Livros errantes
Jaime Leitão
Em um país em que se lê tão pouco como o nosso, pelos mais diversos motivos, é fundamental incentivar a leitura, buscando para isso as formas mais inusitadas de divulgação.A leitura é um hábito que, quando adquirido, não se perde mais. Assisti a uma reportagem no Jornal Nacional, de anteontem, que traz uma idéia espetacular de estímulo à leitura. Uma dona de casa do Recife, Regina Porto, por ser uma leitora de longa data, apaixonada pelos livros, resolveu pegar uma sacola e enchê-la de livros, alguns doados por amigos, e deixá-los nos mais variados lugares: bancos de jardim, lojas, elevadores, supermercados, bares, com um título colocado na capa: Livro Errante. Na contracapa, a pessoa que acabou de pegar o livro lê: "Este livro não lhe pertence. Pode levar. Depois de ler, não guarde. Deixe outra vez em um lugar público para que seja lido por outra pessoa".Amigos de Regina, que moram em outros estados, gostaram da idéia, e também passaram a distribuir livros errantes pelos espaços públicos de Salvador, Belo Horizonte, Natal, Vitória. E essa é uma idéia democrática, não pertence a quem a teve pela primeira vez. Todos nós, com a ajuda de amigos, podemos criar um esquema de distribuição de livros errantes. Essa é uma corrente que vale a pena e que também nos ajuda a manter o livro que já lemos e não iremos ler mais circulando, porque é essa a função dele, circular pelo maior número de pessoas.O livro atrai, chama, e esse leitor conquistado de maneira imprevisível pode ser tocado para sempre por essa magia da qual não se livrará jamais. O que será muito bom.Amanhã é Dia do Livro, desse objeto que fala, que vibra, que pulsa, que de dentro das páginas narra, argumenta, poetiza a vida, filosofa, nos faz pensar, sentir, questionar o universo com os seus mistérios infinitos.Um livro esquecido na estante é um livro triste, entediado porque perdeu a função. Não podemos cometer esse crime contra ele. O livro, no seu silêncio, nos pede leitor, os mais variados leitores, o quanto antes. Sem ser lido, o livro estanque deixa de escorrer de suas veias esse rio de palavras e de idéias, transforma-se em um lago sem vida, ameaçado por traças e cupins que não o lêem, mas o devoram.O livro que ser aberto, respirar, ser manipulado, pesquisado por olhares atentos de criança, de adulto, de pessoas de todas as idades e com os mais diversos interesses.Que os livros circulem, errem de mão em mão, descubram novos leitores e os façam sentir que existe muito a ser descoberto em um livro escrito há poucos anos ou há séculos. O livro sempre nos ensina algo nem que seja para dizermos: - Não gostei deste, mas quero ler o próximo.Bom domingo. Com boas leituras. Presenteie os amigos com livros. Este presente é, sem dúvida, o melhor de todos. A leitura amplia a nossa visão de mundo.Jaime Leitão, Jaime Leitão é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação. Texto publicado em 2007-10-28
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