“Mentir constantemente não serve mais para fazer as pessoas acreditarem em uma mentira, mas para garantir que ninguém acredite em nada.” A filósofa alerta para o perigo de uma sociedade mergulhada na desconfiança, onde a manipulação das narrativas não visa apenas enganar, mas anular a própria capacidade de distinguir entre verdade e falsidade. Esse estado de confusão fragiliza os vínculos sociais, mina a ética e abre espaço para regimes autoritários que se alimentam do descrédito coletivo.
Mas o que acontece com uma comunidade quando a fronteira entre verdade e mentira deixa de existir? Nesse cenário, a perda da confiança transforma-se em descrença generalizada, tornando os indivíduos incapazes de julgar o que é justo ou injusto. A verdade deixa de ser parâmetro, e o bem e o mal tornam-se categorias maleáveis, moldadas pelo poder de quem controla o discurso.
Arendt nos mostra que o maior perigo não é a mentira em si, mas a erosão da confiança pública, que enfraquece a liberdade de pensar. Uma população incapaz de discernir se torna presa fácil de manipulações políticas, econômicas e culturais. Assim, defender a verdade não é apenas um ato de honestidade individual, mas um compromisso ético com a vida em comum, pois dela depende a própria possibilidade de convivência democrática.
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