Meti o peito em Goiás
e canto como ninguém.
Canto as pedras,
canto as águas,
as lavadeiras também.
Cantei um velho quintal
com mudada de pedra.
Cantei um portão alto
com escada caída.
Cantei a casinha velha
de velha pobrezinha.
Cantei colcha furada
estendida no lajedo;
muito sentida,
pedi remendo pra ela.
Cantei mulher da vida
conformando a vida dela.
Cantei ouro enterrado
querendo desenterrá.
Cantei cidade largada.
Cantei burro de cangalha
com lenha despejada.
Cantei vacas pastando
no largo tombado.
Agora vai se acabando
Esta minha versejada.
Boto escoras nos serado
por aqui vou ficando.
Coralina,Cora. Meu livro de Cordel. Ed.Global São Paulo 2013, págs.10-11
Imagem: Revista Prosa, Verso e Arte
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