"Pai, a mãe não resistiu", "Pai, ela acaba de partir em definitivo, "Papai, a mamãe morreu", na cabeça, cada um dos oito filhos ensaiava uma forma possível para se dizer o indizível ao velho: que nossa mãe, sua companheira, estava morta. Enquanto preparavam o corpo dela para o enterro, os irmãos se entreolharam e decidiram ir todos pra casa dos pais, onde o velho esperava, aos noventa, novidades sobre o estado de saúde da mulher, internada uma semana atrás. Em torno da antiga mesa de jantar, juntos, dariam ao velho o pior de todos os boletins. Ao ver os filhos chegando e se colocando de olhos vermelhos e em peso em torno da grande mesa, o pai foi se inquietando e passou a repetir a pergunta, cada vez em um tom acima: cadê Etelvina? cadê Etelvina? cade Etelvina? Descrente no que lhe dizíamos, recusava-se a acreditar e insistia, mas agora já em tom choroso, resignado, abaixo: cadê Etelvina? Com o trauma do anúncio da morte daquela com quem con