de goiaba Goiabada de marmelo Sítio do Pica-pau-amarelo Sítio do Pica-pau-amarelo Boneca de pano é gente Sabugo de milho é gente O sol nascente é tão belo Sítio do Pica-pau-amarelo Sítio do Pica-pau-amarelo Rios de prata, piratas Vôo sideral na mata Universo paralelo Sítio do Pica-pau-amarelo Sítio do Pica-pau-amarelo No país da fantasia Num estado de euforia Cidade polichinelo Sítio do Pica-pau-amarelo Sítio do Pica-pau-amarelo. Lobato, mais conhecido como autor infantil, também escreveu para adultos: O Saci Pererê: resultado de um inquérito (1918) Urupês (1918) Pr

Os Fariseus da Praça, Josué Araújo

     Após três meses, afastado do trabalho, por conseqüência de um acidente de carro, fui caminhar um pouco pelo centro da cidade. A clavícula estava calcificada e o corte na face cicatrizava milagrosamente sem deixar marcas. Pensei em retornar à vida boemia, mas não sentia a mesma alegria de antes do acidente.      Eram dias de inverno com chuvas frias e persistentes. No primeiro dia de trabalho, usei o intervalo do almoço para dar um passeio na Praça da Sé. Jamais gostei do inverno, sempre fui como um escorpião do deserto. Reconheço que há invernos e invernos: O inverno amigo dos privilegiados que se deliciam do calor à beira de uma lareira, deixando o frio da porta para fora; Há também o inverno dos menos privilegiados, que não têm uma porta para entrar.      O frio não era um argumento forte para que a Praça da Sé ficasse deserta. A torre da Catedral alertava para a possível presença do “Corcunda de Notre Dame." À esquerda, a fonte sobre o buraco do progresso, raramente de

Viola Vaughan

O Melhor Trabalho de Minha Vida Kaolack, Senegal (CNN) - Depois da morte súbita de sua filha de 26 anos, deixando cinco netos aos seus cuidados, Viola Vaughn procurou encontrar a paz. Ainda que tivesse nascido em Detroit, Michigan, ela trabalhou a maior parte de sua vida na África que ela considerava como sua terra natal. Então, ela e o marido voltaram para lá para educar a nova geração e “ver os coqueiros crescerem”. “Mas o universo tinha outro destino para mim”, diz Vaughn. Ela não poderia ter imaginado que estes planos fossem incluir não só mais tragédia mas também a motivação necessária para dar oportunidades de educação a centenas de crianças que haviam deixado a escola. Logo depois de se mudarem para Kaolack, Senegal, em 2000, o marido de Vaughn – o músico de jazz Sam Sanders – morreu de doença pulmonar. Em meio ao seu luto, Viola se confortou com a presença de seus netos cujas idades variavam de 4 a 12 ano, e preencheu seus dias ensinando-os em casa as matérias da escola. O

Comentário

O Que Podemos Fazer? Regina Porto Recebo de Letícia matéria sobre hábitos de consumo de cultura pelo brasileiro. A matéria, encomendada pela Fecomercio-RJ, mostra que nós vamos pouco a shows, teatro, cinema e lemos pouco. “-- A pesquisa derruba todo o cenário construído até agora sobre o tema, que fala muito de preços altos e do medo da violência na rua. Ela mostra que o brasileiro não consome cultura porque não conhece e, por isso, não gosta. È uma falta de hábito que leva ao desinteresse, o que só pode ser resolvido num trabalho de longo prazo – resume o presidente do Sistema Fecomércio-RJ, Orlando Diniz.” Prossegue dizendo que a falta de hábito foi constatada em todas as classes sociais. Detenho-me nos livros e encontro, ainda na matéria, o que se segue: “Do total de entrevistados, 69% disseram, por exemplo, que não leram nenhum livro ano passado.” A pesquisa diz que é irrelevante se da classe A ou D se tem instrução universitária ou básica. A pouquíssima leitura é a mesma. Somente

Sexta poética - 4

Alienação Márcia Regina Rejeitam-se corpos entre surdas ameaças Olhos de olhares vazios Bocas mudas de som Fecham-se portas no cerrar de caminhos Fendas ressecadas são amortecidas Mãos andarilhas não revolvem mais Rejeitam-se corpos entre surdas ameaças Teus olhos vazios Minha boca muda

Muito prazer, Graciliano.

Começou hoje o grupo de leitura de Caetés na comunidade Livro Errante. Caetés , primeiro romance de Graciliano Ramos , começou a ser escrito em 1925 e foi concluido em 1928. Sua publicação, porém, só aconteceu em 1933 quando o autor tinha 41 anos. Graciliano Ramos, então prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, enviou ao governador do Estado das Alagoas a prestação de contas de sua gestão como prefeito. O relatório, por sua qualidade literária, chegou às mãos de Augusto Frederico Schmidt, editor que perguntou ao autor se ele não teria outros escritos que pudessem ser publicados. Tinha. P.S: o relatório, está no livro Viventes das Alagoas (livro póstumo-1962). Pela absoluta correção, concisão e clareza deveria ser obrigatório para estudantes e professores. Deveria ser obrigatório também a todos os nossos políticos pelo exemplo indiscutível de lisura. (comentário de minha total responsabilidade, não reflete necessariamente a opinião dos demais membros da comunidade L.E)