Teoricamente o Simpatia é a autoridade máxima do lugar, mas a verdade pura e simples é que esse D. Estêvão não manda muito. Mas ele precisa de um derivativo para essa frustração, e os senescas de Vasabarros, seus ministros, permitem que ele faça alguma coisa: que mende gente humilde para os castigos do tico-tico, do diagrama, do triângulo, da barrica e até da barrica-com-araponga.
Vale a pena conhecer também o senesca bate-pau Gregóvio, o homem sem pescoço, que toma chá de cavaco, gosta de aplainar tabuinhas de jacarandá e é tão forte que imobiliza um cavalo segurando-o pelo rabo. É preciso ter cuidado com Gregóvio, pois ele é cruel, matreiro e tem um olho nos símbolos do poder.
E tem a Simpateca, mulher do Simpatia., que também vive fristrada porque percebeu que o casamento com D. Estêvão foi um erro trágico, mas nada pode fazer para consertar o erro, nem pode mostrar que está sabendo das coisas. A salvação de Simpateca é a excentricidade planejada, a irreverência contra o Simpatia e o gosto por árias de óperas.
Enquanto as realidades do poder se manifestam, os dois filhos do casal real - Andreu,o futuro Simpati, e Magnólia, a princesa triste -passeiam sua inocência e sua perplexidade pelos corredores e porões de Vasabarros, sem compreender o que fazem ali, nem porque aquilo existe.
Do outro lado de espectro estão o senesca Zinibaldo, homem correto e idealista; o menino Genísio, pivô involuntário de um episódio momentoso; os conspiradores do Quilombo do Calabouço; Benjó, o cavalariço apaixonado por um par de botas vermelhas.
A história aqui relatada, mero episódio de longa crônica d Vasabarros e de sua dinastia, começa num dia de cerimônia anual do Enxoto da Aranhas, no simpatiado de D. Estêvão IV, que corresponde mais ou menos aos anos 60-70 de nosso sóculo e termina com a gravidez d Magnólia, ou melhor, se interrompe, porque nenhuma história termina jamais; apenas muda de rumo, ou de cenário, ou de personagens.
Divirtam-se então com a história de Vasabarros e sua gente, mas sem esuecer que se trata de uma história passada em outra dimensão que não a nossa. Graças a Deus nada temos a ver com aquele mundo distante, obsoleto e anacrônico.
Orelhas da edição de 1983. Ed. Difel, São Paulo
Aquele Mundo de Vasabarros José J. Veiga. Editora Difel, São Paulo 1983.
Carumbá (GO) 1915 <-> Rio de Janeiro (RJ) 1999
Goiano! Nosso orgulho. Leia também o de contos, um pouco difícil de entrar mas depois a gente pega, Os cavalinhos de Patiplanto. O próximo dele q vou ler é A hora dos ruminantes.
ResponderExcluirBeijo, Rê.
Ass. Natascha
Olá, Natascha. Gostei dessa distopia de José J. Veiga. Tenho A Hora dos Ruminantes que você indicou. Está na fila para leitura. Obrigada pela participação.
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