É sempre assim: há  uma grande inquietação das aves noturnas, os roedores da mata também se  agitam e o sertanejo logo percebe que algo mudou. No céu, acompanhando a  lua, algumas estrelas aparecem acanhadas, com pouco brilho, ofuscadas  pela imponência da dona da noite... É sempre assim, quando a lua cheia  clareia as águas do rio.         No topo da serra enfeitada pela caatinga, o vento não para de assoviar. No baixio as fruteiras exibem seus frutos  à distância. Os peixes sonham feito gente. Os sapos desconfiam da  claridade e permanecem nas tocas. Indiferentes à luz, cobras aguçam os  ouvidos e, no meio da noite, uma criança chora... É sempre assim, quando  a lua cheia clareia as águas do rio.          É sempre assim quando a lua cheia clareia as águas do rio: uma bela  donzela corre, nuínha, subindo a serra e uma coruja canta anunciando  morte.     Imagem: Manuel Du...