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Mostrando postagens de junho, 2019

Amós Oz Responde: O Que É Um Fanático?

Em sua obra  Mais de Uma Luz (Companhia das Letras, 2017), define o fanático como “aquele que só sabe contar até um”. Sua realidade termina nele. Sua matemática se esgotada aí. Não cabem nem dois, porque, segundo ele, “uma das realidades contundentes que identificam um fanático é sua ardente aspiração de mudar o outro para que seja como ele”.  (Amós Oz, Mais Uma Luz, Cia das Letras, 2017) O escritor israelense muito sabiamente explica o que é um fanático. Nossos tempos estão cheios deles. Os fanáticos brasileiros, israelenses, sírios ou americanos. Os fanáticos políticos e ou religiosos. Estão nas ruas sempre querendo a mesma coisa.  Veja aqui sobre o assunto  

A Dor de Ser Poeta, Vinícius Gregório

Talvez não seja tão bom Ser poeta nessa vida; Talvez seja até sofrida A vida com esse dom. Afirmo isso em bom som: Alegria nos renega! É que o poeta se entrega, Sente a dor de todo mundo... Tem sempre um choro profundo Que no sei peito se apega. Saudade é sempre pior No coração do poeta! Alegria é nossa meta, Mas a tristeza é maior! Eu sinto a dor do menor Abandonado e sem trilho,  Sinto a dor do andarilho, Sinto do velho a idade, Eu sinto até da saudade, Da mãe que perdeu o filho... Eu sinto a dor de quem ama, Mas não pode ser amado. Eu sofro multiplicado Quando a paixão não me inflama. Eu sinto o queimar da chama De quem sente solidão. Sinto a fome de um irmão Que a muito tempo não come, Eu sinto a praga da fome Que atrapalha meu sertão. O poeta nasce feito Com seu destino traçado. Já nasce predestinado A sentir dor no seu peito... Deus nos criou desse jeito: Uma raça diferente. Sinto a dor de toda gente Que não tem sonho nem meta... Sinto

Curta História, Machado de Assis

      A leitora ainda há de lembrar-se do Rossi, o ator Rossi, que aqui nos deu tantas obras-primas do teatro inglês, francês e italiano. Era um homenzarrão, que uma noite era terrível como Otelo, outra noite meigo como Romeu. Não havia duas opiniões, quaisquer que fossem as restrições, assim pensava a leitora, assim pensava uma D. Cecília, que está hoje casada e com filhos.      Naquele tempo esta Cecília tinha dezoito anos e um namorado. A desproporção era grande; mas explica-se pelo ardor com que ela amava aquele único namorado, Juvêncio de Tal. Note-se que ele não era bonito, nem afável, era seco, andava com as pernas muito juntas, e com a cara no chão, procurando alguma coisa. A linguagem dele era tal qual a pessoa, também seca, e também andando com os olhos no chão, uma linguagem que, para ser de cozinheiro, só lhe faltava sal. Não tinha idéias, não apanhava mesmo as dos outros; abria a boca, dizia isto ou aquilo, tornava a fechá-la, para abrir e repetir a operação.      Muitas

Corpus Christi, André Santos Silva

"Como pode ser um Deus tão grande, como Tu,  vir nos visitar?" Tapete na R.Cândido Abreu - Curitiba Ao recebê-lo, já em nós, dentro de nós, faz morada e encontra o Seu lugar. Deus de Deus, filho do Deus, caminho e luz, vive perenemente, e a cada dia se sacrifica  na mesma morte de cruz. Doa-se a cada um de nós, rasga-se sem mesmo se preocupar, vê da própria carne, escorrer o sangue, simplesmente por nos amar. Doa o seu corpo em cada celebração, e o sangue renova o sacrifício da cruz. Quem poderia ter tamanho amor? Oh, Doce Coração de Jesus! Que o Seu sangue seja respeitado, e o Seu corpo em meio a nós comungado. Que cada Cristão nesse dia, Senhor, Seja por Ti abençoado. E que se comungarmos, constantemente, que seja motivo de salvação, e que por nossa falta de consciência, nos revigore com o perdão. Seu Santo Corpo e Sangue, hoje, dia celebrado, que revitalizem a nossa alma, e nos tornem abençoados. Q

Eu Te Amo, Chico Buarque e Tom Jobim

Ah, se já perdemos a noção da hora Se juntos já jogamos tudo fora Me conta agora como hei de partir Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios Rompi com o mundo, queimei meus navios Me diz pra onde é que inda posso ir Se nós, nas travessuras das noites eternas Já confundimos tanto as nossas pernas Diz com que pernas eu devo seguir Se entornaste a nossa sorte pelo chão Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu Como, se na desordem do armário embutido Meu paletó enlaça o teu vestido E o meu sapato inda pisa no teu Como, se nos amamos feito dois pagãos Teus seios inda estão nas minhas mãos Me explica com que cara eu vou sair Não, acho que estás se fazendo de tonta Te dei meus olhos pra tomares conta Agora conta como hei de partir

E O Seu Nível de Corrupção, Como Vai? Millor Fernandes

   Dizem por ai que todo homem tem seu preço. Há quem vá mais longe afirmando que alguns homens são vendidos a preço de banana. Sempre esperei, na vida, o dia da Grande Corrupção, e confesso, decepcionado, que ele nunca veio. A mim só me oferecem causas meritórias, oportunidades de sacrifício, salvações da Pátria ou pura e frontalmente a hedionda tarefa de lutar.. . contra a corrupção. Enquanto eu procuro desesperadamente uma oportunidade, as pessoas e entidades agem comigo de tal forma que às vezes chego a duvidar de que a corrupção exista. Mas, falar em corrupção, como anda a sua?   Vendendo saúde ou combalida e atrofiada como a minha? Responda com muito cuidado às perguntas abaixo e depois conclua sobre sua própria personalidade: você é um corrupto total ou um idiota completo? (Não há meio-termo.) Conte 10 pontos para cada resposta certa (você é quem decide qual é a certa) e verifique depois o grau de sua corruptibilidade. Nota: Se você roubar neste teste, é porque sua corrup

Lenda de São João, Carol Levy

O Espelho, Mia Couto

E sse que em mim envelhece assomou ao espelho a tentar mostrar que sou eu. Os outros de mim, fingindo desconhecer a imagem, deixaram-me a sós, perplexo, com meu súbito reflexo. A idade é isto: o peso da luz com que nos vemos. No livro “Idades Cidades Divindades”

O Nome do Cão, Manuel António Pina

O cão tinha um nome por que o chamávamos e por que respondia, mas qual seria o seu nome só o cão obscuramente sabia. Olhava-nos com uns olhos que havia nos seus olhos mas não se via o que ele via, nem se nos via e nos reconhecia de algum modo essencial que nos escapava ou se via o que de nós passava e não o que permanecia, o mistério que nos esclarecia. Onde nós não alcançávamos dentro de nós o cão ia. E aí adormecia dum sono sem remorsos e sem melancolia. Então sonhava o sonho sólido em que existia. E não compreendia. Um dia chamámos pelo cão e ele não estava onde sempre estivera: na sua exclusiva vida. Alguém o chamara por outro nome, um absoluto nome, de muito longe.   E o cão partira ao encontro desse nome como chegara: só. E a mãe enterrou-o sob a buganvília dizendo: “É a vida…”

Papa Escreve Para Lula Diabo Escreve Para Bozo, Pedro Paulo Paulino

Pelas redes sociais, Quase todo mundo leu Carta que o Papa Francisco Recentemente escreveu, Seu nome embaixo assinou E para Lula enviou, Que bastante o comoveu. Nessa carta já histórica, Fala Sua Santidade Em amor, em esperança, Em justiça e liberdade. E de maneira envolvente, Expõe ao ex-presidente Sua solidariedade. Por outro lado, no inferno, O diabo, com mais de cem, Todo cheio de rancor, Resolveu lá do além, De modo bastante claro Escrever pra Bolsonaro A sua carta também. Pela inveja, todos sabem, O capeta vive cego. Quando soube da notícia, Viu insultado o seu ego, Uma carta logo fez E lançou, por sua vez, No site da caixa-prego. Um internauta que viu, Leu a carta até o fim, Aproveitou, fez um print Da letra do “coisa ruim”, Um escrito bem graúdo E todo seu conteúdo Diz mais ou menos assim:  “Inferno, trinta de maio, Caro Bozo presidente, Desde que você ganhou, Vivo aqui muito contente! Lhe apoiei, não me arrependo, Aprovo o que está

30 Melhores Livros Infantis de 2019 - Revista Crescer

A barata de Franz Kafka, o coelho da história de Alice, a sereia de Hans Christian Andersen, os mosqueteiros de Alexandre Dumas, o barão de Ítalo Calvino, a baleia Moby Dick, Dorian Gray e seu retrato, o Homem de Lata, Pinóquio... A senhora Olga nunca estava sozinha em seus jantares. Cega e morando no alto da colina, toda noite ela recebia um convidado especial que relatava suas aventuras. Na realidade, sua convidada era a neta Nina, que diariamente ia à biblioteca guardar os detalhes de uma história para carregar colina acima. Texto e ilustrações de Eva Montanari Jujuba Editora A partir de 4 anos. Parece um monte de palavrinhas que servem apenas para compor a ilustração. Mas, olhando bem de perto, você descobre os nomes de livros clássicos que merecem ser conhecidos:  As Viagens de Gulliver  (Jonathan Swift),  O Pequeno Polegar  (Charles Perrault),  Pluft, o Fantasminha  (Ana Maria Machado),  Alice no País das Maravilhas  (Lewis Carroll), entre outros. É por meio deles