na salga
à tona do seu mar de secura
golpes brancos de sol
esvaziam as coisas dos seus núcleos
na salga
as cores mortas nos ossos
reduzem também os homens
a uma agonia de escamas
na salga
sono do kisalale sobre os tectos
não chama sonhos
tem o tempo
de sua fibra insegura
na salga
faz sede
o sangue seca
e as escamas cobrem os homens
ao sol
e é nesse lugar
na cal dos ossos
no seu chão de sal
que as crianças brincam com a vida.
enterram os rostos na areia
e depois riem
com os olhos húmidos.
Arnaldo Santos: Nasceu na Ingombota,
em Luanda. Foi um dos integrantes do Grupo de Cultura na década de 1950 .
Entre 1959 e 1960, morou em Portugal, onde
recebeu a influência de Amílcar Cabral, Castro Soromenho, Mário Pinto de
Andrade e de autores marxistas .
Trabalhou na revista Novembro e no Jornal
de Angola. Colaborou também com as revistas Cultura, ABC e Mensagem
(revista dos estudantes da Casa do Império).
Publicou poesias no jornal O Brado Africano.
Seu primeiro livro foi a coletânea de poemas Fuga, em 1965. Estreou na
ficção com o livro de contos Quinaxixe. A consagração veio em 1968, com
as crônicas reunidas em Tempo de Munhungo, obra vencedora do Prémio Mota
Veiga.
Após a independência
de Angola, foi diretor do INALD (Instituto Nacional do Livro e do Disco) e do
IAC (Instituto Angolano do Cinema). Foi um dos fundadores da União dos
Escritores Angolanos.
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