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Reinaldo Azevedo: Chico Buarque. Ou: Chute Deus,Mas Preserve o Chico



Lá vou eu dedicar um pouquinho das minhas férias a Chico Buarque
Em 1991, fiz uma resenha de Estorvo, o primeiro romance de Thico. Quase ao mesmo tempo, Bruna Lombardi lançara Filmes Proibidos. Pediram-me uma resenha de ambos. Lembro que fiz uma piada mais ou menos assim: se é pelos belos olhos, o livro de Bruna é - e é mesmo! - muito melhor. Mas ela foi recebida com o ceticismo que se pode imaginar; ele, com o embevecimento costumeiro e a reverência injustificada da crítica. Estorvo é um livro chato e pretensioso. Desisti do “Chico-enquanto-romancista”. Cai em tentação, anos mais tarde, com Budapeste, ainda mais festejado. E ainda mais chato e mais pretensioso. E fiquei e ficarei nesses dois. Chico não sabe o que é romance — ou, mais amplamente, prosa de ficção. Não como autor ao menos. Ignora as ferramentas para construir uma personagem e tenta compensar a falta de carpintaria com uma linguagem supostamente densa, enfileirando metáforas que conferem à narrativa cediça uma aparência de profundidade filosófica, misturando doses de melancolia de apartamento, pessimismo blasé e desconstrução de moderno romance francês. A parada é indigesta. Sigamos. E vamos começar a desmisturar as coisas para desmitistificá-las.

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