inútil beber o perfume
de estrelas ignoradas…
inútil encharcar os olhos
na neblina azul das madrugadas…
inútil este meu escancarar
de secretas cadeias…
inútil a comoção
que me percorre as veias…
inútil o esforço heróico
do meu ventre…
a esperança está morta
… ou doente…
pássaro, que esvoaças
num céu que o sol enfeita,
não pressentes o tiro
que te espreita?
semente, que irrompes
alucinada de calor e terra,
não pressentes a bota
que te calca e enterra?
música que te evolas
em ritmos de cor e poesia,
não presentes o trovão
que te confunde a agonia?
vida,
que brilhas nos olhos das crianças,
para que mentes,
para que enfeitas de luas e esperanças
os teus cancros de pus?
vida!
para que nos serves lama
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