O Que Podemos Fazer?
Regina Porto
Recebo de Letícia matéria sobre hábitos de consumo de cultura pelo brasileiro. A matéria, encomendada pela Fecomercio-RJ, mostra que nós vamos pouco a shows, teatro, cinema e lemos pouco. “-- A pesquisa derruba todo o cenário construído até agora sobre o tema, que fala muito de preços altos e do medo da violência na rua. Ela mostra que o brasileiro não consome cultura porque não conhece e, por isso, não gosta. È uma falta de hábito que leva ao desinteresse, o que só pode ser resolvido num trabalho de longo prazo – resume o presidente do Sistema Fecomércio-RJ, Orlando Diniz.”
Prossegue dizendo que a falta de hábito foi constatada em todas as classes sociais. Detenho-me nos livros e encontro, ainda na matéria, o que se segue: “Do total de entrevistados, 69% disseram, por exemplo, que não leram nenhum livro ano passado.”
A pesquisa diz que é irrelevante se da classe A ou D se tem instrução universitária ou básica. A pouquíssima leitura é a mesma. Somente 5% declararam não poder comprar livro. Para os demais a falta de hábito ou apenas o franco: “não gosto”.
Desde março quando recebi a matéria, fiquei pensando sobre esse desinteresse pela leitura.
O preço, só afetou 5% e mesmo assim temos de pensar se o percentual não é realmente menor uma vez que a proliferação de bares é visível.
Não creio que o computador tenha afastado ninguém dos livros. Alguma pesquisa sobre isso?
A escolaridade básica não teria alguma participação nisso? Existem muitas crianças analfabetas totais mesmo freqüentando as terceiras-séries;
Em missa ou cultos evangélicos, preciso da ajuda divina para compreender o que de forma gaguejada, acentuação incorreta e sem pontuação é lido pelos fiéis.
Outro dia ouvi uma professora me dizer entristecida, porém convicta: “eles se entértem com qualquer coisa, como posso dar aula desse jeito?”
Engano. Alunos e professores são vitimas de um descaso imenso e de longas datas. Não há eficácia em nenhuma campanha de incentivo à leitura se não passar antes pela melhoria do ensino básico. Trabalho árduo e prolongado para resultado não tão imediato que dê votos a este, o próximo e o próximo presidentes. Mas se jamais começar, desde agora teremos a certeza de que, como num dominó, breve teremos reitores “entertidos” em livros líquidos e não em seus afazeres administrativos. É grave.
Que podemos fazer? É urgente.
P.S: livro mais vendido categoria não ficção: 1808 – Laurentino Gomes R$ 20,30
1 latinha de cerveja Antarctica: R$1,22
O livro mais vendido da última semana de março 2008 custa: 16,63 latinhas de cerveja.
_____________________________________________________________________________
Matéria citada publicada no Jornal O Globo do dia 28/03/2008
Livros mais vendidos: Estadão
Preço do livro: www.saraiva.com.br
Preço da cerveja: variou entre R$1,22 e R$1,25 - usei o menor preço.
Regina Porto
Recebo de Letícia matéria sobre hábitos de consumo de cultura pelo brasileiro. A matéria, encomendada pela Fecomercio-RJ, mostra que nós vamos pouco a shows, teatro, cinema e lemos pouco. “-- A pesquisa derruba todo o cenário construído até agora sobre o tema, que fala muito de preços altos e do medo da violência na rua. Ela mostra que o brasileiro não consome cultura porque não conhece e, por isso, não gosta. È uma falta de hábito que leva ao desinteresse, o que só pode ser resolvido num trabalho de longo prazo – resume o presidente do Sistema Fecomércio-RJ, Orlando Diniz.”
Prossegue dizendo que a falta de hábito foi constatada em todas as classes sociais. Detenho-me nos livros e encontro, ainda na matéria, o que se segue: “Do total de entrevistados, 69% disseram, por exemplo, que não leram nenhum livro ano passado.”
A pesquisa diz que é irrelevante se da classe A ou D se tem instrução universitária ou básica. A pouquíssima leitura é a mesma. Somente 5% declararam não poder comprar livro. Para os demais a falta de hábito ou apenas o franco: “não gosto”.
Desde março quando recebi a matéria, fiquei pensando sobre esse desinteresse pela leitura.
O preço, só afetou 5% e mesmo assim temos de pensar se o percentual não é realmente menor uma vez que a proliferação de bares é visível.
Não creio que o computador tenha afastado ninguém dos livros. Alguma pesquisa sobre isso?
A escolaridade básica não teria alguma participação nisso? Existem muitas crianças analfabetas totais mesmo freqüentando as terceiras-séries;
Em missa ou cultos evangélicos, preciso da ajuda divina para compreender o que de forma gaguejada, acentuação incorreta e sem pontuação é lido pelos fiéis.
Outro dia ouvi uma professora me dizer entristecida, porém convicta: “eles se entértem com qualquer coisa, como posso dar aula desse jeito?”
Engano. Alunos e professores são vitimas de um descaso imenso e de longas datas. Não há eficácia em nenhuma campanha de incentivo à leitura se não passar antes pela melhoria do ensino básico. Trabalho árduo e prolongado para resultado não tão imediato que dê votos a este, o próximo e o próximo presidentes. Mas se jamais começar, desde agora teremos a certeza de que, como num dominó, breve teremos reitores “entertidos” em livros líquidos e não em seus afazeres administrativos. É grave.
Que podemos fazer? É urgente.
P.S: livro mais vendido categoria não ficção: 1808 – Laurentino Gomes R$ 20,30
1 latinha de cerveja Antarctica: R$1,22
O livro mais vendido da última semana de março 2008 custa: 16,63 latinhas de cerveja.
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Matéria citada publicada no Jornal O Globo do dia 28/03/2008
Livros mais vendidos: Estadão
Preço do livro: www.saraiva.com.br
Preço da cerveja: variou entre R$1,22 e R$1,25 - usei o menor preço.
Regina, boa tarde! Frequento a livraria nobel em minha cidade, e, constato que muitos pais como no meu caso que tenho um filho de 5 anos, reclamam de preços de livros para os pequenos. Mas este, não deixam de comprar o renomado lanche de uma rede por 10,95, que traz o brinde como curiosidade. O que dizer disto? Há livros indicados para crianças por preços menores, e, muito instrutivos. Sem contar que é para o resto de nossas vidas. Aqui na cidade, um grande hipermercado que anunciava recentemente várias ofertas sobre 1808, Conspiração Fransciscana, A montanha e o rio. Quando lá cheguei só havia 1 exemplar de cada. Hoje as escolas estão cientes sim, da necessidade ler, e, acredito que os pais mais ainda. Como frequento a biblioteca municipal vejo um grande número de frequentadores, uma vez que a mesma assina jornais e revistas. Então dizer que livro é caro é uma grande bobagem. Ah, tem mais, um simples batom (mágico), leia-se boticário custa mais de 26,00. Um batom!!! Abraços, Eliana _ Elianinha - Mogi Guaçu -SP.
ResponderExcluirUma vez perguntei para um professor, classe media: quantos livros vc bebe e quantos livros vc lê? bemhumorado, fez as contas comigo e naquele ano de 2006 os livros líquidos tinham ganho com larga vantagem.
ResponderExcluirAcho que é mais preocupante o que não gosta. Nesse grupo tem muita gente, não só criança, que NÃO ENTENDE O QUE LÊ - ah, nossas escolas!
Regina, querida. Você disse tudo! Recentemente uma aluna do curso de Pedagogia me disse que não sabe como proceder em uma aula, mas também não procurou um livro amigo para se informar! (rs) Abraços , Eliana _ Elianinha .
ResponderExcluirA Opini�o da leitora n�o refelte necessariamente a da comunidade livro errante.
ResponderExcluirL.E
Já tivemos a oportunidade de trocar nossas idèias sobre o assunto. E confesso que não vejo solução imediata.
ResponderExcluirTemos que nos concientizar que mesmo com a "invasão dos computadores" a leitura vai ser cada vez mais necessária. Acredito que o computador aumentou a necessidade de se daber ler e escrever.
Gostaria de ver uma campanha silenciosa, nacional, das estações de televisão e das companhias de marketing que mostrassem regularmente meninas bonitas lendo, rapazes desejáveis lendo, mais do que aqueles que aparecem com corpos delirantes em que o único valor mostrado é o do corpo são. Onde está a mente sã?
Ladyce -- Rio de Janeiro
Muito fácil culpar os professores, Regina, venha você para a sala de aula ver com os próprios olhos a dureza de ensinar quem não quer nada com a vida.
ResponderExcluir"TODA CAMINHADA COMEÇA COM UM PASSO"
ResponderExcluirA AEL - ACADEMIA ESTUDANTIL DE LETRAS PADRE ANTÔNIO VIEIRA - foi fundada em 30.05.05, na EMEF Padre Antônio Vieira, resultado de um sonho que me acompanhava desde a adolescência.Trata-se de um grupo de estudantes, que se reúne comigo, para estudar Literatura e descobrir os prazeres desse mundo mágico.
São 25 jovens acadêmicos, que ocupam cadeiras literárias e representam os "imortais".
Ingressam na Academia de Letras como simpatizantes, passam a suplentes de cadeiras já existentes, para substituirem os titulares quando esses deixarem a escola ao final do curso; ou são aspirantes, quando pretendem fundar cadeiras novas.
Os resultados desse trabalho são extremamente gratificantes e comprovados ao longo desse primeiro ano.
Professora Maria Sueli Gonçalves - SP. Lutou só, contra vários preconceitos mas hoje, são mais de cinco colégios com a AEL - instalada, ajudando muitos alunos adolescentes a gostar de literatura e se diferenciar dos demais, de forma positiva.
Essa é a Academia criada por essa professora que faz a diferença: http://ael.zip.net/arch2006-04-16_2006-04-22.html
Josué, parabenizo a professora.
ResponderExcluirSim, toda caminhada começa com o primeiro passo. Aqui para nós, mulheres sabem dar o primeiro passo ou estou sendo sexista?
Acredito que o caminho é lento, mas tem que começar na escola, é lá que se inicia o prazer pela leitura, e covenhamos o nosso "português" é muito mal dado nas escolas, inclusive nas particulares, eu vivia brigando na escola de minhas filhas sobre o programa de ensino, muita ênfase nas matérias de exatas e quase nada de Português ou literatura. Graças a mim, após muitos anos de tentativa, elas gostam de ler, mas foi um trabalho árduo. Imaginem quem não tem nada disso, nem na escola e muito menos em casa.Meu prazer de leitura veio pela escola, pelos bons professores de português que tive, que despertavam em nós a curiosidade e o prazer também da escrita.
ResponderExcluirSomente uma reforma no ensino, começando pelos professores(treinamento intensivo) pode mudar esta ótica do brasileiro.