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Príncipes da poesia (2)

O Segundo príncipe dos poetas brasileiros, escolhido em votação organizada pela revista carioca FonFon, é Alberto de Oliveira, poeta parnasiano de Saquarema- RJ.











 Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

 Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa. 



Veja também o príncipe da poesia número 1 clicando aqui

Comentários

  1. Gosto muito dele. Engraçado o hábito dos títulos de Principe ... Revela uma época... bj. Ladyce

    ResponderExcluir
  2. Ladyce,
    Apesar da trabalheira de fazer blog, durante todo esse tempo me diverti e, mais que isso, aprendi e descobri muita coisa. Esse autor é um dessas descobertas felizes.
    A revista FonFon prestou um bom serviço à sociedade da época.
    Em tempo, o Fonfon era uma ironia à grande quantidade de carros que circulava no RJ. Parece tão engraçado atualemente, não?
    Abraço.

    ResponderExcluir

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