Pular para o conteúdo principal

Livro Encalhado Nunca Mais.



          Quando meus filhos ainda eram crianças, comprei uma pequena estante de livros. Era uma promoção de uma editora renomada. A pequena estante, em madeira, de aproximadamente 55cm vinha com alguns livros. Sim!  Era estante COM livros. Infantil e adulto. 
      Lembro que todos foram lidos por eles, sendo que os exemplares do Manual do Escoteiro Mirim fizeram mais sucesso. 
     De minha parte ficou um, Babbit de Sinclair Lewis, que jamais consegui chegar à metade.     Com o passar dos anos todos foram doados. 
       Segundo Austin Kleon, um dos segredos para ler muitos livros é não insistir em um que não esteja agradando. Na matéria que li aqui,  ele até sugere jogar  o livro na parede. 
       Não cheguei a tanto com Babbit. Deixei o exemplar  num banco de  praça no bairro da Torre. Há muito tempo adotei o hábito de deixar livro lido em lugares públicos para que alguém leve e leia também.   Afinal, por que guardar livro lido?        
       Por que mesmo a gente compra e não lê, mas guarda?  Sobre isso, o jornal El País trouxe matéria mostrando inclusive alguns livros encalhados em estantes.   Também a esse respeito o LivroErrante, mostrou o resultado de um estudo divulgado pela BBC, com os livros mais vendidos, porém menos lidos.  São os mais menos.
Agora, dá licença que vou deixar em lugar público um livro que eu li....


Os Componentes da Banda, Adélia Prado  acaba
de ser deixado numa mesa do quiosque La Vita è Bella no supermercado Bompreço da Benfica - Recife.


Gostaria de, um dia, saber que alguém leu e passou adiante.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di...

Vamos pensar? (18)

Será que às vezes o melhor não é se deixar molhar?  

O Mendigo do Viaduto do Chá, Regina Ruth Rincon Caires

     A moeda corrente era o cruzeiro. A passagem de ônibus custava sessenta centavos. O ano era 1974.       Eu trabalhava no centro da cidade, em um banco que ficava na Rua Boa Vista. Morava longe, quase ao final da Avenida Interlagos, e usava diariamente o transporte coletivo. Meu trabalho, no departamento de estatística, resumia-se a somar os números datilografados em planilhas e mais planilhas fornecidas pelas agências do banco. Somas que deveriam ser checadas, e que eram efetuadas nas antigas calculadoras elétricas com suas infernais bobinas, conferidas e grampeadas nas respectivas planilhas. Não fosse o café para espantar o sono durante as diárias e rotineiras oito horas de trabalho, nenhuma soma teria sido confirmada.