Folha Online - O livro foi escrito para sua filha, quando ela tinha 12 anos, ou seja, voltado para o público juvenil. Como explicar a adoção do conteúdo pelos leitores adultos?
Rodrigo Lacerda - Até me surpreendi com a resposta que o livro teve a medida que ele transcendeu o público alvo, que seria o juvenil dos 12 aos 18, conquistando muitos leitores adultos que falam dele com muito entusiasmo. Isso me deixa muito convencido de que essas barreiras entre juvenil e adulto são convenções inventadas. Por exemplo, li "Os Maias", de Eça de Queirós, aos 14 anos e ele não é um livro juvenil. Por outro lado, eu posso perfeitamente reler "Os dois trabalho de Hércules", de Monteiro Lobato, que é um dos meus livros preferidos e sentir prazer, embora seja um livro destinado ao público juvenil. O conteúdo com o objetivo de sensibilizar e o modo com que o livro trata o público juvenil, sem ditar regras, não usando um discurso artificial ou politicamente correto, facilita para diferenciar o cercado que delimitei para ele na origem.
Folha Online - No livro você mostra que a arte é um veículo de comunicação entre os homens. Qual sua preocupação em sensibilizar o leitor por meio das personagens?
Rodrigo Lacerda - O livro fala de temas importantes em todas as fases da vida, basicamente a crença de que as artes são veículos de comunicação entre os homens, que considero importante para nossa educação sentimental, como pessoas e cidadãos em todos os níveis. Acho que tem várias maneiras de amar a literatura. Uma delas é achar que a literatura é um espaço no qual você vai se aprimorar intelectualmente, traçar um painel da época que o autor escreveu ou da forma literária que ele desenvolveu. Essa é uma forma mais intelectualizada, que pra quem é profissional é difícil fugir dela um pouco, porque ficamos viciados nisso. Meu esforço quando escrevo é nunca me esquecer que a literatura é antes de qualquer coisa um canal de comunicação com o público. Para que eu possa tocar a emoção dos outros e estabelecer um tipo de contato humano que justifique a simples existência do livro, as personagens são o caminho mais certo, através das minhas fantasias e invenções.
Folha Online - O que o Lacerda tem da personagem Pedro, ou o Pedro tem do Lacerda? É uma autobiografia?
Rodrigo Lacerda - Poderia dizer que tem muitas coisas autobiográficas, assim como ele eu também fiz faculdade de história, os escritores que ele diz gostar são em grande parte os mesmos que gosto. Mas, poderia dizer também que a personagem da Mayumi tem coisas incomuns comigo. É um livro autobiográfico na maneira que a história é contada, na linguagem. Foi um livro que eu escrevi muito rápido, dois meses, escrevia me divertindo, improvisando, sem muitos planos, com uma linguagem muito pessoal, é daquele jeito que falo diariamente.
Folha Online - Em 1996, com sua primeira publicação, "O Mistério do Leão Rampante" (Ateliê Editorial), você ganhou o Prêmio Jabuti. Você considera que as premiações rotulam ou enquadram o escritor?Oa
Rodrigo Lacerda - Não, os efeitos do Jabuti do ponto de vista da percepção que os outros tem é positivo, porque o prêmio é muito conhecido no meio editorial, já que ao contrário da maioria dos concursos não apenas críticos ou autores votam. Livreiros e distribuidores votam também. Isso torna o livro conhecido junto as pessoas que são fundamentais para que ele circule. Não tive problema de ser rotulado, o que aconteceu no meu caso é que como ganhei o Jabuti no primeiro livro, aos 26 anos, o que pesou foi a responsabilidade. No meio editorial existe a maldição do segundo livro, que diz: se no primeiro livro o autor vai muito bem, no segundo ele tropeça. Se no primeiro você ganha o Jabuti, essa maldição fica pairando na sua cabeça ainda com mais força.
Rodrigo Lacerda - Até me surpreendi com a resposta que o livro teve a medida que ele transcendeu o público alvo, que seria o juvenil dos 12 aos 18, conquistando muitos leitores adultos que falam dele com muito entusiasmo. Isso me deixa muito convencido de que essas barreiras entre juvenil e adulto são convenções inventadas. Por exemplo, li "Os Maias", de Eça de Queirós, aos 14 anos e ele não é um livro juvenil. Por outro lado, eu posso perfeitamente reler "Os dois trabalho de Hércules", de Monteiro Lobato, que é um dos meus livros preferidos e sentir prazer, embora seja um livro destinado ao público juvenil. O conteúdo com o objetivo de sensibilizar e o modo com que o livro trata o público juvenil, sem ditar regras, não usando um discurso artificial ou politicamente correto, facilita para diferenciar o cercado que delimitei para ele na origem.
Folha Online - No livro você mostra que a arte é um veículo de comunicação entre os homens. Qual sua preocupação em sensibilizar o leitor por meio das personagens?
Rodrigo Lacerda - O livro fala de temas importantes em todas as fases da vida, basicamente a crença de que as artes são veículos de comunicação entre os homens, que considero importante para nossa educação sentimental, como pessoas e cidadãos em todos os níveis. Acho que tem várias maneiras de amar a literatura. Uma delas é achar que a literatura é um espaço no qual você vai se aprimorar intelectualmente, traçar um painel da época que o autor escreveu ou da forma literária que ele desenvolveu. Essa é uma forma mais intelectualizada, que pra quem é profissional é difícil fugir dela um pouco, porque ficamos viciados nisso. Meu esforço quando escrevo é nunca me esquecer que a literatura é antes de qualquer coisa um canal de comunicação com o público. Para que eu possa tocar a emoção dos outros e estabelecer um tipo de contato humano que justifique a simples existência do livro, as personagens são o caminho mais certo, através das minhas fantasias e invenções.
Folha Online - O que o Lacerda tem da personagem Pedro, ou o Pedro tem do Lacerda? É uma autobiografia?
Rodrigo Lacerda - Poderia dizer que tem muitas coisas autobiográficas, assim como ele eu também fiz faculdade de história, os escritores que ele diz gostar são em grande parte os mesmos que gosto. Mas, poderia dizer também que a personagem da Mayumi tem coisas incomuns comigo. É um livro autobiográfico na maneira que a história é contada, na linguagem. Foi um livro que eu escrevi muito rápido, dois meses, escrevia me divertindo, improvisando, sem muitos planos, com uma linguagem muito pessoal, é daquele jeito que falo diariamente.
Folha Online - Em 1996, com sua primeira publicação, "O Mistério do Leão Rampante" (Ateliê Editorial), você ganhou o Prêmio Jabuti. Você considera que as premiações rotulam ou enquadram o escritor?Oa
Rodrigo Lacerda - Não, os efeitos do Jabuti do ponto de vista da percepção que os outros tem é positivo, porque o prêmio é muito conhecido no meio editorial, já que ao contrário da maioria dos concursos não apenas críticos ou autores votam. Livreiros e distribuidores votam também. Isso torna o livro conhecido junto as pessoas que são fundamentais para que ele circule. Não tive problema de ser rotulado, o que aconteceu no meu caso é que como ganhei o Jabuti no primeiro livro, aos 26 anos, o que pesou foi a responsabilidade. No meio editorial existe a maldição do segundo livro, que diz: se no primeiro livro o autor vai muito bem, no segundo ele tropeça. Se no primeiro você ganha o Jabuti, essa maldição fica pairando na sua cabeça ainda com mais força.
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