Chorava o menino. Para a mãe, coitada, Jesus pequenito, De qualquer maneira (Mães o sabem…), era Das entranhas dela O fruto bendito. José, seu marido, Ah esse aceitava, Carpinteiro simples, O que Deus mandava. Conhecia o filho A que vinha neste Mundo tão bonito, Tão mal habitado? Não que ele temesse O humano flagício: O fel e o vinagre, Escárnios, açoites, O lenho nos ombros, A lança na ilharga, A morte na cruz. Mais do que tudo isso O amedrontaria A dor de ser homem, O horror de ser homem, — Esse bicho estranho Que desarrazoa Muito presumido De sua razão; — Esse bicho estranho Que se agita em vão; Que tudo deseja, Sabendo que tudo É o mesmo que nada; — Esse bicho estranho Que tortura os que ama; Que até mata, estúpido, Ao seu semelhante No ilusivo intento De fazer o bem! Os anjos cantavam Que o menino viera Para redimir O homem — essa absurda Imagem de Deus! Mas o jumentinho, Tão manso e calado Naquele inefável, Divino momento, Esse bem sabia Que inútil seria Todo o sofrimento No Siné
Já baixei no kindle A vegetariana. Estou devorando.
ResponderExcluirTenho os três dela no kindle, mas ainda não comecei. Estou terminando A Hora dos Ruminantes, depois dele começo.
ExcluirA vegetariana é pesado. Psicológico. Introspectivo. Me lembrou um pouco O estrangeiro do Camus. O livro vai se revelando aos poucos. A escrita é precisa, sem enrolação embora eu tenha lido traduzido do inglês. Dizem que traduzido direto do coreano é melhor. Sempre bom ler novos autores. Quero prosseguir com ela. Um beijo, querida.
ResponderExcluirEu parei. Pra respirar li um levinho volto hoje com A Vegetariana. O meu também é tradução do inglês.
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