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Mostrando postagens de março, 2017

Alguma Coisa Urgentemente, João Gilberto Noll

     Os primeiros anos de vida suscitaram em mim o gosto da aventura. O meu pai dizia não saber bem o porquê da existência e vivia mudando de trabalho, de mulher e de cidade. A característica mais marcante do meu pai era a sua rotatividade. Dizia-se filósofo sem livros, com uma única fortuna: o pensamento. Eu, no começo, achava meu pai tão-só um homem amargurado por ter sido abandonado por minha mãe quando eu era de colo. Morávamos então no alto da Rua Ramiro Barcelos, em Porto Alegre, meu pai me levava a passear todas manhãs na Praça Júlio de Castilhos e me ensinava os nomes das árvores, eu não gostava de ficar só nos nomes, gostava de saber as características de cada vegetal, a região de origem. Ele me dizia que o mundo não era só aquelas plantas, era também as pessoas que passavam e as que ficavam e que cada um tem o seu drama. Eu lhe pedia colo. Ele me dav

Supremo Anelo, Leodegária de Jesus

Voltar a ti, ó terra estremecida, E ver de novo, à doce luz da aurora, O vale, a selva, a praia inesquecida, Onde brincava pequenina outrora; Ver uma vez ainda essa querida Serra Dourada que minh'alma adora; E o velho rio, o Cantagalo, a ermida, Eis o que sonho unicamente agora. Depois… morrer fitando o sol no poente, Morrer ouvindo ao desmaiar fagueiro Da tarde estiva o sabiá dolente. Um leito, enfim, bordado de boninas, Onde dormisse o sono derradeiro, Sob essas verdes, plácidas colinas. Sobre a autora :Conforme alguns autores, teria nascido em Caldas Novas (GO), em 08.08.1889, mas teria adotado Jataí como sua cidade natal (1891). Estudou no Colégio Santana, de Goiás Velho. Leodegária foi criada em Jataí, onde colaborou com a imprensa, passando por outros estados como Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas. Um de seus escritos poéticos que foi intitulado “Voo cego” chegou a ser reproduzido e comentado por Joaquim O

Dona Leonides Era Analfabeta Até os 67 anos.

Idosa aprende a ler aos 67anos e, aos 79, se forma em universidade do Rio Dona Leonides Victorino cursou História da Arte na Uerj. Ela não sabia ler até os 67 anos: 'Era triste, falavam que era analfabeta'. Uma idosa, moradora da Zona Oeste do Rio, resolveu aprender a ler e escrever aos 67 anos. Hoje, aos 79, dona Leonides Victorino, nascida na Zona da Mata de Minas Gerais, já tem até diploma universitário em História da Arte. A história foi contada pelo RJTV . Dona Leonides passou a infância na lavoura. Começou a trabalhar como doméstica e lavadeira, mas nunca perdeu o foco. “Eu era meio triste, as pessoas falavam que era analfabeta, parecia que tinha uma faca que cortava o coração”, contou ela. Foi quando ela, aos 67 anos, decidiu botar em prática o sonho de aprender a ler e escrever, junto dos cinco netos. Em 2014, mais

Viagem Ao Fim do Mundo, Marlene Canarim Danesi

  Quando depois de muito mar, de muito amor. Emergindo de ti, ah,que silêncio pousa. Ah,que tristeza cai sobre o mergulhador.  Vinícius de Moraes. Ushuaia, cidade do fim do mundo. Destino decidido às pressas, por Helena, de acordo com recomendação médica. Depois de uma reação alérgica grave, Stevens Johnson, mesmo já recuperada, o dermatologista insiste: precisas abandonar o calor e procurar um lugar frio. Uma amiga recomenda a Terra do Fogo. Em 1979, só se chegava a Patagônia Argentina via marítima. A companhia italiana Costa C era a única que operava no Brasil. O navio que fazia a rota até Ushuaia era o Eugenio C. Quando compra as passagens, Helena não imagina que vai viver um dos mais tórridos romances de sua vida.      O ambiente do navio é agradável, são apenas 800 passageiros. A programação é diversificada, para todos os gostos. Aulas de ginástica, de dança, de italiano, de culinária e natação. Almoço nos restaurantes ou na beira da piscina. À noite, depois do j

A Elegia do Outono, Olegário Mariano

No bailado das folhas amarelas Velhinho trêmulo e setuagenário Rico se sensações e de lendas singelas, O outono aí vem...  Segundo reza o calendário. Aí vem de novo o céu nevoento... As árvores já estão tristes e pensativas: O outono deve atuar no sentimento Das crianças vibráteis e emotivas. A alma de poeta que ama o silêncio e o abandono Num reflexo diluído de ametistas, Vendo e sentindo o outono, Canta felicidades nunca vistas. O outono aí vem sonâmbulo...Trescala Com ele um cheiro novo de folhagem. O outono é humano, o outono fala Pelo gesto indeciso da paisagem... Não há sol. A neblina passa rente Da superfície azul da água estagnada. As folhas cantam comovidamente Canções de notas verdes pela estrada... E vão morrer depois fracas e débeis Contorcidas em gestos de ansiedade... Vendo-a, afino as cordas flébeis Da minha extrema sensibilidade. O outono lembra frases murmuradas Ao ouvido de alguém num gesto lento: Levou o outono as tuas mãos fanadas E

Wemerson, Filho de Lavradores Concorre ao Global Teacher Prize

Um dos dez melhores  professores do mundo tem apenas 26 anos, é filho de lavradores, nasceu e cresceu em uma cidade do interior do Espírito Santo e precisou lidar com traficantes de drogas e alunos que portavam armas de fogo nas escolas onde lecionou. O biólogo Wemerson da Silva Nogueira, natural de Nova Venécia, a 200 quilômetros da capital. Vitória, é finalista do Global Teacher Prize, uma espécie de Nobel do giz e lousa que recompensa com 1 milhão de dólares ao longo de dez anos um mestre que tenha feito grande contribuição à profissão. O anúncio do vencedor acontece neste domingo,19, em Dubai – será a primeira viagem internacional de Wemerson., Em cinco anos de carreira na educação básica,  o capixaba criou planos de conscientização conta o uso de drogas e lecionou com música e aplicativos para celular. No projeto Filtrando as Lágrima do Rio Doce, implantado no ano passado, ensinou a tabela periódica por meio da análise de elementos químicos encontrados na água após o r