Matutando o que é você Em meu quarto eu estava tão demente Numa tarde sem ter o que fazer Em você eu pensei tão docemente E sobre o que eu queria te dizer Sobre como eu, matuto, poderia Declarar de uma vez o que eu sentia Dei por mim: só faltava o que e o quando Pois o como seria versejando Um rimar matutando o que é você Você é caminhão de tripa assada Com mais duas carretas de farinha Você é acordar de manhãzinha Escutando o cantar da passarada Você é o amor de madrugada Provocando a insônia dos amantes Você é o fervor dos viajantes A buscar o abraço da chegada Você é comer queijo e mel de engenho Sob a fresca sombrura do umbuzeiro Você é projeção mental do cheiro Da lembrança mais bela que eu tenho Você é a alegria em cor brejeira Morenando demais meus pensamentos Você é a tristeza em meus lamentos Como um pátio vazio ao fim da feira Você é sussurrar bem de mansinho Num ouvido palavras de amor Você é o cantar do aboiador