Maria Eleonora era uma dessas criaturas que, mesmo desaparecidas, permanecem em nosso espírito.
Lembro-me de que ela me beijou pela primeira vez quando de uma visita que fizera a nossa casa. Naquele tempo, eu poderia ter seis anos, mas guardo a recordação do beijo como se se tratasse de um acontecimento recente. Os outros beijos, recebidos após, e mesmo os que eu dei, em momentos diferentes, nada mais foram do que a reconstituição do beijo de Maria eleonora.
Quando vim conviver com Bárbara, eu contemplava nela a imagem perdidada de Maria Eleonora, e sua beleza era realmente a beleza de Maria Eleonora, apresentand-se como um prolongamento, através do tempo, de um ser possuido das mesmas qualidades físicas, temperamento e atitude, de alguém que tivesse vencido a morte.
Primeira página de: O Caminho Sem Aventura, romance de Lêdo Ivo. Inst. Progresso Editorial, São Paulo 1947.
Nota: o blog manteve a grafia original do ano da publicação, 1947, por essa razão algumas palavras estão acentuadas.
De Lêdo Ivo neste blog:
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