A ponte não foi sequer uma ideia da ditadura. Já era sonhada desde meados do século 19, quando a tecnologia para construí-la —um longo traço de união sobre a baía de Guanabara— não existia. Mas, no dia 7 de junho de 1896, em sua coluna na Gazeta de Notícias, um escritor suspirou por ela: "Um dia, quem sabe, lançaremos uma ponte entre esta cidade [o Rio] e Niterói, uma ponte política, entenda-se, nada impedindo que também se faça uma ponte de ferro". O ferro era o material que então começava a tornar possível esse tipo de sonho. O escritor era Machado de Assis.
A jornalista e escritora Rosa Freire d’Aguiar, autora do imperdível "Sempre Paris", teve a ideia: por que não dar à ponte o nome que ela sempre deveria ter tido? Ponte Machado de Assis. Nenhum escritor ligou mais pontos em nossa literatura que Machado. Sua obra é um oceano. E, exceto pela Academia Brasileira Letras —a Casa de Machado de Assis—, ele só é lembrado em sua e nossa cidade pela brava, mas humilde rua de um só quarteirão no Catete.
Não seria uma revanche contra o autor do AI-5, a maior agressão à democracia brasileira em toda a história, mas um rebatismo necessário. Dane-se Costa e Silva. O importante é Machado.
Ponte Machado de Assis. Dará vontade de cruzá-la, do Rio a Niterói e vice-versa, apenas pelo orgulho de passar por ela.
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