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O Livro Mais Velho Da Minha Estante

     Postei aqui sobre a devolução de um livro 105 anos depois da data agendada.  O livro estava em muito bom estado e isso me chamou a atenção.   Tenho toda a obra de Olegário Mariano, que comprei em 3 sebos e são os livros mais velhinhos que tenho em minha estante. Dois deles foram, em algum momento,  reencadernados com capa dura o que demonstra  que alguém deu importância ao objeto.       Outro chegou literalmente caindo aos pedaçõs. Para conseguir ler improvisei uma capa, que me permitisse manuseá-lo sem acabar de rasgar.    O interior do livro relativamente bem conservado. Quem leu não fez nenhum risco, orelha de burro, nada! O vol. 2 da coleção *  veio com capa dura. Para quem tem 67 anos, em ótimas condições. De saída chama a atenção a palavra "tôda" ainda escrito com acento.  Era assim  naquela época!! * Olegário Mariano escreveu vários livros e em 1957 a Ed. José Olympio reunião em 2 volumes.  São esses idosos que estão na minha estante.      Amiga do grupo de leitur
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A Mulher Que Caiu do Céu, Luís Fernando Veríssimo

  1. A mesma ladainha       Começo do dia no apartamento da família Vieira. Dona Margarida, a mãe, acordou mais cedo do que os outros e tenta botar as coisas em movimento, como faz todos os dias. Chama o marido: — Zé Roberto, olha a hora. Chama a filha: — Michelle, tá na hora, minha filha. Chama o filho: — Duda, acorda. Ninguém se mexe. Margarida tem uns 38 anos, Zé Roberto, quarenta e poucos. Michelle, 16, Duda, 11. O apartamento é pequeno, de classe média, mas tem três quartos. Da cozinha, onde começou a preparar o café, Margarida grita: — Zé Roberto, não é hoje que você tem uma reunião na firma? Olha a hora. Margarida entra no quarto do Duda e sacode seu pé. — Duda, tá na hora. Vamos, meu filho. Duda só rosna. Margarida entra no quarto da Michelle e também a sacode. — Michelle, levanta. Aproveita que o banheiro está livre. Michelle só rosna. Margarida volta para o quarto do casal: — Zé Roberto, sua reunião não é importante? Zé Roberto produz uma frase ininteligível. Margarida: — Pel

Com 105 Anos de Atraso Livro É Devolvido à Biblioteca

  Após mais de 100 anos de atraso, um romance clássico foi devolvido a uma biblioteca do estado do Colorado. Se o sistema bibliotecário ainda impusesse multas por atraso,  a taxa pela devolução da obra chegaria a milhares de dólares .  Segundo relatado pelo NY Post, o  romance histórico 'Ivanhoe' , do escritor escocês  Walter Scott , foi deixado na  Biblioteca Poudre  105 anos depois do dia marcado para ser devolvido; originalmente a devolução ocorreria em 13 de fevereiro de 1919. A obra foi deixada no local somente no início deste mês, por uma mulher que não se identificou. O livro foi encontrado por seu irmão enquanto ele vasculhava os pertences de sua mãe no Kansas, informou a biblioteca em um comunicado à imprensa.  Quando o livro foi pego na biblioteca, os Estados Unidos era presidido por  Woodrow Wilson . Nessa época, a multa por livro vencido  era de dois centavos de dólar por dia. Caso fosse necessário enviar um mensageiro para recolher o livro, o infrator ainda ficaria

Brasil na Feira do Livro Infantil de Bolonha - ed. 2024

A feira de Bolonha é o mais importante evento de literatura voltada para  crianças e jovens e o Brasil teve sua melhor participação:  levou 23 editoras e recebeu premiações. Renato Moriconi ( Taboão da Serra -SP) e  Henrique Coser Moreira ( Curitiba -PR)   foram nossos destaques.  Renato Moriconi fez o melhor livro infantil para bebês. Dia de Lua ( Ed. Jujuba). O júri do prêmio destacou o cuidado com cada detalhe gráfico, como a capa sem título, os cantos arredondados e a paleta de três cores (azul, branco e preto). Entre os pontos ressaltados, também estavam a criatividade e a mistura de elementos. Além disso, o júri elogiou a proposta de narrar o dia da lua, a qual exerce funções diferentes para além de iluminar o céu, transformando-se em rede, guarda-chuva, chifre de rinoceronte e outros. “A pureza do design gráfico do livro cativa os leitores nesta jornada diurna/lunar magistralmente executada”. ( Estadão)      Outro brasileiro, um jovem curitibano, foi premiado como ilustrador.

Parlenda, Guimarães Rosa

Papagaio foi à caça voltou para Portugal ausência de verdes matas extinta raça real. Deu voz de um príncipe louro viagem por bem e mal. Deixou-me suas palavras apenas, no vegetal caladas; ouro e segredo um castelo e um coqueiral. Mas a vida que me herdaram viver, é bem desigual — velas no mar, um degredo e a saudade: azuis e sal. Que eu sofra noites florestas e minha culpa, por al. – João Guimarães Rosa, do livro “Ave, palavra”. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 6ª ed., 2009. §

Aqui Não É Banheiro, Ronaldo Wrobel

Me deparei com isto num posto de gasolina antes de viajar de uma cidade para outra. Passei 1:30h na estrada indagando se não seria mais fácil escrever "banheiro" na outra porta (caso ela fosse efetivamente um banheiro, é lógico). Com isso, a porta da esquerda - presumivelmente sem nada escrito - estaria isenta da suspeita de ser banheiro. Além do mais, avisar que "aqui não é banheiro" não gera a presunção óbvia de que a outra porta seja banheiro, haja vista a falta do artigo definido "o". Teríamos outro cenário se o aviso informasse que "aqui não é 'O' banheiro". Do jeito que está, é lícito supor que nenhuma das duas portas leve necessariamente a algum banheiro ou até mesmo que o posto de gasolina sequer tenha banheiro. O aviso passa a sensação de legítima defesa, como a criança que adverte "não fui eu" para acusar outra (ou outras) de alguma imputação potencialmente condenatória. Mas ser banheiro não é demérito para n

Agora, Fome, Não Tinha. Ziraldo ( Ziraldo para adultos - 1)

  Eu acho que o mundo era justo naquele tempo — e olha que foi ontem! Seo Zé da dona Rita morava no pé da serra — tinha uma situação lá — e criava uns porcos pro meu pai: capado à meia. Eu me lembro que ele chegava lá em casa e informava ao dono dos porcos — o capitalista — que tinha matado o porco. Nem perguntava se podia. Matava. E trazia a banda que nos cabia. Como era ele que criava o porco — numa relação de capital e trabalho — a banda melhor ficava com ele: o bucho, os miúdos, as tripas para linguiça, o sangue para murcia. O capitalista ficava com a banda lisa. Pode? Desde quando a melhor parte fica para quem trabalha? Em Caratinga, Minas, era assim, quando eu era menino e tem pouco mais de quarenta anos. Minha mãe gostava de falar dessas mudanças. Diante das tristes notícias dos jornais, ela dizia: “No meu tempo, fome era só vontade de comer”. A região onde morávamos era muito fértil mas pobre (só hoje percebo isso, pois, voltando lá, vejo a precariedade das velhas sedes das faz