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Mulheres da Fuvest (8): Júlia Lopes de Almeida - UFRGS resgata seus contos.

A escritora  carioca Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida (1862-1934), era uma mulher à frete do tempo.  Na época dela não se via mulher no ofício de escritora, como também não em muitas outras atividades, claro. Mas ela escrevia em jornais e  em 1887, lançou o livro “Contos infantis”. Ao todo, Júlia Lopes de Almeida escreveu uns 10 romances. Ela era casada com o poeta português Filinto de Almeida (1857-1945), cofundador da ABL.  Júlia foi uma das idealizadoras, ajudou a criar a Academia, mas foi barrada. Quando os "imortais" foram recebendo suas cadeiras, Júlia Lopes foi barrada. Tinha cérebro, talento, idealizou a instituição, mas "infelizmente" sofria de um defeito gravíssimo: era mulher.  Foi substituida pelo marido.  A cadeira número 3 ficou com o poeta português Filinto de Almeida. 

A Fuvest, na tentativa de se desculpar por anos de machismo em que só trazia homens nas suas listas de livros indicados, coloca  Memórias de Martha, que não é seu livro mais famoso, para os vestibulares de 2027/27 e 28.  

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também entendeu a injustiça: Guilherme Barp em sua dissertação de mestrado na Pós-graduação de Letras da instituição, resgatou contos da autora que estavam restritos à imprensa da época. Os vinte contos que o pós graduando conseguiu resgatar, serão reunidos e publicados em livro.

“Não há como falar sobre escritoras do século XIX sem acabar falando de Júlia Lopes de Almeida, já que ela foi a maior escritora desse período” , diz Guilherme Barp, autor da dissertação e resgate dos textos da autora.



https://www.ufrgs.br/ciencia/resgate-de-contos-de-julia-lopes-de-almeida-e-ato-de-devolucao-da-autora-a-literatura/

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