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Mais Acessadas No Blog em 2023

Um conto de Carlos Drummond de Andrade, um poema de Bruno Estrela e uma crônica de Antônio Prata foram as postagens mais acessadas em 2023.   


A Beleza Total de Drummond está no livro Contos Plausíveis e foi postada aqui em 2017.  
Fala de Gertrudes, a bela desde sempre, e termina assim:  

"Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves." 


Mãe É Quem Fica de Bruna Estrela
Esse texto poético foi postado em 2019.  Precisei falar com Bruna Estrela para confirmar a autoria, porque  encontrei-o atribuido a Cora Coralina e a Cecília Meireles e no blog, por dois anos seguidos, recebi comentários com a autoria dada a outras autoras.  É, enfim, de Bruna Estrela o belo texto que termina assim:

"No hábito de sempre avisar que está entrando no banho. Na compaixão pelos outros. No olhar sensível. Na força pra lutar.
     No coração do filho, mãe fica."


Mulher Pelada, Antonio Prata

A terceira postagem mais acessada em 2023,  foi feita quando li o livro Nu de Botas em 2021.  Recomendo o livro de crônicas leves e divertidas.

O texto de Antonio Prata termina assim:

  "Só quase vinte anos mais tarde atravessei uma daquelas portas espelhadas: as mulheres eram diferentes do que eu havia imaginado, mas os homens estavam lá, bem como eu os havia pintado."


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A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

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