Pernambucanidade, orgulho de ser nordestino, Eu Amo Recife: todas são bem sucedidas campanhas publicitárias com o objetivo de vender algum produto ou ideia. As três campanhas têm em comum o ufanismo e nossa conhecida mania de grandeza. Não vou me ater às questões de Marketing. Não é meu objetivo. Penso é no ufanismo: sempre utilizado, incentivado, quando há uma necessidade.
Vejo na imprensa local uma preocupação enorme em destacar Pernambuco e não considero isso incorreto. Às vezes é engraçado ler, por exemplo: ” Pernambucano faz a travessia do canal da mancha em 10 minutos”, aí vou ler a notícia completa e descubro que, nessa ocasião, 100 pessoas fizeram o mesmo percurso em 9 minutos. Para continuar a rir, procuro e não encontro a notícia nos jornais de maior porte . Quando muito, encontro, sem destaque algum, que esse brasileiro (sim, pernambucano é brasileiro) foi o pior nadador e a competição não tem qualquer relevância no cenário mundial. Mas, no Recife esse pernambucano (sim, Pernambuco é o mundo) arrasou!
Mania de grandeza? Sim. Virou piada? Sim. Virou e não critico.
Ufanismo? Sim. Também não critico. Só venho achando esse comportamento mais preocupante que criticável.
Orgulho não é ruim, claro, mas a gente precisa usar com moderação. Como fazemos, embotando o senso crítico vamos a lugar algum. Ou melhor, vamos sim. Para trás. Se não, vamos ver o que li recentemente nos três principais jornais do estado: UFPE, fica entre as melhores universidades do país. Sim, é um fato. A divulgação do ranking das universidades brasileiras foi feita pelo MEC. Essa notícia, aliás, manchete, foi replicada pelas redes sociais e abriu sorrisos felizes. Li a notícia completa no Estadão (SP) e lá verifiquei que a UFPE está em 43º lugar entre as 50 universidades, ou seja: na ponta final. Na rabeira. Li mais: na avaliação anterior a UFPE ficava em 39º lugar, tendo, portando, caído 4 colocações. Também caíram a UNIFESP (2 colocações); PUC RS (1 colocação); UFF (2 colocações); UFSC (1 colocação).
Se a gente olha apenas parte do fato e comemora como se fosse a glória celestial, age mais como um conformado. Sou aluna da UFPE e diariamente vejo sua decadência. Se lá está a ponta final da decadência do ensino nacional, da falta de uma administração para a excelência, da acomodação cultural do servidor público, como poderá a universidade estar entre as melhores do pais? A resposta, qualquer um sabe e pode-se ver nos informativos dos jornais: entre as melhores porém na rabeira e com a maior queda entre as que caíram.
Seria o caso, então, de exalando pernambucanidade por todos os poros, bater no peito e diante de um gaúcho, por exemplo, exaltar a palavra MAIOR, da realista “maior” queda entre as que mais caíram? Ninguém faria isso, claro. Exagerei, para insistir que nós de Pernambuco para o bem do próprio estado e, nesse caso, para o bem da UFPE devemos nos preocupar. Afinal nós CAÍMOS no ranking. No Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPE, estão reunidos 8 cursos de graduação. Apenas um deles, Administração, divulga seu resultado do ENADE. Os demais (alguns ainda não participam) omitem os resultados como se o fato de deixar os alunos desinformados mudasse o mau desempenho. Por parte dos alunos, também não há interesse. Qual a razão de preocupar-se com nota 2 (de 0 a 5), se a UFPE está entre as 50 melhores? Na próxima avaliação a universidade poderá (esforça-se até) deixar o G50, e aí? Que faremos com nossa pernambucanidade?
Nota: a USP, que lidera o ranking nacional, não consta entre
as 50 melhores do mundo.
Veja a matéria:
As melhores universidades do país
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