Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2024

Vambora, música de Adriana Calcanhoto

  Adriana Calcanhoto incluiu as angustias de Ferreira Gullar e Manuel Bandeira na sua bela música Vambora. Entre por essa porta agora E diga que me adora Você tem meia hora Pra mudar a minha vida Vem, vambora Que o que você demora É o que o tempo leva Ainda tem o seu perfume pela casa Ainda tem você na sala Porque meu coração dispara Quando tem o seu cheiro Dentro de um livro Dentro da noite veloz Ainda tem o seu perfume pela casa Ainda tem você na sala Porque meu coração dispara Quando tem o seu cheiro Dentro de um livro Na cinza das horas Entre por essa porta agora E diga que me adora Você tem meia hora Pra mudar a minha vida Vem, vambora Que o que você demora É o que o tempo leva Ainda tem o seu perfume pela casa Ainda tem você na sala Porque meu coração dispara Quando tem o seu cheiro Dentro de um livro Dentro da noite veloz Ainda tem o seu perfume pela casa Ainda tem você na sala Porque meu coração dispara Quando tem o seu cheiro Dentro de um livro Na cinza das horas Album: Maríti

O Que É Dissonância Cognitiva ( ou porque não brigamos sobre pepinos), texto de Suzana Valença

  No livro Utopia para Realistas, que eu amo, o economista holandês Rutger Bregman dá uma ótima explicação sobre o que é “dissonância cognitiva”. O termo foi cunhado por Leon Festinger em 1957, mas está incrivelmente atual hoje em dia. No exemplo de Bregman, a dissonância é o que faz a gente brigar por política, mas… Suzana Valença outubro 11, 2024      No livro Utopia para Realistas , que eu amo, o economista holandês Rutger Bregman dá uma ótima explicação sobre o que é “dissonância cognitiva”.      O termo foi cunhado por Leon Festinger em 1957, mas está incrivelmente atual hoje em dia.      No exemplo de Bregman, a dissonância é o que faz a gente brigar por política, mas não por pepinos. É também o que faz pessoas muito inteligentes ficarem, de repente, muito “burras” para defenderem ideias equivocadas. Bregman explica:      Nenhum de nós é imune ao fenômeno que Festinger descreve: “dissonância cognitiva” é o termo que ele cunhou para o problema. Quando a realidade se choca com noss

Vamos Pensar? O Que Fazemos Com Eles?

  Falsiene Vaza. Tradução:Lunarbaboon Brasil

Esperança, poema de Álvaro de Campos

  Dá-me lírios, lírios, E rosas também. Mas se não tens lírios Nem rosas a dar-me, Tem vontade ao menos De me dar os lírios E também as rosas. Basta-me a vontade, Que tens, se a tiveres, De me dar os lírios E as rosas também, E terei os lírios — Os melhores lírios — E as melhores rosas Sem receber nada. A não ser a prenda Da tua vontade De me dares lírios E rosas também. (Poema sem atribuição e com data) Poema de canção sobre a esperança   I. Em ‘Poemas de Álvaro de Campos: Heterônimo de  Fernando Pessoa . Texto Integral’. Visite o blog: Suzanavalenca.com

Era Um Pacato Cidadão de Roupa Clara, poema de Torquato Neto

era um pacato cidadão de roupa clara seu terno, sua gravata lhe caíam bem seu nome, que eu me lembre, era ezequias casado, vacinado e sem ninguém. brasileiro e eleitor, seu ezequias reservista de terceira e com família três filhos, prestações e alguns livros (enciclopédias e biografias). era um pacato cidadão de roupa clara era um homem de bem que eu conhecia cumpria seus deveres, trabalhava chegava cedo em casa de madrugava lutando pelo pão de cada dia. era um pacato cidadão de roupa clara e todo dia passava e me dizia que o mundo estava andando muito mal eu perguntava por que, eu perguntava seu ezequias nunca me explicava apenas repetia lá dentro do seu puro tropical este mundo vai seguindo muito mal este mundo, meu filho, vai seguindo muito mal. ah, seu ezequias! que pena, que desastre, que tragédia que coisa aconteceu naquele dia seu ezequias, ah, seu ezequias saiu do emprego e foi tomar cachaça e apenas de manhã voltou pra casa batendo na mulher, xingando os filhos seu ezequias, a

O Lugar da Resposta Certa, crônica de Marcílio Godoi

     "Pai, a mãe não resistiu", "Pai, ela acaba de partir em definitivo, "Papai, a mamãe morreu", na cabeça, cada um dos oito filhos ensaiava uma forma possível para se dizer o indizível ao velho: que nossa mãe, sua companheira, estava morta.      Enquanto preparavam o corpo dela para o enterro, os irmãos se entreolharam e decidiram ir todos pra casa dos pais, onde o velho esperava, aos noventa, novidades sobre o estado de saúde da mulher, internada uma semana atrás.      Em torno da antiga mesa de jantar, juntos, dariam ao velho o pior de todos os boletins. Ao ver os filhos chegando e se colocando de olhos vermelhos e em peso em torno da grande mesa, o pai foi se inquietando e passou a repetir a pergunta, cada vez em um tom acima: cadê Etelvina? cadê Etelvina? cade Etelvina? Descrente no que lhe dizíamos, recusava-se a acreditar e insistia, mas agora já em tom choroso, resignado, abaixo: cadê Etelvina?      Com o trauma do anúncio da morte daquela com quem con

Assim Termina o Livro Que eu Terminei: A Simples Beleza do Inesperado.

      Algo havia mudado em mim; uma cumplicidade com o peixe, com a vida, a humildade de ser apenas uma criatura dividindo o mesmo planeta com tantas outras. Homens, animais, todos lutamos pela sobrevivência. A natureza não sabe. Mas nós sabemos, ou deveríamos saber, nos declarndo Homo Sapiens literalmwnte "homem sábio". Onde encontramos essa sabedoria? No modo como dividimos o mundo com outras criaturas? Onde está a sabedoria quando matamos um leão ou um elefante a tiros, quando matamos um tubarão ou salmão por divertimento, para nos vangloriat, como se fossem troféus? Quais os valores morais que guiam o dedo que puxa o gatilho ou arranca o peixe da água? Existem muitas formas de concretizar os nossos desejos e impulsos, de buscar por grandes realizações e descobertas, que não envolvem a matança de vidas inocentes. Existem muitas formas de nos aproximar da Natureza sem mutilar suas criações.      Sempre soube disso, mas achava que soltar o peixe era suficiente , que o ato de

Vamos Pensar? Palavras.

 

Desenho, poema de Cecília Meireles

Fui morena e magrinha como qualquer polinésia, e comia mamão, e mirava a flor da goiaba. E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam. Isso era num lugar de sol e nuvens brancas, onde as rôlas, à tarde, soluçavam mui saudosas... O eco burlão, de pedra em pedra saltando, entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas. Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho, e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas, que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas, pois a vida completa e bela e terna ali já estava. Como a chuva caía das grossas nuvens, perfumosa! E o papagaio como ficava sonolento! O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmaticos fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo. Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros, e os grandes cães ladravam como nas noites do Império. Maripôsas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes moravam nos jardins sussurrantes e eternos. E minha avó c

A Bruxa Não Vai Para a Fogueira Neste Livro, texto de Amanda Lovelace

dizer que nem todos os homens têm más intenções não me ajuda a me sentir segura. depois que eu deixar você nada terá mudado. eu ainda terei medo de sair de casa depois do pôr do sol, ainda sentirei conforto com as chaves na mão como uma arma, ainda vou questionar as intenções de cada homem que conhecer, ainda vou me perguntar quando me tornarei uma história feita para alertar as filhas de outras pessoas, & ainda vou chorar quando ligar a televisão e ver mais uma vez outro homem se safar de... bem, do que eles sempre parecem se safar. eu não sou aquela que tem que mudar a maneira de pensar ou de agir. eles é que têm. — expectativas vs. realidade. Em:  A bruxa Não Vai Para a Fogueira Neste Livro, Amanda Lovelace, Ed. Leya, 2018,Pags. 70-71

As Três Experiências, crônica de Clarice Lispector

     Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros,nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O “amar os outros” é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.      E nasci para escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por quê, foi esta que eu segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-