Somente agora estou lendo o primeiro sucesso de João Ubaldo Ribeiro: Sargento Getúlio, foi lançado em 1971 e lhe rendeu o prêmio Jabuti do ano seguinte como autor revelação. Pode-se dizer que todo o livro é um monólogo do Sargento, que antes de aposentar-se recebe a incumbência de levar um preso, desafeto político de um mandão de Paulo Afonso (BA) até Aracaju (SE).
O personagem vai falando do que pensa a respeito do preso, da situação da estrada por onde passa, do calor, da chuva ou estiagem, dos lugares e pessoas que encontra no trajeto. Vai resmungando e se alimentando de ira, vai contando as brigas e as violências que cometeu, mistura um assunto com outro, delira, questiona lei e costumes...
Sargento Getúlio é daqueles homens que faz questão de cumprir uma ordem ou uma promessa a qualquer custo. Foi obrigado a levar o prisioneiro até Aracaju e mesmo tendo recebido informação de que já não é mais pra seguir a viagem, vai em frente encontrando pra si todas as razões para fazê-lo. Para ele é como se tivesse de cumprir um destino.
João Ubaldo fez um romance regionalista, usando uma linguagem bem especial. O Sargento comete os erros comuns às pessoas daquele lugar e época e o autor ainda põe no livro a linguagem falada. Há palavras que, suponho, foram inventadas pelo autor. Estou achando o livro bastante interessante, faltam poucas páginas para terminar.
João Ubaldo, Hermanno Penna e Flávio Porto escreveram o filme baseado no livro. Nas telas é Lima Duarte quem faz o papel do Sargento Getúlio. Não assisti.
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