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Nobel de Literatura 2020: Louise Gluck

       


A poeta americana de Nova York foi escolhida Nobel de Literatura em 2020 "por sua voz poética inconfundível que, com beleza austera, faz universal a existência individual", segundo o presidente do comitê do prêmio, Andres Olsson.  

Louise Gluck, é professora na Universidade de Yale, Connecticut, já havia ganho o Pulitz (1993) e recebido  a National Humanities Medal, do presidente Obama em 2016.

Infelizmente ainda não existe edição brasileira dos livros de Louise Gluck, quem quiser conhecer a professora novaiorquina, estes são os livros já publicados em inglês:

Veja abaixo dois poemas de Louise Gluck traduzidos pela desenhista e tradutora Camila Assad

A Íris Selvagem, Louise Glück

"No final do meu sofrimento
havia uma saída.

Me ouça bem: aquilo que você chama de morte
eu me recordo.

Mais acima, ruídos, ramos de um pinheiro se movendo.
Então, nada. O sol fraco
cintilando sobre a superfície seca.

É terrível sobreviver
como consciência,
enterrada na terra escura.

Então tudo acabou: aquilo que você teme,
se tornando
uma alma e incapaz
de falar, encerrando abruptamente, a terra dura
se inclinando um pouco. E o que pensei serem
pássaros lançando-se em arbustos baixos.

Você que não se lembra
da passagem de outro mundo
eu te digo poderia repetir: aquilo que
retorna do esquecimento retorna
para encontrar uma voz:

do centro de minha vida veio
uma vasta fonte, azul profundo
sombras na água do mar azul. "


Confissão , Louise Glück 

"Dizer eu não sinto medo –
Não seria honesto.
Sinto medo da doença, da humilhação.
Como todo mundo, tenho os meus sonhos.
Mas aprendi a escondê-los,
Para me proteger
Da realização: toda felicidade
Atrai a fúria das Sinas.
Elas são irmãs, selvagens –
No final, não há
Emoção, mas inveja."

Fontes: CNN, Estadão e G1
Imagem dos livros: Henriq Montgomery/Reuters
Imagem da Louise Gluck: Diário do Centro do Mundo


Comentários

  1. Obrigado por me proporcionar esse primeiro contato com essa Nobel!

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  2. Neste blog, tem também todas as ganhadoras do Nobel de Literatura. Agradeço a sua visita, Anderson. Abraço.

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