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Mostrando postagens de outubro, 2024

O Prefeito Escritor, sinopse da Amazon sobre livro de Graciliano Ramos

     Ainda não li o pequeno. Sei que é conciso e objetivo porque Gaciliano Ramos escrevia assim.  Ah, O Prefeito Escritor tem apenas 96 páginas.  Pelo que conheci (de leitura) de sua administração, acho que o livro devia ser obrigatório para todos os eleitores independente de partido. por que eleitores e não políticos?  Por a estes não interessa ser bom gestor. O eleitor é que deve ter plena consciência do que cabe ao prefeito, do que esperar dele e do que lhe cobrar. O eleitor é o único responsável por ter maus gestores e representantes.   Por isso ao eleitor, repito, de qualquer partido recomendo a leitura.    Segue a sinopse:  “Evitei emaranhar-me em teias de aranha”, registrou Graciliano Ramos em um dos relatórios dirigidos ao governador do estado de Alagoas, datado de 1929. Em  O prefeito escritor: dois retratos de uma administração , temos um vislumbre do futuro escritor ainda na época em que era político emergente, prefeito de Palmeira dos Índios, pequeno munícipio situado no

Eva Tinha Celulite? crônica de Antonio Prata

     Quando Deus criou Adão e Eva, os fez meio tapados. Colocou os dois peladões naquele enorme jardim e disse: "Ó, fiquem aí, numa boa. Podem comer todos os frutos, nadar nos rios, fazer o que der na telha, menos uma coisa: comer do fruto daquela árvore ali". Se eles comessem o tal fruto, perderiam a inocência e descobririam outras atividades interessantes para se fazer pelados, além de comer pitangas e tomar banhos de cachoeira.      Como se sabe, a cobra ofereceu a fruta a Eva, que a mordeu e deu para Adão ( a fruta, que fique bem clato). Assim que os dois comeram, perceberam que estavam nus e se envergonharam. Cobriram-se com folhas de parreira e uma semana depois, em todas as bancas do Jardim do Éden, podia-se ler na capa de primeira revista feminina da história: "10 maneiras hipertransadas de usar folhas de parreira para arrasar nesse verão!" ( se você achou "hipertransadas"e "arrasar" meio ridículo, lembre-se de que a edição e de milhões d

Vamos Pensar? Você sabe o que é Guardar?

G uardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma.  Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro Do que pássaros sem voos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. Antônio Cícero Correia Lima  - foi um compositor, poeta, crítico literário, filósofo e escritor . Ocupante da cadeira 24  da Academia Brasileira de Letras.   O acadêmico Antônio Cícero, através de eutanásia faleceu dia 23 de outubro em Zurique.  O autor de vários poemas musicad

História de Passarinho, conto de Lygia Fagundes Telles

      Um ano depois os moradores do bairro ainda se lembravam do homem de cabelo ruivo que enlouqueceu e sumiu de casa.      Ele era um santo, disse a mulher levantando os braços. E as pessoas em redor não perguntaram nada e nem era precisao, perguntar o que se todos ja sabiam que era um bom homem que de repente abandonou a casa, emprego no cartório, o filho único, tudo. E se mandou Deus sabe para onde.      Só pode ter enlouquecido, sussurou a mulher, e as pessoas tinham que se aproximae inclinando  a cabeça para ouvir melhor. Mas de uma coisa estou cert, tudo começou com aquele passarinho. Que o homem ruivo não saboa se era canário ou um pintassilgo, Ô! Pai, caçoava o filho, que raio de passarinho é esse que você foi arrumar?!      O homem ruivo introduzia o dedo entre as grades da gaiola e ficava acariciando a cabeça do passarinho que por essa época era um fihote todo arrepiado, escassa a plumagem amarelo-pálido com algumas peninhas de um cinza claro.      Não sei, filho, deve ter

Paulina Chiziane a Moçambicana Cátedra da Universidade da Polônia

  A escritora moçambicana Paulina Chiziane está a caminho de Varsóvia, na Polónia, para inaugurar a Cátedra Paulina Chiziane, um marco significativo na promoção da literatura africana no cenário internacional. Nomeada em sua homenagem, a cátedra reconhece a vasta contribuição da autora para a literatura moçambicana e seu papel na defesa da identidade cultural e das vozes femininas, oferecendo um espaço dedicado ao estudo da literatura como meio de construção de identidades culturais, sociais e de gênero. Este evento destaca a importância da literatura como ferramenta para expressar as complexidades humanas, especialmente em sociedades pós-coloniais, e reafirma a visão de Chiziane de que a escrita vai além da arte, servindo também para redefinir identidades e promover o diálogo intercultural e a reflexão crítica sobre o mundo contemporâneo. (Fonte: Revista da Lusofonia) A escritora, primeira mulher negra ganhadora do Prêmio Camões) tem vários livros editados no Brasil : Balada de Amor a

A Mulher Que Só Queria Comer Cores, texto de Ignácio Loyola Brandão

     Entre minha estada num apartamento no Pari e a ida para a alameda Itu, morei alguns dias numa pensão de estudantes na rua Arthur Prado, no Bexiga. Nas primeiras semanas de São Paulo, até mesmo pegar o bonde que descia a avenida Brigadeiro Luís Antônio e me deixava na praça das Bandeiras, próximo ao Teatro de Alumínio, era excitante, aventura. Tudo novo, descobertas. Mais tarde soube que até Olavo Setúbal, o megabanqueiro, usava na juventude o mesmo bonde para ir à Politécnica. O Bexiga já era bairro de casas senhoriais deterioradas pelo tempo, muitas delas transformadas em coriços, outra em pensões baratas, lojas de material de construção, de móveis usados, de tecidos também baratos.      A casa da Arthur Prado tinha uma atração. Pelas janelas, à noite, podia-se praticar o voyeurismo, porque na casa ao lado morava uma das mais belas estrelinhas do cinema brasileiro, a francesa Anik Malvil, que muitas vezes foi certinha do Stanislaw Ponte Preta.      As certinhas, mulheres em biqu

Vamos Pensar?

 

10 Livros Mais Vendidos na Flip 2024

  João do Rio :  o autor mais vendido na última Flip. O livro  Alma Encantadora das Ruas , que reune crônicas escritas ente 1904 e 1907 e editado em 1908, oferecido por duas editoras diferentes foi o livro mais vendido da Feira Literária de Parati. Bateu curiosidade? Bateu. Eu nunca li João do Rio. Nas crônicas o autor  percorre as ruas do Rio de Janeiro para reter a "cosmópolis num caleidoscópio". A cidade vivia um processo de transformação acelerada, passando de corte modorrenta a ambiciosa capital federal. Ela será o palco das perambulações de João do Rio, o dândi para quem o hábito de flanar definia um modo de ser e um estilo de vida. João do Rio saturava seus textos de reminiscências decadentistas, mas o olhar que fixava no presente era o de um observador que se abria para os tempos modernos. (Amazon) Os outros livros mais vendidos foram: A Mais Recôndita Memória dos Homen s , Mohamed Mbougar Sarr (Senegal) Quero Estar Acordado Quando Morrer , Atef Abu Saif (Jibalia, F

Mationã, crônica de Rachel de Queiroz

     Ele chegou num avião da FAB, mandado pelos rapazes da Proteção aos Índios, numa derradeira tentativa de salvação. É um dos pouquíssimos remanescentes de uma tribo que se acaba - fala-se em meia dúzia de indivíduos - os turumais.      Mationã, o índio, tem uns oito anos; pareceia um bichinhonmoribundo quando o vi pela primeira vez, deitado num leito branco, de uma magreza espantosa, o olhar vidrado, comatoso, um gemido monocórdio lhe saindo da boca chagada de febre, a mãozinh seca feito uma garra de pássaro abrindo-se e fechando no ritmo do gemido. Segurei-lhe a mão e ele cerrou com força os meus dedos. Gemeu mais alto. Sei que saí dali chorando.      No dia seguinte passávamos pelo hospital, vimos uma luz no necrotério. O doutor ao meu lado calculou que seria o índio. Mas não era. Semana atrás semana, parecia ainda que seria ele o ocupante da sinistra capelinha; nunca se viu um ataque tão violento de febre maligna num corpinho tão débil. Mas terá sido o interesse apaixonado dos mé

A Corrida da Vida, poema de Braulio Bessa

Na corrida dessa vida é preciso entender  que você vai rastejar,  que vai cair, vai sofrer  e a vida vai lhe ensinar que se aprende a caminhar e só depois a correr. A vida é uma corrida  que não se corre sozinho.  E vencer não é chegar,  é aproveitar o caminho sentindo o cheiro das flores e aprendendo com as dores causadas por cada espinho. Aprenda com cada dor, com cada decepção, com cada vez que alguém lhe partir o coração. O futuro é obscuro  e às vezes é no escuro que se enxerga a direção. Aprenda quando chorar  e quando sentir saudade, aprenda até quando alguém lhe faltar com a verdade. Aprender é um grande dom. Aprenda que até o bom  vai aprender com a maldade. Aprender a desviar  das pedras da ingratidão, dos buracos da inveja,  das curvas da solidão, expandindo o pensamento fazendo do sofrimento  a sua maior lição. Sem parar de aprender, aproveite cada flor, cada cheiro no cangote, cada gesto de amor, cada música dançada e também cada risada, silenciando o rancor. Experimente

Gato na Noite, poema de Alceu Valença

Sou como um gato na noite. Ah, meus olhos de vigia! Se choram de madrugada, Deságuam no meio dia E o coração se incendeia, No leito das minhas veias, Chuva de olho é sangria. Se eu cruzasse a madrugada Sem pensar no outro dia, Sem fazer acrobacias Pra me equilibrar no tempo... Se girasse um cata-vento Eu mudava a geografia, Meus olhos de vigia Enxergam não podem nada E o coração seca em água Chuva de olho é sangria Em: O Poeta da Madrugada, Alceu Valença, Chiado Editora, 2015, pág.35

Nobel de Literatura de 2024: Han Kang

      Han Kang, sul coreana da cidade de Gwahgju é a mais nova ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura.             A autora dos livros A Vegetariana , Atos Humanos e O Livro Branco , foi agraciada  por sua "intensa prosa poética que confronta traumas históricos eexpõe a fragilidade da vida humana", segundo a academia sueca. Han Kang é a décima oitava mulher ganhadora do Nobel de Literatura.  Leia aqui   quem são as mulheres que receberam o Prêmio Nobel de Literatura até hoje.

Valter Hugo Mãe Não Voltaria Inteiro a Portugal Se Fosse Impedido de Entrar No Brasil

     Valter Hugo Lemos, mais conhecido como Valter Hugo Mãe (1971, Saurimo, Angola) cresceu acreditando que jamais chegaria aos 18 anos de idade. Filho único de uma família pobre —nasceu depois de que o irmão Casimiro morresse com um ano e meio—, em uma cidade periférica, Hugo Mãe foi "resistindo" vida afora, em suas próprias palavras. Ao chegar à idade adulta (frustrando as próprias expectativas) e tornar-se escritor, acreditava que jamais venderia livros suficientes para pagar as contas. “Sempre quis trabalhar perto da cultura. Achei que poderia trabalhar numa livraria ou como porteiro de um teatro e isso estaria bem para mim, porque eu escreveria sempre, mas pensava que talvez seria um poeta pouco lido, como são normalmente os poetas, lutando para conseguir editar os meus livros e seguindo assim, escondido”, diz. Nada mais longe da realidade.      Hoje, com mais de 30 livros publicados, entre romances, poesia e literatura infantil, e detentor do Prêmio Saramago de Literat