Pular para o conteúdo principal

Quem falou do LivroErrante??

Literatura pelo caminho (matéria de Beatriz Castro- Jornal Nacional 26/10/2007)


Livros deixados propositalmente em lugares públicos, em Pernambuco, estão ajudando cidadãos a descobrir um novo mundo. Veja na reportagem de Beatriz Castro.
A dona de casa do Recife, Regina Porto, resolveu deixar livros pelo caminho. Uma aventura solitária em busca de novos leitores onde menos se espera. “Deixei em estacionamento de supermercado, igreja”.
Apaixonada pelos livros desde menina, há dois anos ela e um grupo de amigos de cinco estados começaram a espalhar os chamados livros errantes, destinados a circular entre o maior número possível de leitores. No banco da praça, em pouco tempo, o livro ganha um novo dono. A estudante Mônica Nascimento lê o recado que ele traz.
“Este livro não lhe pertence. Foi deixado aqui para que você leia. Pode levar, depois de ler não guarde, deixe novamente num lugar público para que seja lido por outra pessoa”.
E mais um livro errante segue sua trajetória...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di...

Vamos pensar? (18)

Será que às vezes o melhor não é se deixar molhar?  

O Mendigo do Viaduto do Chá, Regina Ruth Rincon Caires

     A moeda corrente era o cruzeiro. A passagem de ônibus custava sessenta centavos. O ano era 1974.       Eu trabalhava no centro da cidade, em um banco que ficava na Rua Boa Vista. Morava longe, quase ao final da Avenida Interlagos, e usava diariamente o transporte coletivo. Meu trabalho, no departamento de estatística, resumia-se a somar os números datilografados em planilhas e mais planilhas fornecidas pelas agências do banco. Somas que deveriam ser checadas, e que eram efetuadas nas antigas calculadoras elétricas com suas infernais bobinas, conferidas e grampeadas nas respectivas planilhas. Não fosse o café para espantar o sono durante as diárias e rotineiras oito horas de trabalho, nenhuma soma teria sido confirmada.