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Fico Pleno de Amor Ao Ver-te, Lua, e Me Matas Com O Jeito Que Tu Brilhas, César Feitoza


Bela Lua quis fazer-te estes versos
Decassílabos brancos de pureza
Pois dos astros que têm a natureza
És tu, Lua o mais lindo do Universo
Ao falar das estrelas desconverso
Ao olhar os quasares, Brancas ilhas
Separados por milhares de milhas
Minha “Astra” mais perto é quem flutua
Fico pleno de amor ao ver-te, Lua
E me matas com o jeito que tu brilhas


Já cantei que teu brilho me tonteia
Fiz-te nova, minguante e fiz crescente
Quero agora através do meu repente
Te encantar e também fazer-te cheia
Tu não vês que teu lume me clareia
Me entorpece e me faz perder a trilha
Viro cão seguidor da tua matilha
Me deslumbro ante a beleza tua
Fico pleno de amor ao ver-te, Lua
E me matas com o jeito que tu brilhas


Se estás triste eu padeço, sofro e choro
Se alegre, dou pulos de folia
Pois teu sorriso branco me alumia
E ao ver tua alegria eu comemoro
Pra não te ver chorar eu peço e imploro
Sou palhaço, provoco, boto pilha
E se meu coração por ti fervilha
Faço versos em homenagem sua
Fico pleno de amor ao ver-te, Lua
E me matas com o jeito que tu brilhas


Eu já disse sou cão velho e carente
Dos açoites da vida machucado
Mas as plantas de amor do meu roçado
Quero vivas, viçosas novamente
E tu, Lua, plantastes a semente
Da paixão, essa doce armadilha
E senti novamente a maravilha
De uivar de paixão aos cães da rua
Fico pleno de amor ao ver-te, Lua
E me matas com o jeito que tu brilhas


Quanto mais te conheço, me encanto
E me entrego ao prazer de admirar-te
E às vezes eu tento evitar-te
No afã de não revelar-me tanto
E então absorto no meu canto
A espreita como se em uma guerrilha
Com sobejos de dor em minha vasilha
Como um cão que, de amor, sofre e jejua.
Fico pleno de amor ao ver-te, Lua
E me matas com o jeito que tu brilhas


Doce Lua eis aqui o meu tributo
Com dolentes palavras amorosas
Embalado com o perfume das rosas
Ansiando que as flores dêem frutos
E pra eu me sentir absoluto,
E me encher de prazer nesta vigília
Me embrenhar nos sertões que o amor ladrilha
Necessário se faz que retribuas
Fico pleno de amor ao ver-te, Lua
E me matas com o jeito que tu brilhas

Nota: o blog manteve a grafia original
Meu agradecimento ao Prof. César Feitosa que cedeu o poema  para a postagem.




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