Pular para o conteúdo principal

Machado de Assis, no Itaú Cultural de São Paulo

      Quem estiver em São Paulo não pode perder a  Ocupação Machado de Assis.  Vai até o dia 4 de fevereiro e tem acesso gratuito, sem agendamento e sem necessidade  de pegar ingressos on line. É só chegar. 

     Vale conhecer ou saber mais sobre o grande escritor brasileiro.   



     A Ocupação traz documentos que contam a vida e a obra do romancista, dramaturgo, poeta, cronista e bruxo (do Cosme Velho), entre manuscritos, primeiras edições dos seus livros, fotos, cartas e itens da biblioteca pessoal de Machado (um escritor se explica por aquilo que lê?). Conta também com leituras de textos seletos do autor, feitas pelas atrizes Aysha Nascimento, Carlota Joaquina e Cleide Queirós e pela cantora Juçara Marçal.

     Se ainda não está convencido, dificílimo leitor, advertimos que a mostra reúne algumas das traduções que levaram as histórias de Brás Cubas e Quincas Borba, Bentinho e Capitu ao redor do globo (e, de fato, mostramos esse alcance internacional em um globo). Ainda mais, exibimos depoimentos de jovens estudantes – que leram e discutiram o conto “O caso da vara” com o professor Alcides Villaça – sobre como os afetou ler Machado.

     Ao visitante da Ocupação, portanto, as batatas. E também uma publicação impressa, na qual provocamos autores a revisitar Machado. Micheliny Verunschk, Esmeralda Ribeiro, Ana Paula Maia e Marco Lucchesi comparecem com reinvenções dos personagens do Bruxo; já Cidinha da Silva analisa as questões raciais num dos contos do escritor. Por fim, o pesquisador Henrique Marques Samyn proporciona uma visão geral da obra machadiana.

     E a você, leitor persistente – que nestes tempos de internet atravessa incansável quatro parágrafos de informação –, em vez de piparotes, esta dica: visite igualmente o site da Ocupação, disponível a partir da abertura da exposição. Nele você acessa conteúdos exclusivos: a aula completa sobre “O caso da vara”, entrevistas com especialistas sobre a obra de Machado e novas reinvenções de criações suas – assim como parte do material da mostra.

(Se ficou curioso sobre as brincadeiras deste texto, elas vêm de Memórias póstumas de Brás Cubas – graves e frívolos, piparotes – e Quincas Borba – “ao vencedor, as batatas”.

Ocupação Machado de Assis

abertura
sábado 18 de novembro de 2023
às 11h 

visitação
de 18 de novembro de 2023 a 4 de fevereiro de 2024

endereço: Avenida Paulista 149


Comentários

  1. Nós vamossssss! Eu não poderia perder estar ao lado das memórias do meu autor preferido e sabidamente, um dos maiores contistas do mundo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

comentários ofensivos/ vocabulário de baixo calão/ propagandas não são aprovados.

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Os Dentes do Jacaré, Sérgio Capparelli. (poema infantil)

De manhã até a noite, jacaré escova os dentes, escova com muito zelo os do meio e os da frente. – E os dentes de trás, jacaré? De manhã escova os da frente e de tarde os dentes do meio, quando vai escovar os de trás, quase morre de receio. – E os dentes de trás, jacaré? Desejava visitar seu compadre crocodilo mas morria de preguiça: Que bocejos! Que cochilos! – Jacaré, e os dentes de trás? Foi a pergunta que ouviu num sonho que então sonhou, caiu da cama assustado e escovou, escovou, escovou. Sérgio Capparelli  CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983. Leia também: Velho Poema Infantil , de Máximo de Moura Santos.