Um dos mais célebres romances do século XIX, A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, o filho,
publicado em 1848 com enorme sucesso, foi adaptado, no ano seguinte, para teatro pelo próprio autor, mas só representado em 1852. Conta-nos a história de amor da belíssima plebeia Margarida Gautier com um jovem da alta burguesia francesa, Armand Duval.
publicado em 1848 com enorme sucesso, foi adaptado, no ano seguinte, para teatro pelo próprio autor, mas só representado em 1852. Conta-nos a história de amor da belíssima plebeia Margarida Gautier com um jovem da alta burguesia francesa, Armand Duval.
Deixando o glamour de Paris, os dois amantes retiram-se para o campo, mas o pai de Armand procura impedir esta relação, implorando a Margarida que deixe o filho devido ao bom nome da família. Margarida, infeliz, aceita abandonar o seu amado, dizendo-lhe que está comprometida, mas enquanto tenta esquecê-lo, mergulhando de novo na vida cortesã, adoece gravemente com tuberculose.
Quando Armand Duval descobre que a renúncia ao amor por parte de Margarida Gautier resulta da pressão do seu pai, é já muito tarde...
A inspiradora deste romance foi a jovem cortesã Marie Duplessi (1824-1847) que Alexandre Dumas filho conheceu em Saint-Germain-en-Laye. O próprio autor, em 1867, afirma que "a pessoa que me serviu de modelo para a heroína de A Dama das Camélias chamava-se Alphonsine Plessis, que compôs o nome de Marie Duplessi por achar que era mais eufónico e sugestivo". Esta jovem, de acordo com Dumas, "era alta e muito esbelta, de cabelo negro e rosto rosa e pálido. Tinha a cabeça pequena, olhos rasgados com o aspeto da porcelana de uma japonesa, mas vivos e finos, os lábios com o vermelho das cerejas e os mais belos dentes do mundo..."
Marie Duplessi ou Rose Alphonsine Plessis nasceu na província, mas mudou-se para Paris, onde se tornou numa deslumbrante cortesã que arrebatava diversos corações, inclusive o de Dumas filho, que se apaixonou intensamente. Questões de dinheiro levam à separação, procurando a cortesã refúgio nos braços do compositor Franz Liszt e, mais tarde, no casamento com o Visconde de Pérregaux.
O fascínio por esta jovem mulher, que morreu com apenas 23 anos, levou Alexandre Dumas a construir Margarida Gautier, a personagem de uma trágica história de amor, que parcialmente o escritor vivera. O próprio nome "Dama das Camélias" resultou do facto de Marie Duplessi gostar de se rodear de flores, mas de se sentir mal com o perfume das rosas, recorrendo às camélias, sem aroma, para enfeitar a sua casa.
Esta narrativa emotiva, marcada pelo lirismo romântico, e cujo tema serviu de inspiração a Verdi, em La Traviata, acabou por, simultaneamente, chocar e fascinar a sociedade da época.
(Fonte: Infopedia)
O Primeiro Capítulo Começa assim:
Sou da opinião de que só se pode criar personagens quando já se estudou
muito os seres humanos, assim como só se pode falar uma língua na condição de
tê-la aprendido a sério.
Não tendo ainda atingido a idade em que se pode inventar, contento-me em
relatar.
Exorto o leitor a se convencer da veracidade desta história, da qual todos os
personagens, com exceção da heroína, ainda vivem.
Aliás, em Paris há testemunhas da maior parte dos fatos que aqui compilo,
e que poderiam confirmá-los, não fosse o meu testemunho o suficiente.
Devido a
uma circunstância toda especial, apenas eu posso descrevê-los, pois apenas eu fui
o confidente dos últimos detalhes sem os quais seria impossível fazer um relato
interessante e completo.
Ora, eis como esses detalhes chegaram ao meu conhecimento: no dia 12 do
mês de março do ano de 1847, eu vi, na rua Laffitte, um grande cartaz amarelo
anunciando um leilão de móveis e de curiosos objetos de valor. Tratava-se de
uma venda póstuma. O anúncio não indicava quem era a pessoa morta, mas o
leilão aconteceria na rua d’Antin, no 9, do meio-dia às cinco horas do dia 16.
O anúncio dizia ainda que era possível visitar o apartamento e ver os móveis
nos dias 13 e 14.
(Imagem: Rue d'Antin 9 - Google)
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